Devoção nacional

Fiéis celebram a Padroeira do Brasil no Santuário Nacional de Aparecida

Todos os anos, devoção move milhares de fiéis à Casa da Mãe, em Aparecida (SP); católicos visitam a imagem de Nossa Senhora para agradecer e pedir sua intercessão 

Gabriel Fontana
De Aparecida (SP)

Foto: Gabriel Fontana

Por mais um ano o Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP), recebe milhares de devotos no dia 12 de outubro para celebrar a Rainha e Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Como de costume, trata-se de um dia repleto de atividades e celebrações para os romeiros que peregrinam ao local.

Paulo e Arlindo /Foto: Gabriel Fontana

Paulo Henrique Teixeira e Arlindo Bertasso partiram de São Paulo (SP), ainda na madrugada do último domingo, 8, em caminhada rumo ao Santuário. Paulo, que é caminhoneiro, conta que já recebeu diversas graças pela intercessão de Nossa Senhora. “Na primeira caminhada que fiz, em 2018, eu estava desempregado. Pedi a Nossa Senhora que eu arrumasse um serviço e pouco tempo depois eu consegui”. Nos anos seguintes, ele conta que recebeu mais graças, como um caminhão próprio e uma casa. “Cada benção que a gente recebe, vem retribuir”, exprime.

Já Arlindo fez a caminhada para a Casa da Mãe pela primeira vez. Ele partilha que visita o Santuário desde que era criança, com seu pai, e decidiu fazer a peregrinação em agradecimento a tantas graças recebidas em sua vida. Contudo, a própria caminhada tornou-se uma bênção em sua vida. “Conheci pessoas incríveis. (…) Essa é a minha primeira (caminhada) de várias que vão vir pela frente”, afirma.

Amor à Mãe

Darcília e Sônia /Foto: Gabriel Fontana

Sônia da Rocha e Darcília Moreira, por sua vez, vieram de Salvador (BA). A tradicional excursão organizada há 14 anos por um casal amigo de ambas reúne pessoas que já costumam viajar para visitar a Casa da Mãe e aqueles que peregrinam pela primeira vez. Todos, porém, são unidos por um mesmo sentimento: o amor por Nossa Senhora.

“A gente está aqui pela fé que temos em Nossa Senhora. Todo esforço não é nada diante disso”, expressa Sônia. Ela conta também que o grupo chegou na quarta-feira passada, 4, para participar da Novena da Padroeira. Em meio à multidão de fiéis, ela manifesta ainda a sua alegria em ver tantos devotos reunidos e abraçando a fé.

Festa da Padroeira de 2023

Esse é o primeiro ano em que a Festa da Padroeira volta a ser celebrada sem qualquer restrição causada pela pandemia da Covid- 19. Segundo informações do Santuário Nacional de Aparecida, no ano passado, mais de 300 mil pessoas passaram pelo local entre os dias 3 e 12 de outubro. A expectativa para os festejos de 2023 é que esse número seja ainda maior.

O primeiro compromisso da Festa da Padroeira desta quinta-feira, 12, foi a Santa Missa, às 5h. Na sequência, houveram outras duas celebrações, às 7h e às 9h, todas na Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Esta última foi presidida pelo arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes.

Em sua homilia, o religioso iniciou sua fala recordando o tema da Novena e da Festa da Padroeira deste ano: “Maria, ensinai-nos que vocação é graça e missão”. Neste contexto, Dom Orlando falou sobre a vocação à santidade, que é universal, e a vocação do povo brasileiro.

Vocação à santidade

Ao refletir o Evangelho desta Solenidade (cf. Jo 2, 1-11), que apresenta o primeiro milagre de Jesus nas Bodas de Caná por intercessão de sua Mãe, Maria, o arcebispo destacou como Nossa Senhora ensina o caminho para a santidade por meio da presença e da sensibilidade. “Quando marcamos presença estamos vivendo a vocação a santidade”, explicou Dom Orlando, também citando algumas obras de misericórdia, como visitar os doentes e os presos.

“Ter sensibilidade é um sinal de santidade, porque quem não é sensível, não vê nada a não ser a si mesmo”, continuou. A partir desta sensibilidade, indicou, é que a Igreja se tornará mais santa e o mundo um lugar melhor.

Ainda sobre a vocação à santidade, Dom Orlando frisou um outro aspecto da atitude de Maria: sua humildade. Ele indicou como Nossa Senhora soube “sair de cena”, sem chamar a atenção para si, pois o santo não se autopromove, mas procura a glória de Deus e o amor fraterno.

Fiéis reunidos no Santuário Nacional de Aparecida nesta quinta-feira, 12/ Foto: Gabriel Fontana

Vocação do povo brasileiro

Sobre a segunda vocação, Dom Orlando citou quatro pontos importantes: a vocação à justiça e a paz, a vocação à fraternidade, a vocação à vida e a vocação à sinodalidade. O arcebispo sinalizou que é por meio da justiça que se combate a fome, as desigualdades sociais, a exclusão, o narcotráfico e a violência. Da mesma forma, ele exortou os fiéis a seguirem acreditando no poder da fraternidade. Dessa forma, um dia, “com Maria, gloriosa no céu, nós também seremos glorificados por causa desta fraternidade que só pode fazer o bem a nós, ao povo, ao mundo inteiro”.

Ao abordar a vocação à vida, o arcebispo lançou dois apelos. O primeiro, pelo cuidado com o planeta, casa comum da humanidade, em uma promoção da vida ecológica. No segundo, Dom Orlando reiterou a posição contrária ao aborto: “hoje dizemos sim à vida, não ao aborto!”.

Voltando-se para a imagem de Nossa Senhora Aparecida, ele rezou: “tudo que está quebrado, Mãe, pode ser restaurado, com suas mãos postas, e nós também haveremos de alcançar a santidade”. Por fim, falou sobre a sinodalidade, atitude de caminhar juntos, e declarou que ela “vai vencer a indiferença e a vingança, e vai trazer a graça do perdão”.

Continuidade dos festejos

Ainda durante este dia serão celebradas outras quatro Missas na Basílica de Nossa Senhora Aparecida: às 12h – a tradicional Missa das crianças, presidida pelo padre João Batista, C.Ss.R. (e transmitida pela TV Canção Nova) –, às 14h, às 16h e às 20h – Missa de encerramento, presidida pelo padre Marlos Aurélio, Superior Provincial da Congregação do Santíssimo Redentor. Além disso, às 15h acontecerá a Consagração Solene, e às 18h, a oração do Angelus e a Procissão Solene – ambos os eventos na Basílica Histórica de Aparecida.

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