MIGRANTES E REFUGIADOS

Arcebispo Scicluna: encontro de Florença será 'oportunidade de diálogo'

O arcebispo Charles Scicluna de Malta descreve o próximo encontro de bispos e prefeitos do Mediterrâneo em Florença como uma oportunidade de diálogo para promover a harmonia e a justiça

Da redação, com Vatican News

Migrantes e refugiados durante travessia no Mar Mediterrâneo / Foto: Laila Sieber – Sea Watch via Reuters

O Papa Francisco está programado para se reunir com os bispos e prefeitos de importantes cidades do Mediterrâneo no último dia de um encontro de 3 dias, que será realizado de 23 a 27 de fevereiro em Florença, Itália.

O próximo encontro é dedicado a reflexões sobre os desafios que as comunidades e cidades ribeirinhas do Mare Nostrum são chamadas a enfrentar. Oferece ainda a oportunidade de retomar o diálogo iniciado durante a visita do Papa a Bari, em fevereiro de 2020, cujo encontro atendeu pelo tema: “Mediterrâneo, fronteira da paz”, que reuniu bispos de 20 países ao redor do Mar Mediterrâneo.

À medida que os preparativos para o encontro aumentam, o arcebispo Charles Scicluna, de Malta, falou ao Vatican News em uma entrevista sobre a importância do evento para o pequeno país insular, que é uma importante porta de entrada na rota migratória pelo Mediterrâneo.

Malta: um ponto de encontro

Há muitos anos, um número significativo de migrantes enfrenta as águas do Mediterrâneo para chegar à costa de Malta. De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), entre 1º de janeiro e 31 de dezembro, houve 832 chegadas marítimas ao país.

“Malta está no coração do Mediterrâneo”, explica o arcebispo Scicluna. “Não é apenas uma situação e status geopolítico, mas também faz parte de nossa herança ser um porto seguro para tantos marítimos no Mare Nostrum”, acrescentou.

Mais ainda, na cultura e na história, o país tem sido “um ponto de encontro” e outras vezes “um ponto de conflito”, como bem observou arcebispo. Nesse sentido, destaca o propósito do encontro de promover a causa da paz, vital para a sobrevivência e o bem-estar da região.

Diálogo para a harmonia e a justiça

Refletindo sobre suas expectativas para o encontro, o arcebispo Scicluna observa que será uma “oportunidade de diálogo e de encontro”, o que por si só já é uma bênção.

O religioso disse que o encontro de Florença, que decorre da reunião de 2020 em Bari, oferece a vantagem adicional de criar um fórum para que os bispos se encontrem com líderes civis de importantes cidades do Mediterrâneo para iniciar um diálogo que dará frutos na região — frutos que “serão como os frutos das sementes que plantamos quando nos enfrentamos e quando nos confrontamos também com nossos problemas, com nossos desafios, mas também com nossas esperanças”.

Nesse sentido, o diálogo “trará mais harmonia e também mais justiça, porque teremos que assumir responsabilidades, mas também nos fortalecer na esperança e também na confiança mútua”.

Proteção de migrantes

O arcebispo Scicluna serve a Igreja em vários cargos, inclusive no campo da proteção, investigando casos de abuso sexual relacionados ao clero na Igreja.

Respondendo sobre os esforços da Igreja na defesa da migração e na criação de canais seguros para os migrantes que são frequentemente expostos a situações de perigo, incluindo o tráfico, o arcebispo destacou os frequentes apelos do Papa à proteção da dignidade de toda pessoa humana, independentemente de sua idade ou sua situação.

“Não podemos estar seguros em nossas casas se não estivermos também capacitando outras pessoas a serem seguras e tratadas de maneira humana”, ponderou.

A visita do Papa a Malta

O Papa Francisco viajará a Malta para uma Visita Apostólica de 2 a 3 de abril, oportunidade em que visitará as cidades de Valletta, Rabat, Floriana e a ilha de Gozo.

O arcebispo Scicluna expressou esperança de que a visita do Santo Padre levará uma “mensagem de reconciliação” e “uma voz profética” ao coração do Mediterrâneo, para que suas águas — o “cemitério azul” — tornem-se “um mar de tranquilidade, harmonia e uma passagem segura para as pessoas que tentam encontrar uma vida melhor”.

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