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Cardeal Tagle: pandemia evidenciou desigualdades e feridas do mundo

Purpurado participou do webinar: “Tocar as feridas do Mundo. Crer em tempo de Pandemia”

Da redação, com Vatican News

Cardeal Tagle /Foto: Daniel Ibanez – CNA

Pandemia evidenciou desigualdades e feridas do mundo. É o que afirmou o prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cardeal Luis Antonio Tagle. O purpurado participou do webinar: “Tocar as feridas do Mundo. Crer em tempo de Pandemia”.

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O cardeal comentou também sobre outros tipos de doenças que já existiam antes e que foram acentuadas. Entre elas, está a falta de fraternidade e as barreiras que separam os ricos dos pobres.

“Há aqueles que podem ter acesso aos mais altos níveis de estudo e de educação, aqueles que sequer têm a possibilidade de abrir um livro; há aqueles que podem ir aos melhores hospitais e aqueles que sequer têm o paracetamol disponível”, comentou.

Segundo o purpurado, a Covid-19 exasperou isto. “Basta pensar nas disposições sanitárias mais simples, como lavar as mãos ou viver mantendo distância. Em muitas partes do mundo não há água e há famílias de 6/7 pessoas vivendo em pequenos espaços”.

A pandemia, além disso, explicou o cardeal, colocou diante dos olhos de todos as prioridades equivocadas de mundo. “Não temos máscaras, mas há dinheiro para armas e outros instrumentos de guerra”.

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O evento on-line foi organizado pelo Festival Franciscano, Editora Missionaria Italiana e Antoniano de Bolonha.

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No webinar, Dom Tagle falou sobre as feridas deste tempo, relendo-as sob uma perspectiva de esperança.  “Há muitos tipos de feridas causadas por nossas escolhas erradas, autoinfligidas”.

Um ano da oração do Papa na Praça São Pedro

Ao refletir sobre feridas causadas por pessoas, sistemas e estruturas de indiferença e desigualdade, o cardeal recordou o dia 27 de março de 2020. Neste dia, Francisco rezou pelo fim da pandemia da Praça São Pedro, que estava vazia.

“Durante aquela belíssima oração, o Santo Padre nos ofereceu um grande dom de fé, lembrando-nos que a Encarnação de Jesus Cristo é a proximidade de Deus a todos os sofredores. Ninguém caminha sozinho, ninguém sofre sozinho, ninguém morre sozinho: este é o remédio, Cristo Jesus”.

Dom Tagle sublinhou que daí nascem as feridas do amor: os voluntários, os enfermeiros, as freiras, os bispos e os leigos. Todos eles estavam e estão prontos para ser infectados.

Segundo o purpurado, ao entrarem em lugares perigosos, estas pessoas demonstram que estão prontos para serem feridos pelo amor, pela solidariedade.“Quando uma pessoa ama, está pronta para ser ferida”, afirmou.

Futuro de proximidade pós-Covid

 A Congregação para a Evangelização dos Povos, a Caritas, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e outras realidades da Igreja foram chamados a dar sua própria contribuição no mundo pós-Covid.

“Nosso Dicastério de Propaganda Fide, por exemplo, ajudou as Igrejas locais, especialmente nas chamadas necessidades institucionais, por exemplo, a fornecer alimentos e bens de saúde e de primeiras necessidades em terras de missão”, frisou o cardeal.

Responder de maneira crível a uma crescente secularização

Dom Tagle lembra que a Caritas foi encarregada, por sua vez, da missão de educação e formação das comunidades locais. Isso, “para enfrentar a pandemia, para ajudar as comunidades a não dependerem totalmente de seus governos”.

Na missão da Igreja, para além da emergência pandêmica, disse o cardeal, há também a necessidade de responder de maneira crível a uma crescente secularização, ligada a uma globalização “que não é apenas um fato econômico, mas também de cultura”.

“Não é possível ter escudos ou barreiras para proteger as pessoas da circulação dessas ideias, mas isso não representa um problema, mas sim um desafio que nos leva a valorizar nossa fé”.

Otimismo sobre possíveis frutos do acordo Santa Sé-China

Por fim, o purpurado respondeu a uma pergunta sobre o acordo Santa Sé-China. O cardeal Tagle disse estar otimista em relação à China.

“Sei que nosso Papa São João Paulo II tinha o sonho de ir lá, e estou certo de que é também o sonho do Papa Francisco”, comentou.

“Esperamos que o acordo entre a China e a Santa Sé, embora limitado e não perfeito, abra as portas para esta possibilidade. A diplomacia com os asiáticos é muitas vezes surpreendente: quando não se espera uma porta aberta, as janelas se abrem imediatamente”.

(Fides)

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