ÚLTIMA COLETIVA

Cardeal Grech sobre o Sínodo: ainda há algum caminho a percorrer

Última coletiva de imprensa, realizada neste sábado, 28, é marcada por partilha de religiosos e comentários sobre o Documento Síntese que foi publicado

Da Redação, com Vatican News

Foto: Reprodução Vatican News

Após a conclusão da primeira sessão da assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade, realizada durante quase todo o mês de outubro, foi realizada a última coletiva de imprensa neste sábado, 28. No dia marcado pela publicação do Documento Síntese, o relatório foi um dos assuntos abordados na entrevista.

Participaram do momento com os jornalistas o secretário-geral do Sínodo dos Bispo, Sardeal Mario Grech; o relator-geral, Cardeal Jean-Claude Hollerich; e um dos dois secretários especiais, padre Giacomo Costa.

O Cardeal Grech iniciou sua colocação agradecendo a todos que também vivenciaram os dias de Sínodo em Roma. “Obrigado pela paciência de vocês e pela maneira como nos acompanharam durante este mês. Para mim, este Sínodo permanecerá em minha memória como um Sínodo no qual ganhamos espaço. Um fruto que não termina hoje”, manifestou, reiterando a experiência de escuta vivida no período.

Sobre este tema, ele enfatizou o aspecto da reciprocidade, e partilhou alguns detalhes sobre “o gelo quebrando” nas mesas de trabalho, como havia lhe expressado um bispo. Para o secretário-geral, ficou claro que a Igreja está saindo, “criando espaços para todos, sem excluir ninguém. Porque estamos vivendo o Evangelho”.

Um dom para a Igreja e para o mundo

O Cardeal Hollerich recordou os primeiros dias do Sínodo, que começou com o retiro espiritual para o qual os membros foram convidados: “alguns bispos não estavam felizes”, admitiu. Entretanto, com o passar do tempo, as pessoas foram sendo tocadas com a forma que se dava a experiência sinodal, e “as coisas mudaram”. “Acredito que as pessoas, ao voltarem para casa, levarão seus corações cheios de esperança, com muitas ideias e estou ansioso para encontrá-las no próximo ano”, afirmou o relator-geral.

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Já o padre Costa frisou que, “como Igreja, demos passos concretos ao nos unirmos como um só Corpo no Espírito Santo”. Em sua visão, esta unidade trata-se de um dom “certamente para toda a Igreja, mas também para toda a humanidade”. O secretário especial destacou ainda a riqueza de perspectivas que surgiram na assembleia, considerada “um presente para a esperança de todos: poder dizer que é possível falar uns com os outros, discordar e depois abraçar e recomeçar juntos”.

Ele também mencionou o clima doloroso em que os trabalhos foram realizados, em meio à guerra que eclodiu neste mês no Oriente Médio, as situações de violência e “as histórias de nossos irmãos que não puderam nos deixar em paz, não puderam nos deixar em uma condição de autorreferencialidade”.

“Ainda há algum caminho a percorrer”

Nas perguntas feitas pelos jornalistas, foram abordados os resultados das votações sobre determinadas questões, como o celibato ou as mulheres na Igreja – questões que permanecem “em aberto”. O Cardeal Grech admitiu que há pontos em que não há um acordo total e outros em que ainda há algum caminho a percorrer, o que, acrescentou, não o surpreende.

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Com relação ao método de conversa espiritual utilizado no Sínodo, o padre Costa observou como ele foi adequado, pois conseguiu tocar em questões importantes. Entretanto, observou que, em fases futuras, outro método pode vir a ser escolhido, justamente porque envolve um trabalho diferente.

Por fim, falando sobre o Documento Síntese, o Cardeal Hollerich apontou que, uma vez que o texto redigido é algo sobre o qual se pode construir concretamente, considerou-se mais sensato concentrar-se nos pontos em que houve convergência. “Há outras questões que são muito importantes para algumas pessoas e devem continuar sendo importantes para essas pessoas”, comentou novamente, lembrando que isso não significa que uma Igreja sinodal aceitará tudo, mas que o importante é que haja liberdade e abertura.

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