A dois meses da JMJ Lisboa 2023, sacerdotes comentam importância da participação de ministros ordenados em eventos como este
Julia Beck
Da redação
Faltam apenas dois meses para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023. O evento — criado por São João Paulo II e considerado o maior do mundo voltado para jovens católicos —, está previsto para acontecer entre os dias 1º e 6 de agosto. Ele vai reunir não apenas os leigos, mas também sacerdotes, religiosos, missionários e consagrados.
Leia mais
.: JMJ Lisboa 2023 já conta com 15 mil jovens brasileiros inscritos, diz bispo
O vigário da Paróquia Nossa Senhora da Santíssima Trindade – Diocese de São José dos Campos (SP), padre Matheus Torres da Silva; o pároco da paróquia São José – Diocese de Lorena (SP), padre Tiago Augusto Pereira Vituriano; e o vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Diocese de São José dos Campos (SP), padre Marcelino Heitor Nunes Tomé estão entre os presbíteros brasileiros com presença confirmada para a JMJ 2023.
Motivação
“Eu decidi participar quando fiquei sabendo que seria em Portugal. Além do idioma oficial ser o português, é o país onde está o santuário que sempre sonhei conhecer: Fátima. Juntar a JMJ e conhecer a casa da Mãe em Fátima é uma combinação perfeita”, conta padre Matheus ao explicar o que o motivou a decidir participar do evento.
A decisão de ir até Lisboa foi tomada por padre Tiago após um convite feito por um grupo de jovens. Eles me procuraram “para pedir autorização para trabalhar e angariar fundos para participar da JMJ. O legal foi que eles me convidaram para ir junto. Autorizei o trabalho e aceitei o convite”, recorda.
O desejo de viver essa JMJ estava no coração do padre Marcelino desde a JMJ 2013, que aconteceu aqui no Brasil, no Rio de Janeiro. “Eu tive a graça de participar e foi um momento marcante, inesquecível e inspirador. Desde então eu quis voltar a uma Jornada Mundial. No entanto, diante da formação para ser padre e outras realidades, isso não tinha sido possível até então. Agora será!”.
“Desde que eu soube que a JMJ seria em Portugal, e em agosto deste ano, comecei a me preparar não só materialmente, mas ainda mais espiritualmente para viver esse momento que tenho certeza: será inimaginável e inesquecível”, completa o sacerdote.
Ministros ordenados na JMJ
Ao comentar o valor da presença e participação dos ministros ordenados em um evento como este, padre Marcelino recorda uma fala do Papa Francisco: “Os pastores devem ter o cheiro das ovelhas”. O presbítero cita também Dom Bosco: dizia que “é preciso gostar do que o jovem gosta”.
O sacerdote recorda que tem apenas 26 anos de idade e acredita que essas “aventuras da fé” são momentos que o ajudarão a rezar e refletir a juventude — que tem seus altos e baixos. Para ele é preciso estar com os jovens em todos esses momentos, compreendendo, amando, respeitando e acompanhando.
Participar deste evento, na opinião do padre Matheus, faz muito bem para a consciência de uma Igreja universal, além de proporcionar aos sacerdotes “um banho de juventude”, uma proximidade das realidades atuais e uma motivação a partir do “gás” da juventude.
“A proximidade do padre com o seu povo é essencial para viver o Evangelho”, acrescenta padre Tiago. Ele lembra que todos são uma igreja só e que não pode haver “distâncias”, por isso acredita que a participação neste evento expressa um novo momento de “Ser Igreja” na vida dos jovens e dos padres.
Expectativa
Missa de abertura, encontros “Rise up”, Festival da Juventude, Via-Sacra, Vigília e Missa de envio são algumas das atividades previstas na programação da JMJ Lisboa 2023. O momento mais aguardado por padre Tiago é a Vigília com o Papa Francisco. Segundo ele, nela todos estarão unimos em oração com o Papa confiando a Jesus a juventude, o futuro da Igreja. “Será um momento inesquecível com certeza”, declara.
Assim como padre Tiago, padre Matheus afirma que sua maior expectativa também é para a Vigília. “Além de ser um momento com o Papa, é um momento de oração (…) com os jovens do mundo inteiro”.
Leia também
.: JMJ 2023: “os portugueses esperam muito essa presença do Brasil”
.: Programa Revolução Jesus lança concurso ligado ao hino da JMJ 2023
“Creio que os momentos de partilha com jovens de outras culturas, pensamentos e seguidores de Jesus será uma oportunidade extraordinária de viver o Pentecoste da fé, a catolicidade de nossa Igreja, a esperança nas gerações”, destaca padre Marcelino.
Para o presbítero, concelebrar a eucaristia com o Papa Francisco será um momento muito especial. “Será profundamente impactante, uma grande emoção!”, complementa.
Proximidade com os jovens
Uma das características da JMJ é a proximidade do Papa e da Igreja com os jovens. “Creio que essa proximidade demonstre para todos que o jovem tem o seu lugar na Igreja e pode expressar sua experiência com o Cristo de várias maneiras, conforme a inspiração do Espírito Santo”, comenta padre Tiago.
Para o sacerdote, uma Igreja descomplicada e acolhedora cria um ambiente favorável ao envolvimento dos jovens, além de proporcionar respostas aos seus questionamentos e uma abertura maior a Deus.
“Penso que Jesus, ao caminhar com seus discípulos, os escutava e os compreendia. Depois, ao partilhar sua vida, lhes fazia arder o coração com seu amor pelo Pai”, frisa padre Marcelino. Deste modo, o presbítero reflete que essas partilhas que ocorrem de forma natural e o amor pela Igreja ajudam no crescimento da fé. (…) Quando vemos a grandeza de Deus alcançar tantas pessoas, línguas e culturas, enxergamos de forma evidente a plenitude do Seu amor de Pai”.
Injeção de ânimo no trabalho pastoral
A nível pastoral, os sacerdotes acreditam que a JMJ pode ser considerada uma “injeção de ânimo” no trabalho paroquial e diocesano com a juventude. Padre Matheus recorda que este é um evento que produz frutos diversos, pois os jovens voltam animados e motivados a levarem Jesus onde for.
“Em nossa diocese, em outubro, será realizado a JDJ (Jornada Diocesana da Juventude). Neste evento teremos a oportunidade de trazer aos nossos jovens a experiência que vivemos lá”, conta o presbítero.
Padre Tiago sublinha que se os participantes da JMJ voltarem para as suas paróquias com o ânimo de serem bons cristãos será uma injeção de ânimo na vida da Igreja. “Creio que o pós-jornada será importante para alcançar os que não puderam ir. No nosso grupo, por exemplo, éramos em 15 e no final vamos em 4, mas depois, no dia-a-dia, nas partilhas e no trabalho o que foi vivido chega aos demais”, salienta.
Citando a frase bíblica “Ide por todo mundo” (Mt 28, 19), padre Marcelino afirma acreditar que as experiências que serão vividas vão impulsionar testemunhos aos jovens de muitas paróquias e dioceses. “Creio que os nossos jovens veem com mais facilidade a fé, quando falamos dela com a nossa vida, quando testemunhamos nossas esperanças, quando falamos das nossas aventuras junto com Jesus.”