12 de outubro

Maria e Carlo Acutis são exemplos de santidade para os jovens, diz padre

No dia em que a Igreja celebra a Padroeira do Brasil e o Padroeiro da Internet, jovens comentam devoção; membros dos Jovens Sarados falam do beato enquanto patrono do grupo

Julia Beck
Da redação

Fotos: Paula Dizaró e Nicolas Guyonnet Hans Lucas via Reuters

A Padroeira do Brasil e o Padroeiro da Internet são celebrados nesta quinta-feira, 12. O que muitos não sabem é que o beato Carlo Acutis está ligado a Nossa Senhora Aparecida para muito além disso: o milagre reconhecido pelo Vaticano que tornou possível a beatificação do jovem teve como protagonista um garoto que, no dia 12 de outubro de 2010, recebeu a cura de uma doença rara após receber a bênção sacerdotal, com a relíquia de Carlo Acutis, em uma capela dedicada a Nossa Senhora Aparecida.

Ao comentar a relação entre os dois, o missionário da Comunidade Canção Nova, padre Felipe Pavão, assinala primeiramente que não se pode esquecer o chamado da Virgem Maria como corredentora e participante do projeto salvífico de Deus, por meio de seu filho Jesus Cristo. “É um chamado e vocação que se dá em sua juventude”, frisa.

“Quando ela tinha projetos, sonhos, força, energia, esperança, veio um chamado de Deus, uma vocação. Ela tinha em torno de 14/15 anos, mais ou menos a idade de Carlo Acutis, quando recebeu esse chamado: ser a mãe do filho de Deus. (…) Uma jovem totalmente aberta à vontade de Deus”.

Exemplo para a juventude

Padre Felipe Pavão /Foto: Arquivo Pessoal

Carlo Acutis tornou-se um “ícone de busca pela santidade” para diversos jovens, principalmente no Brasil. Padre Felipe acredita que os jovens brasileiros veem nele semelhanças nas características próprias da idade. “Existe uma coerência, uma similaridade”, pontua o presbítero. No entanto, ele frisa que o beato “usufrui de tudo sem recorrer ao pecado”.

“Ele consegue ser santo sem deixar de ser jovem. Ele consegue viver e entender que tudo lhe é permitido, mas nem tudo lhe convém. Ele se santificou em meio a todos os estímulos que os jovens recebem o tempo todo. Mesmo com tão pouca idade ele conseguiu separar o certo do errado, o bem do mal, o que aproxima de Deus e o que afasta. Os jovens olham pra ele e veem: ‘é possível ser santo do jeito que se é’”, reflete.

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A estudante de 17 anos, Ana Luísa Alves de Souza, é devota do beato desde 2020. Ela conta que conheceu Carlo Acutis por meio de sua irmã. “Eu me impressionei pelo fato de que ele faleceu no ano em que nasci (2006), e por ser um adolescente tão cheio de fé, que estava pronto para ajudar o próximo sem pensar duas vezes”. A jovem acredita que a forma de se vestir do beato, “comum”, mostra que todos são chamados a ser santos e que é possível usar a internet para evangelizar.

“Logo após ler sobre sua vida, comecei a rezar o terço todos os dias, me confessar todo mês, pedia sua intercessão todos os dias e me aproximei mais de Deus e da Virgem Maria. Ele é um exemplo de santidade para mim, um grande amigo no céu, que sempre está presente e me ajudando a amar Deus e a Virgem Maria verdadeiramente!”, partilha.

Padroeiro dos Jovens Sarados

O beato é um dos patronos dos Jovens Sarados (JS) – grupo de jovens idealizado pelo missionário da Comunidade Canção Nova, padre Edimilson Lopes. Padre Felipe, que também é diretor espiritual do grupo, afirma que a escolha se deu pelo fato de Carlo “entender o dilema dos outros jovens na luta pela santidade”.

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O sacerdote afirma que, ao olhar para o modelo de santidade dos outros santos, mais tradicional, os jovens se deparam com realidades muito próprias do tempo em que aquele santo viveu. Agora, quando olham para o beato, “veem um jovem que se retirou do mundo, dentro do mundo”.

O presidente da Associação Jovens Sarados, Claudinei dos Santos Cuxinier, destaca que o beato se tornou o patrono por ter os mesmos desejos e anseios que os dos membros da missão JS. “Foi um jovem que meditou a Palavra, ia à Santa Missa diariamente, fazia jejuns e sacrifícios, adorava o Santíssimo Sacramento, rezava o Terço e amava a Santíssima Virgem Maria. Ele tinha um grande desejo de evangelizar as pessoas. E é esse mesmo projeto que lutamos para viver constantemente em nosso estilo de vida sarado”.

Os Jovens Sarados contam com a intercessão de Carlo para que ele ajude a percorrer o caminho que ele percorreu, acrescenta Claudinei. Além disso, o presidente da associação afirma que o beato foi eleito como um modelo de vida cristã, que fala da possibilidade e da luta pela santidade que todo jovem é chamado a viver, sem deixar de ser jovem. “Para nós, significa muito a beatificação de um jovem que viveu tantas coisas comuns à nossa geração, mas que transfigurou tudo isso através de um profundo amor a Deus e aos irmãos”.

Claudinei recorda que o primeiro Centro de formação e evangelização dedicado a Carlo Acutis nasceu no Brasil, na Missão Jovem Sarados, na Arquidiocese de São Paulo. “Recebemos duas relíquias, uma do cinto em que foi sepultado e uma pétala do dia do seu sepultamento que ainda orvalha”.

Devoção presente dentro do grupo

Ester de Souza /Foto: Arquivo Pessoal

A estudante de 23 anos, Ester de Souza Vieira, é jovem sarada e devota de Carlo Acutis. Ao falar sobre sua devoção, a jovem frisa, primeiramente, a autenticidade do beato e a base de sua espiritualidade, que é a mesma da missão dos Jovens Sarados, conhecida como as “cinco pedrinhas” (oração do Terço, leitura da Palavra, jejum, confissão e Eucaristia).

“Ele é um dos nossos melhores amigos no céu, juntamente com outros santos que são modelos para nós de santidade”, sublinha. Ela revela que conheceu a história de Carlo um pouco antes de sua beatificação e foi então que começou a se aproximar do beato. “Ele se tornou muito presente na minha história, intercedendo por mim. Olhar para a história dele já me fazia querer ser mais de Deus”.

Missão dos Jovens Sarados

A missão do Jovens Sarados é buscar uma vida de intimidade com Jesus, conta Claudinei. Depois, o desejo dos membros é de serem santos e um canal de santidade na vida dos jovens. Padre Felipe reforça que o desejo dos Jovens Sarados é “ir atrás das ovelhas perdidas da Casa de Israel (como diz as Sagradas Escrituras), ou seja, ir atrás das ovelhas desgarradas da Igreja, como aqueles jovens que ainda não fizeram uma experiência com Deus”.

“É muito diferente ouvir falar de Deus e fazer uma experiência. Os Jovens Sarados vão atrás dos jovens que ninguém quer: os que estão nas drogas, no alcoolismo, na prostituição… O desejo é de oferecer essa experiência com Deus”, destaca.

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