”Cristãos e muçulmanos: promotores de amor e amizade” é o título da mensagem do Vaticano para os muçulmanos pelo mês do Ramadã
Da Redação, com Vatican News
O departamento vaticano para o Diálogo Inter-religioso envia uma mensagem aos muçulmanos por ocasião do mês do Ramadã. ”Cristãos e muçulmanos: promotores de amor e amizade” é o título da mensagem assinada pelo prefeito do organismo, Cardeal Ayuso Guixot, e pelo secretário, Mons. Indunil Kodithuwakku Janakaratne Kankanamalage. O texto foi publicado pela Santa Sé nesta sexta-feira, 24.
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A mensagem parte do pressuposto de que o mês do Ramadã é importante não apenas para os fiéis muçulmanos, mas também para aqueles de outras religiões, especialmente os cristãos. Trata-se de um período em que as amizades são fortalecidas e outras são construídas, abrindo o caminho para uma convivência mais pacífica, harmoniosa e alegre.
As ameaças da cultura do ódio
A mensagem apresenta ainda os desafios que a comunidade internacional enfrenta hoje, do extremismo ao radicalismo, sem subestimar as controvérsias, disputas e violência de motivação religiosa.
“As ameaças são alimentadas pela cultura do ódio. Precisamos, portanto, encontrar as formas mais adequadas para combater e superar esta cultura, fortalecendo ao invés disso o amor e a amizade, particularmente entre muçulmanos e cristãos, em virtude dos laços que nos unem.”
O texto enfatiza como tudo deriva da atitude de um em relação ao outro, particularmente quando existem diferenças em matéria de religião, etnia, cultura, língua ou assuntos políticos. Embora “as diferenças possam ser percebidas como uma ameaça”, cada um, entretanto, “tem direito à sua identidade específica com seus diferentes componentes, sem, porém, ignorar ou esquecer o que temos em comum”.
Agressão social
A mensagem também enfatiza atitudes e comportamentos negativos com quem é diferente. Como exemplo, cita a questão da suspeita, medo, rivalidade, discriminação, exclusão, perseguição, polêmicas, insultos e maledicências. Também as mídias sociais, meio de comunicação e amizades acabam tendo seu papel pervertido ao se tornar espaço comum onde tais comportamentos acontecem.
Nesse ponto, a mensagem recorda o que o Papa Francisco escreveu na encíclica Fratelli tutti: “Ao mesmo tempo que defendem o próprio isolamento consumista e acomodado, as pessoas escolhem vincular-se de maneira constante e obsessiva. Isto favorece o pululamento de formas insólitas de agressividade, com insultos, impropérios, difamação, afrontas verbais até destroçar a figura do outro, num desregramento tal que, se existisse no contato pessoal, acabaríamos todos por nos destruir entre nós. A agressividade social encontra um espaço de ampliação incomparável nos dispositivos móveis e nos computadores.”
Promover uma cultura da amizade
Em oposição a tais comportamentos negativos, a mensagem elenca respeito, bondade, caridade, amizade, cuidado mútuo para com todos, perdão e cooperação para o bem comum.
E para que isso aconteça, o dicastério lembra que é necessário não apenas combater a cultura do ódio, mas também educar as gerações futuras, seja na família, na escola, nos lugares de culto e nas mídias sociais.
“Um mundo no qual reinam justiça, paz, fraternidade e prosperidade agrada ao Todo-Poderoso e traz alegria, solicitando, portanto, o nosso compromisso sincero e compartilhado”.