Encontro “Esporte para todos” tem proposta de inclusão social e terá representantes das principais instituições e organizações esportivas e intergovernamentais
Catarina Jatobá
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 28, apresentou a Cúpula internacional “Esporte para todos”, que vai acontecer no Vaticano nos dias 29 e 30 de setembro de 2022, e abordará a inclusão social através do esporte. O encontro é organizado pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida junto ao Dicastério para a Cultura e Educação. Estes órgãos do Vaticano terão a colaboração da Fundação João Paulo II para o Esporte na Itália.
Um dos participantes da coletiva foi o Secretário do dicastério para os leigos, a Família e a Vida, padre Alexandre Awi de Melo. O sacerdote recordou marcos importantes na relação entre a Igreja e o esporte: a Conferência Internacional “Desporto a Serviço da Humanidade”, realizada há seis anos, e os quatro anos da publicação do primeiro documento da Santa Sé sobre o esporte “Dar o melhor de si”. Recordou também da pandemia, período em que o Papa Francisco muitas vezes mencionou que ninguém se salva sozinho, o que se aplica também ao mundo dos esportes.
Padre Awi sublinhou a importância de se falar de esporte, num contexto de guerra, divisões e solidão pós pandemia. “Este tempo de planejamento e reestruturação após a pandemia é uma oportunidade propícia para criar novos princípios para que o esporte realmente desempenhe um papel que, como o Papa Francisco sublinhou no prólogo do documento ‘Dar o melhor de si’, é um instrumento de encontro, de formação e também de missão e santificação”.
O sacerdote brasileiro apontou que, nos últimos anos, se observou um fechamento em si mesmo do esporte profissional, que estava sem referências e princípios claros e disse que, quando o esporte se concentra na pessoa, “superam-se as tentações da corrupção, da vitória a qualquer custo ou da mercantilização do corpo”.
Inclusão no mundo do esporte
A inclusão no mundo do esporte será uma das tônicas do encontro. Como afirmou padre Alexandre, o principal objetivo é instigar “o mundo do esporte e as políticas internacionais, regionais e locais a abraçar a Declaração que os participantes apresentarão comprometendo-se a trabalhar pela integração das pessoas na sociedade por meio do esporte”. Dentre estas pessoas, foram citadas especialmente, pessoas com deficiências físicas, intelectuais, migrantes e refugiados, prisioneiros, jovens e idosos, mulheres.
Esporte: um bem para todos
Outra participação na coletiva foi de Mons. Melchor Sánchez de Toca y Alameda, secretário do órgão do Vaticano para a Cultura e Educação. Mons. Melchor destacou os benefícios gerais do esporte, como para a saúde, qualidade de vida, para o bem-estar, e no combate à solidão e aos vícios. Afirmou que, por ser um bem, deve ser protegido, como os bens culturais. “Deve ser defendido das ameaças que o ameaçam e desfiguram o seu rosto. (…) Para ser saudável, o esporte requer ambientes seguros, onde as atividades e as relações possam se desenvolver de forma saudável, evitando abusos de todos os tipos”, afirmou.
Mons. Sanchez afirmou que justamente porque o esporte é bom ele deve ser disponibilizado a todos. “Todos devem poder experimentar a emoção do esporte, o resultado obtido com o esforço contínuo ao longo do tempo, a emoção da vitória ou um pequeno triunfo, a humildade e sabedoria na derrota, o significado do trabalho em equipe”.
Como afirmou, esta é a intuição por trás do encontro que começa amanhã no Vaticano, que se expressa através de três grandes conceitos: um esporte coeso, acessível e feito sob medida para cada pessoa.
O encontro terá mesas redondas, grupos de trabalho, noite cultural nos Museus do Vaticano e Santa Missa. Na sexta-feira, 30, cerca de 200 instituições participantes e alguns atletas, representando as categorias mais frágeis, vão assinar a “Declaração do Esporte para Todos”.
Esta declaração será um convite à ação. “Uma conferência como esta é inútil se não se transformar em ação, se permanecer uma autocelebração. A verdadeira inclusão se faz na rua, com ações concretas e não com palavras”, conclui Mons. Melchor.