TEOLOGIA

Ratzinger já distinguia entre sobrenaturalidade e frutos espirituais

No livro-entrevista “Relatório sobre a fé”, publicado em 1985, o futuro Papa Bento XVI falou sobre os critérios para julgar os presumidos fenômenos sobrenaturais

Da Redação, com Vatican News

Em “Relatório sobre a fé”, o futuro Papa Bento XVI falou sobre os critérios para julgar os presumidos fenômenos sobrenaturais. / Foto: Vandeville Eric/ABACA via Reuters

“Separar o aspecto da verdadeira ou presumida ‘sobrenaturalidade’ da aparição do aspecto de seus frutos espirituais”. O cardeal Joseph Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, usou essas palavras em resposta ao jornalista e escritor italiano Vittorio Messori, no diálogo relatado no best-seller “Relatório sobre a fé” (1985) — e que agora será desenvolvido no novo documento do Dicastério para a Doutrina da Fé.

O diálogo com Vittorio Messori 

Em primeiro lugar, Joseph Ratzinger declarou: “Nenhuma aparição é indispensável à fé, a Revelação terminou com Jesus Cristo. Ele mesmo é a Revelação. Mas, certamente, não podemos impedir Deus de falar ao nosso tempo, por meio de pessoas simples e também por meio de sinais extraordinários que denunciam a inadequação das culturas que nos dominam, mascaradas pelo racionalismo e pelo positivismo”.

Sobre as aparições, sobretudo as marianas, o cardeal declarou: “As aparições que a Igreja aprovou oficialmente têm seu lugar preciso no desenvolvimento da vida da Igreja no último século. Elas mostram, entre outras coisas, que a Revelação — embora única, concluída e, portanto, não superável — não é uma coisa morta, é viva, vital. Além disso, um dos sinais do nosso tempo é que os relatos de ‘aparições marianas’ estão se multiplicando no mundo…”.

Em conversa com Messori, o futuro Papa Bento XVI continuava: “Um de nossos critérios é separar o aspecto da verdadeira ou presumida ‘sobrenaturalidade’ da aparição do aspecto de seus frutos espirituais. As peregrinações do cristianismo primitivo se dirigiam a lugares sobre os quais nosso espírito crítico, como modernos, às vezes ficaria perplexo quanto à ‘verdade científica’ da tradição ligada a eles. Isso não diminui o fato de que essas peregrinações foram frutíferas, benéficas e importantes para a vida do povo cristão”.

Ratzinger concluiu: “O problema não é tanto o da hipercrítica moderna (que acaba, entre outras coisas, em uma forma de nova credulidade), mas o de avaliar a vitalidade e a ortodoxia da vida religiosa que se desenvolve em torno desses lugares”.

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