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Sínodo: Carta ao Povo de Deus será publicada nesta quarta-feira, 25

Prefeito do Dicastério para a Comunicação falou em coletiva de imprensa sobre o documento apresentado nesta segunda-feira, 23, à assembleia sinodal

Da Redação, com Vatican News

Membros do Sínodo participam de coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 23 / Foto: Reprodução Vatican News

O dia de atividades do Sínodo sobre a Sinodalidade nesta segunda-feira, 23, foi marcado pela apresentação da Carta ao Povo de Deus. Segundo o prefeito do Dicastério para a Comunicação e presidente da Comissão para a Informação, Paolo Ruffini, o documento será publicado na quarta-feira, 25. Já o Documento Síntese será divulgado no sábado, 28, à noite.

A manhã contou com a celebração eucarística, presidida pelo arcebispo de Yangon, em Mianmar, Cardeal Charles Maung Bo, e com as atividades da Décima Sexta Congregação Geral. Sob a presença do Papa Francisco e a coordenação do presidente delegado, padre Giuseppe Bonfrate, fizeram considerações o padre dominicano Timothy Radcliffe, a madre beneditina Maria Ignazia Angelini, e o teólogo australiano, padre Ormond Rush.

Na parte da tarde, aconteceu a coletiva com os jornalistas, apresentada pela vice-diretora Cristiane Murray. Além de Ruffini, também falaram alguns participantes do Sínodo. O arcebispo de Viena e membro do Conselho Ordinário da Secretaria do Sínodo, Cardeal dominicano Christoph Schönborn, indicou que todos estão reunidos para se perguntar “como viver a comunhão na Igreja”.

Diante disso, ele apontou a sinodalidade como a melhor maneira e citou ainda a Constituição Dogmática Lumen gentium, documento produzido no Concílio Vaticano II que fala do grande mistério da Igreja. O cardeal também afirmou que a Europa “não é mais o principal centro da Igreja”, admitindo que, no velho continente, “ficamos um pouco para trás na sinodalidade vivida”, o que torna necessário um estímulo.

Papel dos jovens na transmissão da fé

Já o arcebispo da Cidade do México, um dos presidentes delegados da assembleia e membro por nomeação pontifícia, Cardeal Carlos Aguiar Retes, recordou o Sínodo de 2012, convocado pelo então Papa Bento XVI. Com foco na nova evangelização, a conclusão foi de que a transmissão da fé estava “fraturada”: “as famílias não eram mais capazes de se dirigir às novas gerações”.

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O cardeal também relembrou os Sínodos da Família e dos Jovens, convocados pelo Papa Francisco em 2015 e 2018. Falando sobre sua própria experiência, ele reafirmou a importância dos jovens na transmissão da fé, e relatou ter tido reuniões com jovens de diferentes classes sociais, com o objetivo de dialogar para promover a amizade além das fronteiras de classe. “O caminho da Igreja é a sinodalidade”, concluiu o religioso.

Anunciar o amor de Deus

Por sua vez, o arcebispo de Marselha e membro pontifício eleito para a Comissão para o Relatório Síntese, o Cardeal Jean-Marc Aveline, expressou sua alegria pela experiência no Sínodo, mas também a preocupação com as “notícias de guerra”, diante das quais “a Igreja deve assumir a responsabilidade de espalhar a mensagem do amor de Deus ainda mais fortemente no mundo”.

Ele ainda citou a apreensão pela baixa adesão ao processo sinodal na França. Em sua visão, este fato reiterou as expectativas pelas “decisões finais que refletirão nossa responsabilidade comum”, em uma semana de trabalhos decisiva, “na qual passaremos por etapas importantes, tentando chegar a um acordo sobre várias questões e resolver as diferenças”.

Pequenas janelas que constroem um belo mosaico

A superiora geral das Irmãs da Santíssima Mãe das Dores e professora da Pontifícia Universidade Gregoriana, irmã Samuela Maria Rigon, definiu a experiência vivida no Sínodo como “um convite à humildade”, e seu ponto de vista como “apenas uma janela no horizonte que pode ajudar a construir um belo mosaico”.

Em sua fala, ela destacou três pontos trazidos pelo apóstolo Paulo na Liturgia da Palavra celebrada no domingo, 22 (cf. 1Ts 1,1-5b): a fé laboriosa, o trabalho árduo na caridade e a firmeza na esperança em Jesus Cristo. “Recebemos uma semente importante que Deus fará crescer através de nós ou conosco. (…) Hoje eu começo novamente a ser uma cristã diferente”, citou, acenando ainda que, se todos fizessem isso, “teríamos uma transformação”.

Perguntas aos participantes da coletiva

Após as considerações, algumas perguntas foram feitas. Questionado se este Sínodo deverá ser levado em consideração em termos de conteúdo e forma em um eventual conclave futuro, o Cardeal Aguilar Retes explicou que, se o que foi discutido e experimentado for colocado em prática, haverá um caminho a seguir. Contudo, isso depende do que será alcançado após os retornos às dioceses.

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Depois, o Cardeal Schönborn, ao ser perguntado quanto ao método escolhido para a Assembleia e à possibilidade de aplicá-lo na Igreja em todos os níveis, recordou seu discurso em 2015 sobre a questão da sinodalidade. A partir do Concílio de Jerusalém, ele havia explicado que, antes de tudo, o método é a escuta, caracterizado por três estágios: escuta, silêncio e discussão.

Integridade do Sínodo e imutabilidade da Doutrina

O arcebispo de Viena, em resposta às críticas que questionavam a integridade do Sínodo dos Bispos pelo fato de incluir leigos como delegados, também frisou que, em sua opinião, não há problema nisso, pois o Sínodo continuou com seu caráter episcopal, embora tenha tido uma participação real de não-bispos.

Na sequência, refletindo quanto à possibilidade de a perda da sinodalidade ter levado a Igreja à divisão e até que ponto todas as Igrejas podem ser convidadas a seguir um caminho comum, o dominicano apontou que a divisão dos cristãos é um obstáculo ao testemunho, mas que talvez Deus permita essa “vergonha” porque a humanidade ainda não é capaz de fazer bom uso da unidade para o seu próprio bem. Ainda neste tema, o Cardeal Aveline citou a vigília ecumênica Together como um grande momento de unidade no Sínodo.

Por fim, sobre a relação entre a atualidade do magistério e a contribuição dos teólogos e o sensum fidelium, o Cardeal Schönborn retomou a fala de São João XXIII no início do Concílio Vaticano II sobre a imutabilidade da doutrina e a sua apresentação. Ele acrescentou que há grandes desenvolvimentos no nível de compreensão, mas há também a imutabilidade da fé: a substância da fé não pode ser alterada, mesmo que tenha se desenvolvido bastante desde a época dos apóstolos.

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