EM SALVADOR

Missa recordará religiosa baiana com processo de canonização em curso

Serva de Deus Vitória da Encarnação faleceu há 309 anos; celebração acontecerá nesta sexta-feira, 19, às 10h, na Igreja do Convento Santa Clara do Desterro

Da Redação, com Arquidiocese de São Salvador da Bahia

Imagem de Madre Vitória da Encarnação / Foto: Arquidiocese de São Salvador da Bahia

Nesta sexta-feira, 19, a Arquidiocese de São Salvador da Bahia celebrará uma Missa em memória aos 309 anos da morte da Serva de Deus Vitória da Encarnação. A religiosa nasceu e viveu na capital baiana e tem processo de canonização em curso.

A Santa Missa será presidida pelo arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil, Cardeal Sergio da Rocha, às 10h, na Igreja do Convento Santa Clara do Desterro (situada na Rua Santa Clara, no bairro Nazaré), local onde estão sepultados os restos mortais da Serva de Deus.

Infância e juventude de Madre Vitória da Encarnação

Madre Vitória da Encarnação nasceu em Salvador, em 6 de março de 1661, filha de Bartolomeu Nabo Correia e Luísa Bixarxe, ela teve um irmão e três irmãs. Em 1677, quando foi fundado o Convento Santa Clara do Desterro, seu pai quis que ela entrasse para a vida religiosa. A jovem de 16 anos de idade, porém, havia se tornado avessa à religião, chegando a dizer ao seu pai que preferia que lhe cortassem a cabeça do que ser levada para o convento.

Passaram-se alguns anos e Vitória começou a ter frequentes sonhos com a Mãe de Deus e seu Divino Filho. Neles, a Virgem lhe apresentava o Menino e chamava-a para a vida consagrada. Em outros momentos, via o Menino Jesus a colher flores no caminho para o convento e a chamava para lá. Tais sonhos se repetiram inúmeras vezes, mas Vitória não quis seguir o que a Virgem e o Menino pediam.

Em uma noite de 1686, quando Vitória estava com 25 anos de idade, a jovem teve um sonho no qual se via nos porões sujos de uma grande embarcação que navegava em alto mar. Viu, neste sonho, que estava acompanhada de pessoas impiedosas, que caminhavam para a perdição, enquanto, na parte de cima da embarcação, havia religiosos contentes, pois caminhavam para a salvação.

Seu Anjo da Guarda lhe explicou que os navegantes da parte superior eram os que faziam a vontade de Deus e estavam salvos, enquanto que os que estavam nos porões, assim como ela, eram os que caminhavam para a perdição. Ao acordar, pensou em sua vida e tomou a firme decisão de consagrar-se totalmente a Deus e passar a vida fazendo Sua vontade.

Vida religiosa

Naquele mesmo ano, em 29 de setembro, Vitória foi acolhida no noviciado das clarissas do Convento do Desterro da Bahia e, juntamente com ela, foi acolhida também a sua irmã, Maria da Conceição. Recebeu neste dia o nome religioso de Vitória da Encarnação. Conforme seu desejo, fez profissão solene em 21 de outubro de 1687.

Desapegada de tudo o que é mundano, quis fazer-se a menor de todas e aquela que servia a todas. Dotada de imensa caridade para com os mais desvalidos, desejou viver como uma escrava a adotou para si o estilo de vida das servas que viviam no mosteiro. Por querer ser a menor de todas, foi diversas vezes ridicularizada e agredida pelas próprias escravas a quem ela tanto quis se fazer igual.

Dotada de dons místicos, se transfigurava quando fazia a via-sacra todas as sextas-feiras do ano. Tinha tanto desejo de imitar a Jesus em seus sofrimentos, que se castigava com cilícios e disciplinas duríssimas, chegando a converter os pecadores que passavam pela via próxima ao convento e que ouviam o barulho de chibatadas. Fazia rigorosos jejuns e quando comia algo que lhe agradava o paladar, misturava cinzas à comida para estragar o sabor.

Tinha o dom da revelação e profecia. Era capaz de saber o local exato em que uma pessoa, tida por desaparecida, se encontrava, assim como de prever acontecimentos futuros. Tinha também a capacidade de encontrar objetos e animais desaparecidos.

Madre Vitória faleceu em 19 de julho de 1715, sexta-feira, às 15 horas. No momento de sua morte, as religiosas disseram ter sentido uma maravilhosa fragrância de rosas no mosteiro. Ao se espalhar a notícia de sua morte, uma grande multidão se aglomerou diante do convento.

Processo de canonização

Os restos mortais da Madre Vitória da Encarnação se encontram na Igreja do Convento Santa Clara do Desterro, em Salvador, e estão depositados acima de uma das portas que ligam o coro de baixo à nave do templo. Em 7 de julho de 2019, a Congregação para a Causa dos Santos emitiu o decreto “Nihil Obstat”, autorizando a abertura da causa de beatificação da Madre Vitória, que passou a ser chamada, a partir de então, de Serva de Deus Vitória da Encarnação.

Em 19 de novembro do mesmo ano, o então Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, presidiu a cerimônia de abertura do Processo de Beatificação e Canonização da Madre Vitória da Encarnação, apresentando as Comissões que trabalharão no processo, bem como o postulador da Causa, Frei Jociel Gomes, OFMcap.

A Comissão Histórica segue trabalhando na fase conclusiva da elaboração do relatório que será entregue. Também está em andamento a fase diocesana, cuja previsão de conclusão é o segundo semestre de 2024. Com esta conclusão, toda a documentação será remetida para o Dicastério da Causa dos Santos, na Santa Sé, onde terá início a fase romana.

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