DESASTRE NATURAL

É hora de ajudar os mais pobres na Síria, pede núncio da Síria

O núncio apostólico para a Síria, cardeal Mario Zenari, está em Alepo onde visitou comunidades afetadas pelo terremoto de 6 de fevereiro

Da redação, com Vatican News

 

Drone sobrevoa bairro detruído pelo terremoto na cidade de Kirikhan, na Turquia / Foto: Reprodução Reuters

Você vê o medo dos sobreviventes, cenas de morte e devastação e sanções que bloqueiam a chegada de ajuda. Então, ouve-se o choro desesperado das pessoas perguntando: “depois das bombas, por que isso?”

O cardeal Mario Zenari, nuncio apostólico da Síria, chegou na terça-feira, 7, pela manhã, em Alepo, uma das cidades atingidas pelo terremoto que devastou áreas inteiras ao norte da Síria e sudeste da Turquia.

“Viajei 400 km [de Damasco] de carro e cheguei tarde”, disse o cardeal ao Vatican News, que conseguiu contatá-lo por um telefone celular. A linha estava instável. “Normalmente leva cerca de 3 horas, foi muito mais porque a estrada está coberta de neve, está muito frio. Também tive de abrandar porque tinha uma ‘bomba’ na mala, ou seja, barris de gasolina que aqui é difícil de encontrar”, explicou.

Cardeal Mario Zenari, nuncio apostólico de Alepo / Foto: Reprodução Youtube

Cenário de destruição

Questionado sobre o que encontrou assim que chegou a Alepo, o nuncio foi sucinto: “podia sentir o medo das pessoas”. “Ao entrar na cidade, vi um grande mesquita no chão. Em seguida, a Igreja dos Franciscanos, e lá também as cornijas caíram, as paredes estão rachadas e assim por diante. Encontrei pessoas fora de casa que me contaram que muitas se refugiaram em nossas instalações religiosas. Eles vivem, dormem e comem em comunidades cristãs e católicas. Alguns chegam a ter 500 pessoas. Dá até para sentir o medo das pessoas”, relatou.

Momento mais impressionante

O cardeal Zenari pôde se encontrar com um bispo emérito que havia miraculosamente sobrevivido. “Ele vivia em um apartamento e tinha consigo um secretário, um padre de cerca de 50 anos. A parte onde morava o bispo permaneceu de pé, enquanto a outra desabou. Vi os escombros com meus próprios olhos, o padre morreu embaixo deles. Esses prédios não são seguros, pois já foram danificados por anos de guerra”, contou.

O que a Igreja pode fazer agora?

A Igreja, segundo o núncio, já está envolvida em um trabalho humanitário na região. No ano passado, o cardeal organizou uma conferência intitulada “Igreja, Casa da Caridade — Sinodalidade e Coordenação”. Há alguns meses, a Assembleia dos Bispos Católicos criou uma comissão episcopal para um trabalho mais coordenado. “Por isso trabalhamos a todo vapor neste setor e procuramos adquirir mais experiência e competência profissional. Acima de tudo, está a ser feito um trabalho para que estes cinco pães e dois peixes sejam distribuídos igualmente da melhor forma possível”, ponderou o sacerdote.

O nuncio fica em Alepo até esta quinta-feira, 9. Ainda fará visitas a algumas comunidades e coordenará o serviço de ajuda. “Existe muita solidariedade, mas deve ser gerida com o coração e com competência profissional”, finalizou.

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