Nos passos de Santo Agostinho

Província Agostiniana do Brasil celebra dez anos de missão

Levando adiante os preceitos de Santo Agostinho, a Província e seus frades conservam valores que passam pela preservação da comunidade ao respeito e amor ao próximo

Thiago Coutinho
Da redação

Há uma década, a Província Agostiniana leva os ideais de Santo Agostinho adiante / Foto: falco por Pixabay

Santo Agostinho, santo e doutor da Igreja, ficou conhecido como um dos maiores filósofos e teólogos cristãos. O santo sempre tinha uma palavra de fé, esperança e de caridade. A Ordem de Santo Agostinho, como presença Agostiniana no Brasil, conta com 125 anos de evangelização, mas, neste sábado, 16, celebrará uma data especial: os 10 anos da Província Agostiniana do Brasil, constituída em capítulo geral da ordem. 

“O 184º Capítulo Geral Ordinário da Ordem de Santo Agostinho, celebrado em Roma, em votação unânime dos padres capitulares, aprovou a ereção canônica da nova província”, explicou Frei Jean Alves de Lima, Secretário Provincial e Promotor Vocacional para o Brasil da Província Agostiniana. A criação da província foi no dia 14 de setembro de 2013.

Frei Jean contou ainda que os frades haviam definido previamente o nome da nova província como Província Agostiniana do Brasil e eleito Santa Mônica como padroeira. “Foi um momento de grande alegria”, recordou o Frei. “A nova província estava criada, faltava agora realizar o processo de instalação que se daria com a celebração do Primeiro Capítulo Provincial Ordinário, o qual foi convocado pelo Prior Geral, entre os dias 28 de outubro e 1º de novembro de 2013, sendo celebrado na cidade de São Paulo”.

Ano festivo

Como, neste ano, será celebrada uma década da Província Agostiniana do Brasil, diversas festividades estão sendo organizadas para recordar este decênio. “Estamos em um ano festivo, dedicado às vocações, com uma série de acontecimentos que culminam com o Capítulo Intermédio, o terceiro de nossa Província, dos dias 12 a 16 de setembro, onde, no dia 16 de setembro, teremos um evento festivo com Romaria e Missa na Basílica de Nossa Senhora Aparecida”, disse Frei Jean.

Este evento será realizado, das 14h às 15h, e terá uma missa de encerramento celebrada pelo Cardeal Raymundo Damasceno às 18h na Basílica.

Dia a dia agostiniano

A vida comunitária na Província Agostiniana gira em torno de três pilares: a vida comunitária (comunidade), a busca de Deus pela oração e estudo (interioridade) e o Serviço à Igreja (apostolado). “No Brasil, estamos servindo a Deus, à ordem e à Igreja por meio do povo de Deus em nossa paróquias, colégios, obras sociais, centro de Estudo e missão”, disse Frei Jean.

E a vida comunitária se completa com orações diárias, missa, trabalhos comuns e individuais dos apostolados e serviços que são prestados diariamente. “E em especial no convívio fraterno com os irmãos em nossos conventos e casas religiosas”, acrescentou Frei Jean.

Legado de Santo Agostinho

Santo Agostinho sempre falou muito sobre o amor fraterno — ou viver o amor ao próximo como a si mesmo, à maneira ensinada por Jesus Cristo. O legado do santo, neste sentido, é imenso.

“Mas, em especial, deixa-nos a certeza que, desde a comunidade, podemos juntos caminhar para Deus, estar com os irmãos e servir à Igreja em suas necessidades, tendo muitos corpos, muitas almas, muitos corações unificados na alma, no corpo e no coração do Senhor”, detalhou o Frei.

Regra dos Servos de Deus

Entre seus diversos escritos, Santo Agostinho deixou como legado a Regra dos Servos de Deus. Composta por oito capítulos, a Regra ressalta o lema agostiniano: o amor a Deus e ao próximo. “O amor é a base de toda comunidade verdadeira, pois ele, nele próprio, é capaz de gerar comunidade. Uma comunidade real, capaz de conviver no mesmo teto, almejar o mesmo ideal, ou seja, uma comunidade real de pessoas”, ponderou Frei Jean.

E para traduzir este preceito de Santo Agostinho, o Frade salienta que quem se propõe a viver em comunidade deve se orientar para Deus. “Isso faz com que todos vivam em unidade de alma e coração. Vive-se, portanto, em comunidade não para constituir uma espécie de Sociedade Anônima, não para viver como uma alegre associação de amigos, mas, sim, para endereçar-nos a Deus, a ‘verdade-felicidade’ buscada e encontrada”, detalhou.

A Regra, continua o Frade, insiste que é necessário viver com o coração o que os lábios pronunciam. “Santo Agostinho dirá na Regra: ‘que esteja no coração o que se profere com a voz’. Dar vida ao clamor, que a voz expresse realmente o sentimento próprio do coração quando reza com a oração vocal”.

Interioridade

Uma característica do mundo contemporâneo que aflige e contrasta com os valores agostinianos é a falta do silêncio. “Hoje, somos incapazes, muitas vezes, de ficar em silêncio. Se estamos em casa, ligamos o rádio, a TV, o computador; se vamos fazer uma viagem, levamos um milhão de músicas de todos os estilos”, observou.

A proposta dos agostinianos para se colocar contra esse modo de vida moderno é combater o individualismo. “A vida em comunidade se contrapõe ao individualismo, à intolerância, ao preconceito nas suas mais variadas e repugnantes faces. Sem o outro e sem o planeta, ninguém pode sobreviver. Não podemos viver sobre nem às custas do outro, mais sim por e com o outro, que é meu semelhante, digno do mesmo respeito e direitos”, concluiu Frei Jean.

Sobre a Ordem de Santo Agostinho

A Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho nasceu em março de 1244 com a Bula “Incumbit nobis” do Papa Inocêncio IV. Assim, não foi fundada diretamente pelo santo, mas pela Santa Sé, como uma Fraternidade Apostólica. No entanto, recebeu de Santo Agostinho a Regra, o nome, a doutrina e a espiritualidade.

A “Grande Família Agostiniana” é composta pelos frades agostinianos, monjas agostinianas, fraternidades seculares e leigos afiliados. Todos eles têm Santo Agostinho como pai espiritual e inspirador do estilo de vida e espiritualidade. 

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo