Canonização

Artemide Zatti: conheça seu exemplo de caridade e amor ao próximo

Nesta segunda matéria sobre a vida do beato Artemide Zatti, salesianos relatam a obra, missão e legado do futuro santo, que é exemplo de caridade e amor

Huanna Cruz
Da Redação 

Artemide Zatti / Foto: Divulgação

A contribuição que cada pessoa pode dar ao mundo através do seu serviço começa onde ela se encontra, seja em casa, na família, no trabalho, na faculdade. Os atos de uma pessoa são capazes de mostrar a sua capacidade de aliviar os fardos daqueles que vivem ou convivem com ele. A caridade eleva o valor dos atos da pessoa e a vida espera cada um no ordinário que quase ninguém vê. Assim se foi criando a santidade do beato Artemide Zatti: no ordinário de sua vida. 

Foi no dia a dia, puro e banal, que a vida de Zatti foi tomando novo sentido e se tornou ocasião para semear o que é bom e agradável a Deus. Segundo o padre Nasciso Ferreira, salesiano, a vida de Zatti na Congregação foi de Irmão Salesiano, que visitava os pobres e doentes e os acolhia. Ele foi aprendendo o ofício de enfermeiro e, depois de um bom tempo atuando na profissão, fez o curso de enfermagem, tornando-se enfermeiro profissional.

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Segundo o sacerdote, Zatti foi acolhendo tantos doentes que aos poucos foi se formando um pequeno Hospital, quase sem dinheiro algum. O beato sempre usou da bicicleta como seu meio de transporte e assim foi atendendo cada vez mais doentes nas cidades de Rio Negro, Viedma e Patagones, cidade e lugarejos vizinhos. O interessante é que até da cadeia pública mandavam doentes para Zatti cuidar.

Pastoral da saúde

A Pastoral da Saúde é a ação evangelizadora de todo o povo de Deus, comprometido em promover, preservar, defender, cuidar e celebrar a vida, tornando presente no mundo a ação libertadora de Cristo na área da saúde. Tem como objetivo evangelizar com renovado ardor missionário o mundo da saúde, à luz da opção preferencial pelos pobres e enfermos, participando da construção de uma sociedade justa e solidária a serviço da vida.

Segundo padre Narciso, o beato fez parte da Pastoral da Saúde, ele foi levando as pessoas para a igreja, levando também os sacerdotes até elas. O que Zatti queria era cuidar do corpo e da alma do povo de Deus. “Dinheiro Zatti não tinha, mas organizava comissões, loterias e leilões”.

O mais interessante na vida de Zatti, como observa o salesiano, é que no início ele não era profissional, mas se tornou profissional para melhor atender os doentes e só é capaz de fazer isso quem de fato se compromete com Deus e com o próximo.

Missão

Para o Padre Narciso, a obra e o legado do beato Artêmides é a caridade concreta, imediata, conforme a necessidade dos destinatários: doentes, pequenos ou grandes. O beato começou sua missão organizando a farmácia do pequeno hospital, pedindo e depois comprando o necessário para o atendimento dos doentes.

Como missão, Zatti estabeleceu um pacto entre ele e aqueles que precisam de cuidados, um pacto baseado na confiança e no respeito mútuos, na sinceridade e na disponibilidade, a fim de superar toda barreira. Para Zatti, esta relação com o doente tinha sua fonte inesgotável de motivação em Cristo.

Bom Samaritano: a caridade como legado de amor

Na página oficial dos Salesianos, em uma mensagem, o Reitor-Mor da Pia Sociedade São Francisco de Sales, Padre Ángel Fernández Artime, afirma que o testemunho de Zatti o caracteriza como um Bom Samaritano, uma pessoa misericordiosa. E ressalta que ser misericordioso como o Pai foi uma missão e um estilo que envolveu todos aqueles que de alguma forma se dedicavam ao hospital.

O Reitor-Mor afirma que, na escola, Zatti se destacou pelo seu serviço junto aos doentes, realizado com amor e competência. Aos poucos, esse serviço se tornou uma missão. Segundo o padre Ángel, Zatti reconheceu a singularidade de cada doente, com sua dignidade e sua fragilidade, sabendo que o doente é sempre mais importante do que a sua doença, e por isso se preocupava com a escuta dos pacientes, das suas histórias, das suas ansiedades, dos seus temores.

A mensagem também afirma que o beato sabia que, mesmo quando não é possível curar, é sempre possível cuidar, consolar, fazer as pessoas sentirem uma proximidade que mostra interesse por elas antes que pela sua doença. Detém-se, escuta, estabelece uma relação direta e pessoal com o doente, sente empatia, deixa-se envolver em seu sofrimento a ponto de assumir tudo como seu.

Por fim, Padre Ángel Fernández ressalta que Zatti viveu a proximidade como expressão do amor de Jesus Cristo, o Bom Samaritano, que com compaixão se aproximou de cada ser humano ferido pelo pecado. Sentiu-se chamado a ser misericordioso como o Pai e a amar especialmente seus irmãos e irmãs doentes, frágeis e sofredores. Viveu essa proximidade não apenas de modo pessoal, mas também de forma comunitária. De fato, ele gerou uma comunidade capaz de cuidar, que não abandona ninguém, que inclui e acolhe especialmente os mais frágeis.

Legado

Segundo o padre Ángel Fernández, a simpática figura de Artêmides Zatti é um convite a propor para os jovens o fascínio da vida consagrada, a radicalidade da sequela de Cristo obediente, pobre e casto, o primado de Deus e do Espírito, a vida fraterna em comunidade, gastando-se totalmente pela missão.  

Segundo o Pe. Ángel Fernández, a vocação de Zatti não é, certamente, uma vocação fácil de discernir e acolher; ela floresce mais facilmente onde as vocações apostólicas leigas são promovidas entre os jovens e lhes é oferecido um alegre e entusiasmado testemunho de consagração religiosa.

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