Dom Mario Zenari, que há 16 anos é Núncio Apostólico na Síria, lamenta o cenário de guerra vivido na Síria, que leva pobreza e violência à população local
Da redação, com Vatican News

Áreas residenciais e veículos danificados após um caça tingir Idlib, na Síria / Foto: Anadolu via Reuters
Após 14 anos de conflito, o cenário na Síria é de extrema pobreza, sanções internacionais, o terremoto, agora uma nova onda de tensões e violência. Para Dom Mario Zenari, que há 16 anos atua como Nuncio Apostólico em território sírio, talvez o Jubileu possa levar “uma lufada de ar fresco” ao povo.

Dom Mario Zenari / Foto: Reprodução Youtube
“Infelizmente, há cerca de três anos que não se falava da Síria, ela tinha desaparecido do radar dos meios de comunicação social”, afirmou o religioso. “Agora, ela voltou às manchetes com esses acontecimentos trágicos. Estou em contato com as comunidades cristãs, com os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas de Aleppo para ver como a situação está evoluindo. Há uma certa calma em algumas áreas, mas também suspeita. Há muito medo, os escritórios governamentais desapareceram, não se vê também o exército, há estes grupos armados que circulam e prometeram não tocar na população civil. Até agora, parece que eles têm respeitado isso, mas as pessoas ainda têm medo, estão trancadas em casa”, lamentou o representante eclesiástico.
População em risco
Neste domingo, 1º, o Colégio Franciscano Terra Santa foi bombardeado. Não houve vítimas, mas o medo ainda reina sob a população. “Tudo ainda é muito incerto, reina muita inquietação, medo, incerteza. Os bispos pediram aos seus fiéis para permanecerem em Aleppo e o mesmo fizeram os sacerdotes, os religiosos, ao lado da população. É um momento muito incerto e difícil”, explicou o núncio.
Toda essa violência tem forçado a população, incluindo 7 milhões de jovens, segundo o núncio, a se deslocarem. Entre os refugiados nos países vizinhos existem cerca de 6 milhões de sírios. “Entre quem está fora e quem está dentro, a Síria mantém um triste recorde de refugiados: cerca de 13 milhões, mais de metade da população. Esse número vai aumentar, é inevitável”, contextualizou.
A esperança
Apesar do cenário desolador, Dom Zenari acredita que o vindouro Jubileu, que terá como tema “Peregrinos da Esperança”, pode ser um alento aos sírios que tanto sofrem com esses conflitos armados. “Espero que o Jubileu possa dar uma lufada de ar fresco a estas pessoas que há 14 anos sofrem com a guerra, a fome e a falta de trabalho”, ponderou.
“Algumas guerras poderiam ter sido prevenidas, agora estamos juntando os cacos”, finalizou Dom Zenari.