Tríduo Pascal

Missa da Ceia do Senhor no Vaticano: a Eucaristia é o coração da Igreja

Cardeal Re presidiu a Missa da Ceia do Senhor, destacando o dom da Eucaristia e a instituição do sacerdócio

Jéssica Marçal
Da Redação

O Cardeal Giovanni Battista Re durante o momento da homilia / Foto: REUTERS/Remo Casilli/Pool

O decano do colégio cardinalício, Cardeal Giovanni Battista Re, presidiu a Missa da Ceia do Senhor nesta Quinta-Feira Santa, 1º. A celebração na Basílica Vaticana abre o Tríduo Pascal. Concelebrando, alguns cardeais e bispos e superiores da Secretaria de Estado. Em virtude da pandemia, não houve o tradicional rito de lava-pés. 

Em sua homilia, Cardeal Re destacou dois pontos de destaque nessa celebração: o dom da Eucaristia e a instituição do sacerdócio. Também acenou para a força que vem da Eucaristia para superar momentos difíceis, como o da pandemia. E citou ainda o dia de hoje como propício a uma reflexão acerca dos pecados, sem jamais esquecer o amor e a proximidade de Deus.

Leia também
.: Vaticano divulga nota sobre a Semana Santa em tempos de pandemia
.: CNBB explica significado das celebrações da Semana Santa

A celebração da Ceia do Senhor faz reviver a noite em que Jesus instituiu a Eucaristia e o sacerdócio, deixando o mandamento do amor fraterno. Com isso, o cardeal explicou que essa noite recorda o quanto a humanidade foi amada: o Filho de Deus não nos deu qualquer coisa, mas deu a Si mesmo.

“A existência da Eucaristia se explica somente porque Cristo nos amou e quis se fazer próximo a cada um de nós por todos os séculos, até o fim do mundo. Somente um Deus poderia conceber um presente tão grande e somente um poder e um amor infinitos poderiam realizá-lo”.

O dom da Eucaristia

Cardeal Re frisou que a Igreja sempre considerou o sacramento da Eucaristia como o dom mais precioso. É o dom mediante o qual Cristo caminha com a humanidade como luz, como força, alimento e apoio.

“A Eucaristia é o centro e o coração da vida da Igreja. Deve ser o centro e o coração também da vida de cada cristão”, disse. Ele acrescentou que quem acredita na Eucaristia nunca se sente só na vida: sabe que, na penumbra e no silêncio, Deus está ali. “Diante do tabernáculo, cada um pode confiar o que tem no coração e receber conforto, força e a paz do coração”.

Mas a Eucaristia não é somente para crença, também deve ser vivida, pontuou o decano do colégio cardinalício. “A Eucaristia é o chamado à abertura ao outro, ao amor fraterno, ao saber perdoar e a vir em auxílio de quem está em dificuldade; é convite à solidariedade”.

Leia também
.: Comissão para a Liturgia orienta sobre a Semana Santa durante pandemia
.: On-line: Padre Adriano Zandoná comenta sobre o Acampamento da Semana Santa

A instituição do sacerdócio

Sobre a instituição do sacerdócio católico, o cardeal lembrou a fala de Jesus aos apóstolos, nesta noite e três dias depois, no domingo de Páscoa, quando frisou o perdão dos pecados. “Deste modo, Cristo irradiou sobre os apóstolos os poderes sacerdotais, para que a Eucaristia e o Sacramento do Perdão continuassem a ser renovados na Igreja; deu à humanidade um dom incomparável”.

Pela tradição, após a Missa da Ceia do Senhor segue-se com a Adoração Eucarística e várias iniciativas de oração durante a noite. Porém, diante da pandemia de covid-19, isso não será possível, visando evitar o risco de contágio.

“Retornando, porém, às nossas casas devemos continuar a rezar com o pensamento e o coração cheios de gratidão por Jesus Cristo, que quis permanecer presente entre nós (…) Dele, que experimentou na carne e na alma o sofrimento físico e a solidão, queremos tirar a força de que precisamos, agora mais do que nunca, para enfrentar os grandes desafios desta pandemia que faz milhares de vítimas todos os dias em todo o planeta”.

O cardeal frisou ainda que, para que termine este drama, é preciso recorrer a todos os meios humanos que a ciência coloca à disposição. Mas é necessário um passo extra insubstituível: rezar para que a mão de Deus ponha fim a esta situação trágica.

Os pecados e a proximidade de Deus

A consideração final do cardeal foi sobre a reflexão acerca dos pecados. Isso uma vez que esta foi também a noite da traição: enfrentaram-se o amor de Deus e a traição do homem. Trata-se, portanto, de um convite a reconhecer os próprios pecados e tomar o caminho do arrependimento e da renovação para alcançar o perdão de Deus.

“Na Eucaristia, Deus chegou tão perto de nós que nunca devemos nos sentir abandonados, porque sempre estamos cercados por Ele, amados e convidados a alcançar, com o arrependimento e o Sacramento da Reconciliação, a alegria do seu perdão e começar uma retomada espiritual com coração mais aberto a Deus e a todos os nossos irmãos e irmãs”.

Semana Santa no Vaticano

As celebrações da Semana Santa seguem no Vaticano nesta sexta-feira, 2. Francisco preside a celebração da Paixão do Senhor na Basílica de São Pedro às 18h (13h em Brasília). A homilia ficará a cargo do pregador da Casa Pontifícia, Cardeal Raniero Cantalamessa. 

Depois, às 21h (16h no Brasil), haverá a Via-Sacra. Neste ano, as meditações foram confiadas ao Grupo Escoteiro Agesci “Foligno I” (da Úmbria) e à paróquia romana dos Santos Mártires de Uganda.

No Sábado Santo, o Pontífice retorna ao Altar da Cátedra na Basílica Vaticana para a Missa da Vigília Pascal. A celebração será às 19h30 (14h30 em Brasília). 

No Domingo de Páscoa, 4, o Papa preside a Santa Missa às 10h (5h em Brasília), também na Basílica Vaticana. Na conclusão, a tradicional Mensagem e Bênção Urbi et Orbi.

Já com o início do tempo pascal, na segunda-feira, 5, a primeira recitação do Regina Coeli com o Papa Francisco na Biblioteca do Palácio Apostólico.

Em virtude da pandemia, as celebrações contam com participação limitada de fiéis. 

 

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo