Brumadinho 3 anos depois

Dom Walmor frisa esperança na Terceira Romaria pela Ecologia Integral

Arcebispo de Belo Horizonte presidiu Missa na Terceira Romaria pela Ecologia Integral em recordação dos três anos da tragédia de Brumadinho

Jéssica Marçal
Da Redação, com colaboração de Gabriele Dutra

Dom Walmor durante homilia na Missa de hoje / Foto: Gabriele Dutra

Palavras de esperança e encorajamento, à luz do exemplo do Apóstolo Paulo, a todas as famílias que ainda sofrem com o luto das perdas de três anos atrás, no rompimento da barragem em Brumadinho. Assim o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, conduziu sua homilia na Missa presidida nesta terça-feira, 25, no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário.

A celebração desta manhã integra a programação da Terceira Romaria pela Ecologia Integral a Brumadinho, realizada de 22 a 27 de janeiro. Um momento de compromisso com a fé e a vida, fazendo memória das 272 “joias”, como são carinhosamente chamadas as vítimas fatais da tragédia.

“Saúde e paz a todas as famílias que vivem como vivemos nós, com o coração apertado, o luto pelas vítimas dessa tragédia-crime hoje completando três anos. Quero, em primeiro lugar, fazer-lhes uma grande reverência”, disse o arcebispo. Ele pediu um momento de silêncio, convidando os fiéis a levantarem as placas com os nomes das vítimas, guardadas no coração e na saudade.

Fiéis erguem placas com nomes das pessoas que morreram na tragédia / Foto: Gabriele Dutra

“Que a nossa dor seja iluminada pela força da fé, com a certeza muito importante de que esses irmãos e irmãs que a lama arrastou e tirou a vida estão na presença amorosa de nosso Deus. Porque Deus é amor e vida plena.”

Seguir com esperança

O arcebispo manifestou a acolhida a todos os fiéis e o desejo de que sejam tocados pelo amor de Deus, a exemplo de São Paulo, cuja conversão a Igreja celebra hoje.

Passaram-se três anos do rompimento da barragem que deixou ferida a sociedade mineira. Também as chuvas desse ano feriram as famílias, lembrou Dom Walmor. Segundo o arcebispo, um grito que chama a uma nova consciência. “As lições são muitas e lamentavelmente pouco aprendidas”.

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Frente à dor da tragédia que persiste e para além de toda dificuldade, o bispo exortou os fiéis à esperança. É preciso, frisou, seguir como discípulos missionários, sonhando com uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. “Precisamos ser fortes, porque nossa luta é grande, nosso caminho é extenso, nossas labutas são muitas, e não podemos desistir, precisamos continuar a construir”.

Força e coragem de Paulo

Dom Walmor destacou que o Apóstolo Paulo é uma referência como itinerário de uma experiência que todos, na simplicidade de sua vida, precisam fazer. “Quanta força, quanta coragem, quanta alegria! Mesmo enfrentando desafios, decepções, fracassos, ele percorreu caminhos que, na história da Igreja, certamente comparando com as facilidades do tempo de hoje e as dificuldades do tempo dele, ninguém o fez”.

Paulo espalhou o Evangelho a toda criatura, sempre alegre pelo amor maior que foi despertado por Jesus em seu coração. Assim como Paulo escutou aquela voz forte, também hoje esse eco precisa ser forte nos corações, disse o bispo, citando em especial governantes e tomadores de decisão, a fim de despertar para uma nova realidade.

A conversão do apóstolo Paulo chama a apostar na revolução do amor, destacou Dom Walmor. “Reacendamos em nossos corações, apesar das tristezas, a esperança. O nosso caminho não é nosso, conosco mesmo, a nossa peregrinação é no caminho do Senhor Jesus, como o apóstolo Paulo. Fortaleçamo-nos na fé, deixemos que a força da Palavra de Deus nos ilumine”.

Programação

Letreiro da cidade terá ato com familiares das vítimas fatais / Foto; Gabriele Dutra

Antes da missa, uma coletiva trouxe alguns pronunciamentos referentes à tragédia, como a destruição no Rio Paraopeba. O responsável pela Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser), Dom Vicente Ferreira, também esteve presente e destacou a importância da Romaria e da luta por justiça, além do foco na esperança.

Após a Missa, segue uma caminhada até o letreiro da cidade, onde será realizado um ato com os familiares das vítimas fatais. Ainda hoje, haverá mais duas Missas: às 12h, na Igreja Nossa Senhora das Dores, Córrego do Feijão; e às 19h, no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário.

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