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Aos 90 anos, falece Desmond Tutu, arcebispo da África do Sul

Contemplado com o Prêmio Nobel da Paz em 1984, o religioso lutou contra o racismo sem apelar à violência em seus protestos

Da redação, com Reuters e Vatican News

O arcebispo Desmond Tutu em seu discurso durante o serviço memorial para o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela na Abadia de Westminster em Londres, em março de 2014 / Foto: John Stillwell – Reuters

O arcebispo Desmond Tutu, vencedor do Prêmio Nobel da Paz e reconhecido na África do Sul em sua luta contra o governo da minoria branca, morreu aos 90 anos neste domingo, 26.

“O falecimento do arcebispo emérito Desmond Tutu é outro capítulo de luto na despedida de nossa nação a uma geração de notáveis ​​sul-africanos que nos legou uma África do Sul libertada”, disse o presidente Cyril Ramaphosa.

Tutu nasceu em outubro de 1931 e foi ordenado sacerdote anglicano em 1961. Ganhou destaque em 1978, quando foi nomeado secretário-geral do Conselho de Igrejas da África do Sul.

Um homem com senso de humor travesso e uma risada contagiante que irradiava calor genuíno, Tutu frequentemente usava sua sagacidade para fazer observações sérias.

Falando e viajando incansavelmente ao longo da década de 1980, Tutu forçou o Ocidente a se concentrar no sofrimento da maioria negra da África do Sul sob o governo branco, pedindo sanções contra um governo que se apega ao poder em face da crescente oposição internacional.

Recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1984 por sua campanha não violenta para conquistar a igualdade racial para seu povo e a usou como um escudo para trabalhar além do alcance do governo de minoria branca.

Em 1986, tornou-se o primeiro arcebispo negro da igreja anglicana na África do Sul na Cidade do Cabo, cargo que manteve por uma década.

Tutu continuou a pedir negociações e protestos pacíficos e, como resultado, fez inimigos em ambos os campos. Os radicais negros o acusaram de se comprometer com o apartheid, enquanto os defensores do apartheid o viam como um revolucionário perigoso.

As condolências do Papa Francisco

O Santo Padre enviou um telegrama de condolências por conta da morte do arcebispo sul-africano. 

Na mensagem enviada ao arcebispo Peter B. Wells, núncio apostólico na África do Sul e assinado pelo secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, Francisco disse que ficou triste ao saber da morte do arcebispo.

O Papa também recordou seu serviço prestado ao Evangelho por meio da “promoção da igualdade racial e da reconciliação em sua África do Sul natal”. O Pontífice ainda invocou “as bênçãos divinas da paz e da consolação do Senhor” sobre todos os que lamentam o falecimento do arcebispo Tutu.

Em uma mensagem postada em seu website oficial, a Conferência dos Bispos da África Austral transmitiu suas condolências à “Sra. Leah Tutu, à família e à Igreja Anglicana pela morte do falecido arcebispo emérito da Cidade do Cabo, Desmond Mpilo Tutu.”

O arcebispo, dizia a mensagem, “será lembrado por sua imensa contribuição espiritual para a libertação e a democracia da África do Sul, razão pela qual foi co-laureado com o Prêmio Nobel da Paz. Sua busca por justiça continuou quando ele era o Presidente da Comissão de Verdade e Reconciliação e além”.

 

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