Retiro quaresmal do Papa

Frei destaca pontos comuns da fé entre Oriente e Ocidente

Cantalamessa destacou que é hora de deixar de insistir nas diferenças e juntar o que se tem em comum e une em uma única fé

Da Redação, com Rádio Vaticano

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Frei Raniero Cantalamessa, pregador oficial da Casa Pontifícia/ Foto: Arquivo

O Santo Padre iniciou suas atividades, na manhã desta sexta-feira, 6, participando, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, juntamente com seus colaboradores da Cúria Romana, da segunda pregação de Quaresma do Padre Raniero Cantalamessa.

O pregador oficial da Casa Pontifícia meditou sobre o tema: “Dois pulmões, um só respiro: Oriente e Ocidente perante o mistério da Trindade”.

O frei capuchinho recordou, no início da sua pregação, a recente visita do Papa Francisco à Turquia, cujo ponto alto foi o seu encontro com o patriarca ortodoxo Bartolomeu. Um momento inédito, que levou à importante exortação ao Oriente cristão e o Ocidente latino a compartilhar plenamente a fé comum.

Este foi o ponto de partida que convenceu o pregador da Casa Pontifícia a preparar suas meditações quaresmais deste ano, atendendo ao desejo do Papa, que reflete também o de toda a cristandade.

Mas este desejo não é uma novidade, uma vez que alguns documentos eclesiais exortam a uma especial atenção às Igrejas orientais e às suas riquezas, como o próprio João Paulo II, escreveu: “Acreditamos que a venerável e antiga tradição das Igrejas orientais é parte integrante do patrimônio da Igreja de Cristo. Os católicos devem conhecê-las e nutrir-se delas, para favorecer o caminho da unidade: são mais as coisas que nos unem do que as que nos dividem”.

O frei explicou que a ortodoxia e a Igreja católica compartilham a mesma fé na Trindade, na encarnação do Verbo, em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que nos deu o Espírito Santo. A Igreja é o seu corpo animado pelo Espírito Santo, e a Eucaristia sua “fonte e ápice da vida cristã”. Enfim, Maria é a Mãe de Deus.

No passado, as relações entre a teologia oriental e a teologia latina se caracterizavam por um notável matiz apologético e polêmico. Cantalamessa destacou que é hora de inverter essa tendência, deixando de insistir obsessivamente nas diferenças, baseadas muitas vezes em uma leitura forçada, quando não deformada, do pensamento do outro; juntar o que temos em comum e o que nos une em uma única fé.

O frei disse que os grandes mistérios da fé são o mistério da Santíssima Trindade, a pessoa de Cristo, a do Espírito Santo, a doutrina da salvação. Segundo ele, a Igreja precisa respirar com dois pulmões e um só fôlego; precisa acolher plenamente a abordagem da ortodoxia à Trindade na sua vida interna, isto é, na oração, na contemplação, na liturgia, na mística; e precisa manter presente a abordagem latina em sua missão evangelizadora.

Cantalamessa exortou a Igreja a encontrar o modo de anunciar o mistério de Deus Uno e Trino com categorias apropriadas e compreensíveis para os homens de cada tempo, como fizeram os padres da Igreja e os concílios antigos.

Para encerrar, destacou um ponto de unidade sem qualquer diferenciação entre Oriente e Ocidente:  o dever e a necessidade de adorar a Trindade. Adorar é reconhecer Deus como Deus e nós como criaturas d’Ele. É “reconhecer a infinita diferença entre o Criador e a criatura”.

O pregador Capuchinho concluiu sua meditação recitando a doxologia que, desde a mais remota antiguidade, é elevada, de modo idêntico, à Trindade do Oriente e do Ocidente: “Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre, nos séculos dos séculos”.

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