Extremistas empurraram casal de cristão ainda vivo em um forno onde se fabrica tijolos. Os dois foram acusados de queimar páginas do Corão, o livro sagrado do Islã
Da redação, com ACI Digital
Cerca de 100 extremistas muçulmanos queimaram um casal de jovens cristãos ainda vivo, acusando-os de terem, supostamente, queimado páginas do Corão, livro sagrado do Islã, no estado de Lahore, no Paquistão.
O homem se chamava Shahzad e tinha 26 anos, e sua esposa, Shama, tinha 24 anos e estava grávida. Eles foram empurrados para um forno onde se fabrica tijolos e assim foram queimados vivos.
Este acontecimento trágico foi informado pelo advogado cristão e defensor dos direitos humanos, Sardar Mushtaq Gill, que foi chamado por outros cristãos e presenciou a cena, no povoado “Chak 59”, perto da cidade de Kot Radha Kishan, ao sul de Lahore.
O casal cristão foi sequestrado e mantido como refém durante dois dias dentro de uma fábrica e na manhã desta terça-feira, foram assassinados.
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Gill relata que o episódio que desencadeou a acusação da suposta blasfêmia, tem relação com a morte recente do pai de Shahzad. Shama, quando estava limpando a casa do homem, pegou alguns artigos pessoais, documentos e folhas que pensou que fossem inúteis e fez um pequeno fogo.
Segundo um muçulmano que foi testemunha da cena e sem nenhuma confirmação, nesse fogo havia páginas do Corão. O homem espalhou a notícia nos povoados vizinhos e uma turba de 100 pessoas fez os dois jovens de reféns.
O defensor dos direitos humanos afirma que isso “é uma tragédia, um ato bárbaro e desumano. O mundo inteiro deve condenar energicamente este episódio que demonstra que a insegurança aumentou entre os cristãos no Paquistão. Basta só uma acusação para serem vítimas de execuções extrajudiciais. Veremos se alguém será castigado por este assassinato”.
As autoridades já constituíram um comitê de três pessoas para acelerar as investigações dos fatos originados por uma acusação, não confirmada, de uma suposta violação à lei da blasfêmia.
Uma mãe católica no Paquistão, Asia Bibi, está na prisão desde novembro de 2010, acusada injustamente de ter violado a lei da blasfêmia, algo que ela sempre negou. Neste momento, o seu caso passou para a Corte Suprema onde foi confirmado a condenação à morte.
A organização pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) apresentou nesta terça-feira, 4, um relatório sobre a liberdade religiosa no mundo, no qual se destaca que estas leis da blasfêmia “limitam, na prática, a liberdade de religião e expressão. Profanar o Corão ou insultar o profeta são delitos que se castigam com penas de prisão ou, inclusive, com a morte”.
“Na vida diária, entretanto, estas leis se utilizam com frequência como instrumento de perseguição contra as minorias religiosas. Apesar dos apelos realizados ao longo de muitos anos para que se derroguem estas leis, nenhum partido político, nem o Governo se atreveu tocar nelas”, indica o texto.
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