PREGAÇÃO DA QUARESMA

Provações treinam o coração para fazer o bem, afirma frei Pasolini

Pregador da Casa Pontifícia fez primeira pregação da Quaresma nesta sexta-feira, 21, e destacou significado do batismo a partir do exemplo de Jesus

Da Redação, com Vatican News

Frei Roberto Pasolini durante a primeira pregação da Quaresma deste ano / Foto: Reprodução Vatican News

O pregador da Casa Pontifícia, frei Roberto Pasolini, fez a primeira pregação da Quaresma deste ano nesta sexta-feira, 21. O tema da série de quatro pregações é “Ancorados em Cristo: Enraizados e fundamentados na esperança da Vida nova”.

Na primeira delas, cujo tema foi “Aprender a receber – A lógica do Batismo”, o religioso destacou o significado deste sacramento. Logo no início de sua fala, ele saudou o Papa Francisco, que não pôde estar presente devido à internação no Hospital Gemelli.

Prosseguindo para sua reflexão, frei Pasolini sublinhou que é no batismo que os homens estão ancorados em Cristo. “Para permanecer unidos a Ele”, observou, “é preciso acolher o dinamismo da conversão ao Evangelho e deixar que o Espírito aja em nós, redefinindo assim os limites da nossa humanidade”.

O religioso apontou que, antes de seu batismo, Jesus permaneceu vários anos de sua vida às ocultas em Nazaré, deixando-se plasmar pela realidade que o circundava. Tal gesto leva à redescoberta do valor do tempo oculto, em que as raízes se fortalecem e a identidade se forma no silêncio.

Deus em meio aos homens

Antes de salvar o mundo, disse o pregador, Jesus esteve em meio aos homens, compartilhando de suas experiências. “Deus estava convencido de que a coisa mais bela e urgente a ser feita era deixá-lo mergulhar em nossas águas, lembrando que a nossa realidade pode se tornar lugar de salvação”, afirmou.

“Nesta aparente ‘passividade’ de Cristo”, acrescentou frei Pasolini, “podemos ver a ação divina e a sua capacidade de amar: querendo o bem do outro e agindo para o ajudar a não se sentir inadequado. A atitude de Deus, portanto, é a de ‘deixar-se plasmar por nós’, querendo o nosso bem, dando prioridade à nossa fraqueza ao invés da sua força”.

Esta preferência pelo outro e a partilha representam um passo para o céu, salientou o religioso. Trata-se de uma maturidade afetiva que não se pode alcançar sobre um pedestal, pontuou, mas aceitando se misturar com os outros, vivendo todos como irmãos, como filhos amados pelo Pai.

Doação de vida

Após o batismo, Jesus se dirigiu ao deserto, onde permaneceu por 40 dias. Tal atitude, explicou o pregador, simboliza que a escolha do batismo é uma decisão profunda e não apenas um impulso momentâneo. Diante disso, denunciou que no mundo contemporâneo há diversos tutoriais ou instruções que explicam como fazer as coisas, mas não há pessoas dispostas a verificar a autenticidade de seus desejos.

“A provação deu a Jesus a força interior necessária para abraçar a sua missão, sem medo de morrer; para ter um coração treinado para fazer o bem; para cultivar um deserto interior, que o tornasse capaz de estar em paz, em todas as situações”, declarou frei Pasolini.

Através do batismo, Cristo se mergulhou no rio da vida, sem poupá-la das mais duras provações.
– Frei Roberto Pasolini, pregador da Casa Pontifícia

Resistir às tentações no deserto, prosseguiu o religioso, levou Jesus a abraçar uma vida em que a salvação pode ser vista e vivida como fruto de uma comunhão de amor, livremente escolhida, de um amor humilde e aberto. Da mesma forma, o Reino de Deus está ao alcance de todos mas é preciso converter-se, afastando-se da tristeza e da resignação, a fim de realizar a maior maravilha que Deus fez: “habitar entre nós”.

Por fim, o pegador exortou os presentes a permanecerem ancorados em Cristo e firmes na Esperança. Da mesma forma que a Porta Santa é um símbolo concreto, citou, também o batismo “é um sinal que ilumina o caminho de todo fiel, através de três movimentos existenciais: a capacidade de sair de nós mesmos para deixar espaço aos outros (…); a conversão, uma transformação profunda do nosso modo de ver, julgar e amar; enfim, o movimento mais difícil: permanecer na realidade, sem fugir ou sublimá-la”.

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