Peregrinação a Roma

Bispos católicos e anglicanos vão celebrar 50 anos de diálogo

Uma peregrinação vai celebrar os 50 anos de diálogo entre a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana, iniciado oficialmente em 1966 com a “Declaração Comum”

Da redação, com Rádio Vaticano

Trinta e seis bispos, representando as comunidades católicas e anglicanas de todo o mundo, farão uma peregrinação a Cantuário e a Roma, para celebrar os 50 anos de diálogo oficial entre a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana, iniciado oficialmente em 1966 com a “Declaração Comum” assinada por Paulo VI e pelo então Arcebispo de Cantuária, Michael Ramsey.

Em Cantuária, a peregrinação viverá o seu primeiro momento celebrativo com a peregrinação ao túmulo de São Tomás Becket, mesmo local onde, em 1982, João Paulo II e o então Arcebispo Robert Runcie rezaram juntos à “pedra fundamental” na história recente das relações entre católicos e anglicanos.

A iniciativa é uma promoção da Iarcuum (International Anglican-Roman Catholic Commission for Unity and Mission – Comissão Internacional pela Unidade e a Missão). A organização foi criada no ano 2000, como ponto de referência pastoral no diálogo entre Roma e Cantuária, e atualmente presidida pelo Arcebispo católico de Regina (Canadá) Dom Donald Bolen e pelo Bispo anglicano Dom David Hamid.

5 de outubro

No dia 5 de outubro será concluída a peregrinação e aberto um Simpósio acadêmico na Pontifícia Universidade Gregoriana. Mas o momento mais importante do dia será na Igreja São Gregorio al Celio, a igreja católica que teve como Prior o monge Agostinho, quando em 595 foi enviado pelo Papa Gregório a evangelizar as populações anglo-saxônicas.

Lá, o Papa Francisco e o Arcebispo Justin Welby rezarão juntos, presidindo um rito durante o qual, aos Bispos presentes, será confiado o mandato de prosseguir o diálogo na vida cotidiana das próprias comunidades.

Na Igreja Católica e na Comunhão Anglicana, Agostinho é venerado como um santo, um proeminente Doutor da Igreja e o Patrono dos agostinianos. Sua festa é celebrada no dia de sua morte, 28 de agosto. Muitos protestantes, especialmente os calvinistas, consideram Agostinho como um dos “pais teológicos” da Reforma Protestante por causa de suas doutrinas sobre a salvação e graça divina.

História de diálogo

A partir de sexta-feira, dia 2, a IARCUUM estará reunida na Grã Bretanha para falar do caminho percorrido nestes cinquenta anos e, em particular, do documento “Crescer juntos na unidade e na missão” – texto em que, em 2007, católicos e anglicanos resumiram os frutos e os novos desafios abertos pelo diálogo teológico entre as duas comunidades.

A história desse diálogo começou, na realidade, já em 1960, com o primeiro encontro entre um Papa, João XXIII, e um Primaz anglicano, Geoffrey Francis Fisher. Naquela ocasião, porém, tratou-se de uma visita de caráter privado.

Para se chegar a um encontro oficial, foi necessário esperar até 24 de março de 1966, quando Paulo VI e o Arcebispo Ramsey assinaram pela primeira vez uma Declaração Comum.

Desde então, por meio do ARCIC – organismo de debate teológico entre as duas Confissões – chegou-se à elaboração de numerosos documentos comuns sobre temas como a Eucaristia, o Ministério Ordenado, Maria, a eclesiologia.

Os repetidos encontros entre os Pontífices e os Primazes anglicanos (o últimos há poucos dias, em Assis) fez crescer as relações fraternas entre Roma e Cantuária, apesar dos desgastes criados pelas divisões também sobre questões novas, como o tema do sacerdócio feminino, ordenação de bispos mulheres, ou a homossexualidade.

 

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