Representante Permanente da Santa Sé na Organização para Segurança e Cooperação na Europa pede a prevenção da corrupção em meio à pandemia de Covid-19
Da redação, com Vatican News
Transparência, honestidade e relação de confiança entre as instituições e cidadãos: essas são as formas de combater a corrupção, que corre o risco de se espalhar, sobretudo agora em tempos de pandemia da Covid-19.
O alarme foi lançado pela delegação da Santa Sé na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (Osce) que chamou os países a uma boa governança.
Guiada pelo observador permanente da Santa Sé junto à Osce, Dom Janusz Urbańczyk, a delegação participou, nesta segunda-feira, 15, por meio da plataforma Zoom, da videoconferência preparatória para o 28º Fórum Econômico e Ambiental da Osce sobre o tema “Promover a segurança, estabilidade e crescimento econômico, prevenindo e combatendo a corrupção por meio da inovação, aumentando a transparência e a digitalização”.
Por causa da pandemia da Covid-19, lê-se na declaração da delegação vaticana, “vimos mudanças sociais, econômicas e ambientais tangíveis”. Elas exigem “no campo pessoal, nacional e internacional, uma maior atenção ao combate à corrupção”, que “representa uma grande ameaça”, porque “gera instabilidade e se estende a muitos aspectos da dimensão econômica e humana”.
Corrupção: ferida que prejudica a todos
“É inegável que a corrupção, sendo uma das feridas mais dilacerantes do tecido social, cria sérios danos, tanto do ponto de vista ético quanto econômico. De fato, dá a ilusão de ganhos fáceis e rápidos, mas na realidade prejudica a todos, minando a confiança recíproca, ofuscando a transparência e levando a duvidar da confiabilidade de todo o sistema jurídico e social”, ressalta ainda a nota.
Daí a referência ao que o Papa Francisco disse, em 18 de março de 2019, na audiência com os funcionários do Tribunal de Contas recebidos no Vaticano: “A corrupção rebaixa a dignidade do indivíduo e destrói todos os bons e belos ideais. A sociedade como um todo é chamada a assumir um compromisso concreto para combater o câncer da corrupção em suas várias formas.”
Prioridade na ação do governo
“Quem faz parte da administração pública tem o dever crítico de trabalhar com transparência e honestidade, favorecendo uma relação de confiança entre cidadãos e instituições. A falta dessa confiança é uma das manifestações mais graves da crise da democracia”, diz a Santa Sé à Osce.
Ao mesmo tempo, a delegação vaticana afirma estar ciente do fato de que “diante de uma crise de saúde sem precedentes, a prioridade dos governos é obviamente a proteção da saúde e da segurança”. No entanto, são as ações de combate e resposta ao vírus Covid-19 que “podem expor riscos potenciais e oportunidades de corrupção e violações das normas de combate”. Especialmente neste período de pandemia, “é necessário permanecer vigilantes”.
Pandemia como uma oportunidade
Por fim, a Santa Sé reflete sobre o fato de que “apesar de representar um desafio para toda a Comunidade internacional, a emergência global da Covid-19 também poderia oferecer uma oportunidade real” a fim de “buscar soluções novas e inovadoras para combater a corrupção”. A esperança é de que essas soluções “não sejam divisórias, politizadas ou parciais, mas que, realmente, busquem o bem comum e o desenvolvimento humano integral de todos”.