Ano Família Amoris Laetitia

Carta do Papa aos esposos é uma verdadeira preciosidade, afirma bispo

Presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB comenta texto de Francisco direcionado a todas as famílias do mundo; carta foi publicada no último domingo, 26

Julia Beck
Da redação

Foto: Luana Azevedo via Unsplash

A “Carta aos Esposos”, do Papa Francisco, é uma verdadeira preciosidade. É o que afirma o bispo da diocese do Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal e Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Ricardo Hoepers.

O texto do Santo Padre é direcionado a todas as famílias do mundo. Ele foi divulgado no último domingo, 26, Festa da Sagrada Família de Nazaré. O escrito do Pontífice foi motivado pelo Ano Família Amoris Laetitia que teve início no dia 19 de março deste ano.

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O bispo recorda que o ano celebrativo se estenderá até junho de 2022, quando acontecerá o X Encontro Mundial das Famílias. O evento tem como tema: “Amor na Família: vocação e caminho para a santidade”.

Assim, Dom Ricardo sublinha que o Papa está retomando com vigor as reflexões e propostas dos dois Sínodos sobre a Família que resultaram na Exortação Apostólica Amoris Laetitia.

Família: uma prioridade do Papa

“Essa proximidade do Papa, portanto, tem a ver com a prioridade que ele tem para com a família: célula fundamental da sociedade, onde se constroem os valores mais sublimes da humanidade”, disse.

Foi no seio familiar que aconteceu o impacto mais forte da pandemia, com tantas perdas de entes queridos, observa o presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB.

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Essa solidariedade do Pontífice, prossegue o bispo, ensina que precisamos fortalecer os vínculos familiares. Somente assim é possível enfrentar os grandes desafios da vida. “A família é o lugar privilegiado onde se educa e onde se aprende mutuamente, tendo como fonte um amor verdadeiro”, comenta.

Amor conjugal e doação pessoal

Dom Ricardo Hoepers /Foto: CNBB

Em sua carta, Francisco exorta os casais ao amor conjugal e à doação pessoal. De acordo com Dom Ricardo, quando o Santo Padre cita Abraão como o modelo de quem deixou tudo para constituir a grande família do povo de Deus, ele retoma o grande valor do sacramento do matrimônio: quando o homem e a mulher fazem a experiência de deixar tudo para constituir um novo lar, uma nova história.

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“O amor conjugal exige uma disposição interior de desacomodação, de decisão por um estilo de vida em que o egoísmo não terá espaço, mas, ao contrário, o amor conjugal sempre estará aberto à vida e ao amor mútuo. É na doação total que a vida se torna geradora e fonte de um amor maior”, frisa.

Exemplo e testemunho de amor aos filhos

O Pontífice também pede aos esposos para darem exemplo e testemunho de um amor vivo e fiel aos filhos. Esse pedido, assim como todo o texto, esclarece o bispo, é uma verdadeira preciosidade. Fala dos valores que a família deve viver na vida cotidiana.

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Por isso, o presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB comenta que o Papa insiste no testemunho dos pais, no modo de viver e de agir como proposta pedagógica e mistagógica de um lar em que se educa, mas também se aprende.

Dom Ricardo aponta que é em casa que se aprende a dizer “licença”, “obrigado” e “desculpa”. Enfim, é na família onde o perdão cura todas as feridas. “Nesta dinâmica da igreja doméstica os pais são convidados a espelhar o amor de Cristo e ajudar seus filhos a se sentirem amados por Deus”, complementa.

A família junto de Deus e da Igreja

Jesus está presente no matrimônio, afirma Francisco. A partir disso, o Santo Padre aconselha as famílias a viverem uma maior proximidade com Deus e com a Igreja.

“A Igreja é o lugar onde todos nos sentimos filhos e filhas de Deus. É o lugar da acolhida e onde renovamos nossas forças para nos alimentarmos com a Palavra e o Pão Eucarístico, e de onde saímos para fazer a Caridade e a Missão. Participar da comunidade cristã é sentir-se em família, na mesma barca, onde Jesus está”, destaca o bispo do Rio Grande (RS).

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O prelado brasileiro reforça que por mais que venham as tempestades, os medos, as inseguranças, é preciso que as famílias mantenham o olhar fixo em Jesus, que acalma os ventos e as tempestades e conforta com a Sua Paz.

O Papa Francisco cita a Pastoral Familiar como um instrumento eficaz de participação na comunidade e na transformação da sociedade, lembra o presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB.

Força do Perdão

Como diz o Papa: “o perdão cura todas as feridas”, sublinha Dom Ricardo. “Francisco expressa, assim, a força curativa do perdão e também o quanto nossos pecados e nossos erros podem nos prejudicar, seja em família, seja na sociedade, quando deixamo-nos conduzir por um espírito individualista que rompe a amizade com Deus e o amor mútuo entre nós”.

O mundo vem passando pela experiência da pandemia, pontua o bispo. Deste modo, homens e mulheres sentem seus limites e fragilidades. A experiência humana do pecado também leva a adoecer espiritualmente e a fragilizar ainda mais as relações e laços com Deus, alerta.

“A Carta é um convite a buscarmos esse remédio que se chama perdão. O perdão resgata em nós a força do amor que Cristo nos ensinou: um amor gratuito, um amor verdadeiro, um amor que vai até as últimas consequências” – Dom Ricardo Hoepers

“A Carta é um convite a buscarmos esse remédio que se chama perdão. O perdão resgata em nós a força do amor que Cristo nos ensinou: um amor gratuito, um amor verdadeiro, um amor que vai até as últimas consequências”, destaca o presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB.

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Dom Ricardo prossegue frisando que o perdão coloca homens e mulheres no eixo central do sentido do amor. O perdão permite construir famílias que se firmam sobre a rocha, que é Cristo Senhor, disse.

Cuidar das famílias

Esta carta, repete o bispo do Rio Grande (RS), é mais um presente do Papa para reflexão e comprometimento dos fiéis no cuidado com as famílias.

“Vale a pena ler e reler quantas vezes forem necessárias e nunca nos deixarmos abater pelo cansaço. A vitalidade de nossas famílias precisa ser renovada todos os dias, na perseverança da oração e na fração do Pão. Reúnam suas famílias, leiam juntos, meditem cada palavra e sintam a Alegria do Amor que brota no seio familiar”, finaliza.

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