São Paulo

Igreja de Sant’Ana recebe o título de Basílica menor

Cerimônia de entrega do Título de Basílica menor será no dia 26; Até então, no Brasil, existem 65 basílicas menores e na cidade de São Paulo, quatro

Da redação, com Arquidiocese de São Paulo

A Santa Sé elevou a igreja matriz da Paróquia Sant’Ana, na zona norte de São Paulo, à dignidade de basílica menor. O anúncio foi feito neste domingo, 5, pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, no fim da missa por ele presidida na Catedral da Sé.

Construída entre 1896 e 1936, a igreja é um dos símbolos do bairro de Santana, que nasceu em torno da paróquia que comemora 125 anos de criação no dia 12 de julho.

“A concessão deste título a esta importante Igreja, intensificando o vínculo particular com a Igreja de Roma e com o Santo Padre, quer promover a sua exemplaridade como verdadeiro centro de ação litúrgica e pastoral na Diocese”, afirma o comunicado da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, datado de 2 de maio.

A cerimônia da entrega do Título e do reconhecimento da dignidade de Basílica Menor à igreja paroquial de Sant’Ana acontecerá no próximo dia 26, festa da padroeira, em missa presidida pelo Cardeal Scherer, às 15h.

Nesse dia também serão celebradas missas às 7h, 9h, 11h e 18h, com a presença de fiéis, seguindo as recomendações sanitárias para conter o avanço da pandemia de COVID-19.

Sobre o título

De acordo com o Domus Ecclesiae (Casa da Igreja),da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, as basílicas são igrejas dotadas de especial importância para a vida litúrgica e pastoral de uma diocese e, por isso, possuem “um particular vínculo com a Igreja de Roma e com o Sumo Pontífice”.

“Entre as Igrejas de uma diocese, em primeiro lugar e com maior dignidade, está a Catedral, na qual é colocada a Cátedra, sinal do magistério e do poder do Bispo, pastor da sua diocese, e sinal da comunhão com a Cátedra romana de Pedro. Seguem-se depois as igrejas paroquiais, que são sede das várias comunidades da Diocese. Existem, além disto, os santuários, aos quais acorrem em peregrinação os fiéis da Diocese e de outras igrejas locais”, explica o documento.

A nova Basílica

Com 54,72 metros de comprimento 32 metros de largura, a matriz paroquial de Sant’Ana  teve sua pedra fundamental abençoada em 1º de maio de 1896, por Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, então Bispo da Diocese de São Paulo, que, no ano anterior, no dia 12 de julho erigiu canonicamente o território da Paróquia Sant’Ana.

Em 26 de julho de 1908, foi inaugurada a capela-mor da matriz, que compreendia o presbitério e os altares laterais. A nave central do templo foi inaugurada em 1924.

Na festa da padroeira de 1941, foi concluída a construção das duas torres e abençoados os três sinos de bronze, por Dom José Gaspar de Affonseca e Silva, então Arcebispo de São Paulo. 

Arte

Uma das relíquias históricas da comunidade é a imagem de Sant’Ana, fabricada no século XVI, em terracota pintada, que era do acervo da antiga capela da fazenda que deu origem à paróquia e ao bairro.

A maioria das imagens sacras da igreja foram feitas pelo artista e paroquiano Arthur Pederzolli, comos as imagens da padroeira, de 1933, de Nossa Senhora das Graças, a Via-Sacra, Senhor dos Passos, Sagrada Família, São João Maria Vianney, entre outras.

O templo também possui vitrais que retratam cenas como nascimento da Virgem Maria, sua apresentação no templo e o cuidado de Jesus sob os olhares dos santos avós. Na rosácea do alto do presbitério, há um vitral que retrata Sant’ana ensinando as sagradas escrituras para a Nossa Senhora.

Há ainda, uma pintura do Casamento de São Joaquim e Sant’Ana, do pintor Vicente Maezo, mestre da escola de arte de Madrid.

A portas principais do templo foram esculpidas em madeira pelos detentos da Penitenciária do Estado de São Paulo, localizada no bairro.

Em uma das torres, com 25 metros de altura, está o campanário. O sino da nota “si”, com 303 quilos, é dedicado a São José, padroeiro universal da Igreja; o segundo de nota “dó”, com 221 quilos, é dedicado a Sant’Ana e o terceiro sino, da nota “ré”, com 163 quilos, é dedicado a Santa Teresinha do Menino Jesus.

Origem romana

As basílicas são construções arquitetônicas que têm sua origem no Império Romano. Nessas edificações, a sociedade costumava se reunir para efetuar transações comerciais e discussões políticas e decisões judiciais. Era considerado o lugar dos reis, governantes e juízes.

Quando o cristianismo tornou-se religião oficial do Império, esse estilo de construção construção pública foi adaptado para a celebração do cultos religiosos, especialmente a Eucaristia, o verdadeiro rei, governante e juiz.

À medida que os séculos passaram, este modelo arquitetônico inspirou a construção de inúmeras igrejas em todo mundo e, assim, o termo “basílica” foi utilizado também para referir-se a determinadas igrejas geralmente grandes ou importantes às quais haviam outorgado ritos especiais e privilégios em matéria de culto. Este é o sentido usado hoje, tanto do ponto de vista arquitetônico quanto religioso.

As basílicas são classificadas em dois grupos: “basílicas maiores”, que são apenas quatro no mundo, todas situadas em Roma: São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Extramuros. Já as basílicas menores “basílicas menores” passam de 1,5 mil em todo mundo. Esse título só pode ser concedido pelo Pontífice.

Para receber o título de basílica menor a igreja deve ser reconhecida um centro de atividade litúrgica e pastoral, sobretudo para as celebrações da Eucaristia, da Reconciliação e dos outros sacramentos, “sendo exemplar quanto à preparação e desenvolvimento, fiéis na observância das normas litúrgicas e com a ativa participação do povo de Deus”, como ressalta o decreto Domus Ecclesiae.

No Brasil

No Brasil, existem 65 basílicas menores, sendo a maior e mais famosa a de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo, a segunda maior basílica do mundo em dimensões, sendo apenas menor do que a Basílica de São Pedro.

Até então, na cidade de São Paulo havia quatro basílicas, sendo três delas no território da Arquidiocese: Basílica Abacial Nossa Senhora da Assunção (Mosteiro de São Bento), Basílica Santíssimo Sacramento (Paróquia Santa Ifigênia) e Basílica Nossa Senhora do Carmo, na Bela Vista. A Basílica Santuário Nossa Senhora da Penha, na zona leste da capital, agora pertence à Diocese de São Miguel Paulista, criada em 1989.

Compromissos e deveres

A Santa Sé também confia alguns compromissos e deveres às igrejas elevadas à dignidade de basílica menor.

Dentre os deveres, está a promoção da formação litúrgica dos fiéis, com grupos de animação litúrgica e cursos especiais de formação, encontros e outras iniciativas do gênero. Também pede-se que seja dada muita importância ao estudo e à divulgação dos documentos do Sumo Pontífice e da Santa Sé, especialmente àqueles referentes à liturgia.

Nesses templos, deve ser reservado grande zelo ao preparo e ao desenvolvimento das celebrações do ano litúrgico, em particular do Tempo de Advento, de Natal, de Quaresma e de Páscoa.

 

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