Na Índia

Morre o padre Stan Swamy, jesuíta preso por defender indígenas

Padre Stan Swamy estava internado em hospital de Mumbai, na Índia; foi preso há nove meses acusado de terrorismo por defender indígenas

Da Redação, com Fundação AIS – ACN Portugal

Padre Stan Swamy / Foto: Reprodução Youtube

Faleceu nesta segunda-feira, 5, aos 84 anos, o padre Stan Swamy, jesuíta preso por nove meses sob acusação de terrorismo por defender indígenas. O sacerdote estava internado no hospital da Sagrada Família, em Mumbai, na Índia.

O presidente executivo internacional da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Thomas Heine-Geldern, comentou a notícia do falecimento. “Perdemos um defensor destemido dos pobres e um sacerdote católico inspirador”, declarou.

O jesuíta era um símbolo da defesa dos direitos das comunidades tribais na Índia, nomeadamente os adivais. O seu estado de saúde se deteriorou nas últimas semanas, depois de ter contraído covid-19 na prisão.

Com a infecção, as autoridades autorizaram a sua internação hospitalar em 28 de maio, concedendo-lhe para isso uma “liberdade temporária”, mas negando-lhe a libertação sob fiança. “É inimaginável o sofrimento por que passou nos últimos meses de vida”, acrescentou Thomas Heine-Geldern em depoimento divulgado a partir da sede internacional da Fundação AIS na Alemanha.

Acusação de terrorismo

Apesar do reconhecimento internacional do seu trabalho como ativista dos direitos humanos, nomeadamente dos povos indígenas, padre Swamy foi acusado de terrorismo pelas autoridades. Ele foi detido em 8 de outubro do ano passado e conduzido para a prisão de Taloya. Seu estado clínico já preocupava amigos e familiares.

A prisão do sacerdote desencadeou protestos reunindo personalidades e organizações de defesa dos direitos humanos, exigindo a libertação imediata. Entre as instituições, a Fundação AIS. Em dezembro do ano passado, o presidente executivo internacional da Fundação fez um apelo às autoridades indianas pela libertação do sacerdote, destacando o trabalho exemplar dos últimos 40 anos com as tribos indígenas.

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“Sabemos, através dos nossos parceiros de projeto, que muitas vezes são feitas falsas acusações” contra aqueles que assumem as defesas das populações tribais, explica Heine-Geldern. E isso procurando intimidar e colocar fim ao trabalho em nome das minorias étnicas e dos ‘dalits’, ou intocáveis.

Justiça e denúncia de abusos

Heine-Geldern destaca ainda que o único “crime” do padre Stan havia sido o de “exigir justiça e denunciar os abusos” que estas populações tribais “sofreram na sua região”. Segundo ele, o caso do padre Stan Swamy é apenas a ponta do iceberg.

A morte do Padre Stan vem dar relevo aos receios do crescimento de setores que defendem o nacionalismo hindu na Índia. Uma tendência que vem referida no mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, da Fundação AIS. Segundo Thomas Heine-Geldern, essa tendência “procura forçar outras religiões, como o cristianismo, a sair da Índia e a suprimir as vozes cristãs no país”.

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