Sudão do Sul vive uma calma aparente, após os recentes conflitos, mas violências, abusos e saques do exército continuam
Da redação, com Rádio Vaticano
Situação perigosa no Sudão do Sul: somente nesta terça-feira, 19, na capital, Juba, foram violentadas 18 pessoas enquanto os soldados do exército regular roubavam 4.500 toneladas de reservas alimentares dos depósitos da FAO.
“Os alimentos roubados deviam nutrir cerca de 200 mil pessoas que passam por provações, sem comida e extremadas pelo conflito, dentro e fora dos campos de refugiados”, denuncia Padre Daniele Moschetti, superior dos missionários combonianos em Juba, aonde vive com outros cinco padres, ao lado do palácio presidencial.
O Papa Francisco enviou ao país o cardeal ganês Peter Turkson, Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, que já entregou ao Presidente do país uma mensagem do Pontífice.
“Sabemos que o Pontífice acompanha de perto a evolução da situação”, destacou o padre.
Calma aparente
Depois dos confrontos da semana passada, reina uma aparente calma no país: a maior parte das ONGs, funcionários das Nações Unidas e o contingente humanitário foram repatriados. O cessar-fogo está em vigor desde terça-feira, “mas as violências, abusos e saques do exército continuam”.
“Este último furto significa pelo menos 20 milhões de dólares queimados”, destaca o sacerdote.
“O conflito está assumindo as feições de uma disputa étnica entre a maioria no poder (Dinka), e a oposição, da etnia Nuer. E está mudando também o clima em relação à Igreja; estamos todos em risco”, teme padre Daniele.
Cerca de 350 missionários ainda permanecem no Sudão do Sul. Os confrontos começaram em dezembro de 2013 quando o Presidente Salva Kiir, acusou o vice, e ex-líder dos rebeldes, Riek Machar, de planejar um golpe de Estado para derrubar o governo. Em dois anos, houve uma série de conflitos étnicos e tribais, com represálias, a destruição de aldeias, milhares de mortos e mais de 2 milhões de refugiados.