Repercussão

Dom Fisichella sobre Carta Apostólica do Papa: "Valor histórico"

Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização explica temas da Carta Apostólica “Aperuit Illis” do Papa 

Da redação, com Vatican News

Arcebispo Rino Fisichella /Foto: Reuters -Alessandro Bianchi

“Temos necessidade de entrar em confidência constante com as Escrituras Sagradas, caso contrário o coração permanece frio e os olhos permanecem fechados, atingidos como somos por inúmeras formas de cegueira”. A afirmação é do presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, arcebispo Rino Fisichella, sobre a Carta Apostólica “Aperuit Illis” – que institui o terceiro Domingo do Tempo Comum como o Domingo da Palavra de Deus.

Íntegra
.: Carta Apostólica “Aperuit illis”

Na carta, o arcebispo destaca que o Papa Francisco explica como a leitura constante da Sagrada Escritura permite abrir os olhos de homens e mulheres para saírem “do individualismo”, sendo também o chave para levar à partilha e à solidariedade. Dom Fisichella ressaltou o “valor histórico” da iniciativa do Pontífice para o amadurecimento do povo cristão, definindo-a como “uma oportunidade pastoral” para revigorar o anúncio neste momento histórico cheio de desafios.

“Esta carta nasce porque o Papa recebeu tantos pedidos de pastores e leigos após o Jubileu da Misericórdia. Então, em sua Carta Apostólica ‘Misericordia et Misera’, na conclusão do Jubileu, ele havia acenado de que nas Igrejas, segundo a própria criatividade – porque muito já é feito a esse respeito – fosse instituído um domingo no qual a Palavra de Deus fosse colocada no centro do coração da vida da comunidade cristã, como sinal unitário e assim, dessa maneira, a força da Palavra de Deus para a comunidade poderia emergir ainda mais, mas também a responsabilidade que a comunidade sente de ter de tornar partícipe por meio de uma ação realmente evangelizadora”, contou o arcebispo.

Dom Fisichella reafirmou a importância dos católicos não esquecerem que em cada domingo se celebra o mistério da presença do Senhor ressuscitado. ” É verdade que todos os domingos escutamos a Palavra de Deus, mas isso não impede que em um domingo a Palavra de Deus possa estar em toda a Igreja, em todas as comunidades cristãs, proclamada com maior solenidade e pode haver uma reflexão particular acompanhada por sinais mais visíveis sobre a importância que essa Palavra tem para a Igreja”, suscitou.

Ecumenismo

Sobre o valor ecumênico do Domingo da Palavra de Deus, o arcebispo explicou: “O Papa escolheu celebrar este domingo no terceiro Domingo do Tempo Comum, quando todas as leituras que são proclamadas no Evangelho apresentam a figura de Jesus como anunciador do Reino de Deus. Não esqueçamos porém que isso ocorre também em um momento temporal em que se celebra, alguns dias antes, o Dia do Diálogo com os Judeus e em seguida é celebrada a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos”. 

Amadurecimento do povo cristão

Dom Fisichella explicou como a Carta Apostólica do Santo Padre é uma espécie de semeadura para o amadurecimento do povo cristão: “O Papa apresenta três imagens bíblicas. A primeira é a de Emaús, que serve ao Papa para fazer as pessoas compreenderem como, por meio da Palavra do Senhor, Ele acompanha a vida de cada fiel, a vida da Igreja e, dessa maneira, queima o coração de cada um de nós quando essa Palavra é proclamada porque fala de Ele”.

O arcebispo prosseguiu: “Depois, há uma segunda imagem, que é o retorno do povo judeu após o exílio e a redescoberta dos livros da lei, portanto a proclamação que é feita: é o livro de Neemias que recorda esse momento histórico do povo judeu. O Papa usa essa imagem para indicar que a Palavra de Deus cria um povo e a Palavra de Deus faz com que as pessoas se sintam reunidas não apenas para ouvir a Palavra, mas também para vivê-la e que a palavra proclamada vivida traz a alegria. A terceira imagem é a do profeta Ezequiel, tirada do livro do Apocalipse, onde o Papa nos explica que a Palavra de Deus é doce, mas ao mesmo tempo é amarga porque às vezes não é acolhida, não é vivida ou é também rejeitada”.

Indicações aos padres e bispos

Além de indicações aos leigos sobre como viver o Domingo da Palavra de Deus, o Pontífice fez indicações também aos sacerdotes e bispos. Dom Fisichella reforça o que para o Santo Padre é fundamental: o valor da homilia. “Ele [Papa] nos diz que é uma ocasião pastoral que não deve ser perdida. A homilia requer que nós, sacerdotes, em primeiro lugar, sejamos chamados a um contato diário com aquela Palavra que depois devemos explicar e da qual o nosso povo tem o direito de ter uma explicação inteligente e coerente que toque a vida e as necessidades presentes em cada um”, aponta.

No entanto, o arcebispo afirma que o Francisco também recorda aos bispos para que celebrem  a criação do Ministério da Leitura. O Papa vai além e diz que, em vista deste domingo, a partir dos próximos anos, é bom que o papel de um serviço extraordinário seja mais enfatizado, assim como existe o serviço extraordinário da Comunhão, que também possa haver um ministério e um mandato específico com o qual as pessoas se preparam primeiro para um contato mais imediato de estudo, de reflexão com a Palavra de Deus, e depois sejam também instituídos em um ministério extraordinário.

“Acredito que seja também uma provocação pastoral. Sabemos como isso acontece em nossas igrejas em que lê a primeira pessoa que achamos disponível. Mas esse não é o valor que deve ser dado à Palavra de Deus. A Palavra de Deus deve encontrar pessoas, mulheres, homens capazes de uma proclamação autêntica e na proclamação capaz também da inteligência do texto sagrado”, concluiu.

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