ASSEMBLEIA PLENÁRIA

Bispos peruanos: buscar uma saída para a crise e recuperar a esperança

Os bispos do Peru concluíram sua 123ª Assembleia Plenária e se pronunciam sobre a atual crise política que afeta o país, exortando as autoridades civis a buscar uma saída urgente para a “profunda crise social e política” que o Peru atravessa

Da redação, com Vatican News

Manifestantes se reúnem nas ruas de Lima, no Peru / Foto: Reprodução Reuters

Diante de “níveis alarmantes de decomposição política, social, econômica e moral” no Peru, bem como “a desconfiança de uma grande porcentagem da população, a perda de credibilidade e boa governança”, os bispos do Peru, no contexto da sua 123ª Assembleia Plenária, se pronunciaram sobre a atual crise política neste país sul-americano.

A declaração dos bispos foi lida em uma coletiva de imprensa, na sede da Conferência Episcopal Peruana (CEP). A conferência foi presidida pelo presidente do CEP, arcebispo Miguel Cabrejos de Trujillo, que também atua como presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM). O arcebispo foi acompanhado pelos membros executivos do CEP, representando os 56 bispos do Peru.

A crise afeta aspectos fundamentais da vida

Essa crise moral e ética, disse Dom Cabrejos, está diretamente relacionada a atos de corrupção nos altos escalões dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como em outros órgãos estatais e setores da sociedade civil. Sem dúvida, continuou, “a corrupção é um câncer que infecta tudo”, como disse o Papa Francisco durante sua visita ao Peru em 2018.

“Esta crise generalizada”, afirmam os bispos do Peru, “afeta aspectos fundamentais da vida peruana, como alimentação, educação e interculturalidade, níveis mais altos de subemprego, insegurança e desemprego; e nos governos regionais e locais essa decomposição também está se espalhando”.

Promover o desenvolvimento humano integral

Diante dessa situação, os bispos peruanos acreditam que “é hora de trabalharmos juntos como sociedade peruana e avançarmos para um projeto de país com um compromisso autêntico com o desenvolvimento humano integral de todos os peruanos”.

Para isso, dizem os bispos, é preciso defender as instituições democráticas e que os governantes respeitem os governados como verdadeiros cidadãos, prestando contas de sua administração. Por isso, “os cidadãos não merecem ver os espetáculos de confronto no e entre os poderes públicos, sobretudo o executivo e o legislativo, pois o confronto permanente aprofunda a sua deslegitimação e os cidadãos já não se sentem representados por eles”.

Voltando ao caminho do diálogo e do bem comum

Da mesma maneira, Dom Cabrejos salientou que “é necessário também orientarmo-nos para o bem comum, superando uma cultura de clientelismo onde o bem público não se distingue do bem privado, ou onde os bens públicos são considerados próprios”.

Nesse sentido, disse, é importante afirmar que “o diálogo democrático responsável, respeitoso e vinculante é a única maneira de encontrar uma saída criativa, clara, decisiva e viável para a crise com base em um consenso firme”. E, continuou, é urgente buscar e estabelecer canais efetivos de articulação e diálogo entre os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e a Sociedade Civil, especialmente a juventude, para garantir a governança e o bem comum.

Priorizar a reforma política e restaurar a credibilidade

Finalmente, os bispos peruanos observam que “o consenso social exige uma transição política que busque urgentemente uma saída para a atual crise profunda, priorizando a reforma política necessária em andamento para recuperar a credibilidade, a confiança e a esperança”.

Por isso, os pastores do país conclamam “todos os setores da sociedade civil a buscarem por canais democráticos o restabelecimento da boa governança e da paz em nosso país, rejeitando a violência como meio de resolução de conflitos”.

Eles também pedem “às mais altas autoridades do país que respeitem a liberdade de imprensa, que é um dos pilares da democracia”. Finalmente, os bispos do Peru pedem à mídia que “relate e comente com verdade, honestidade e respeito”.

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