Encontro celebra o Documento de Santarém e têm ocorrido no mesmo local que recebeu representantes das Igrejas locais amazônicas em 1972
Da Redação, com Celam
Segue em andamento o IV Encontro da Igreja na Amazônia. Realizado no Seminário São Pio X, em Santarém (PA), o encontro reúne 100 pessoas, entre cardeais, bispos, presbíteros, membros da vida religiosa, cristãos leigos e leigas, dentre eles representantes dos povos indígenas e de comunidades tradicionais. O evento teve início no dia 6, e segue até 9 de junho.
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Além disso, o evento também se debruça sobre a aplicação das indicações do Sínodo para a Amazônia, realizado em 2018, e recorda as linhas pastorais traçadas para a missão da Igreja na Amazônia.
Segundo o arcebispo local, Dom Irineu Roman, o momento é uma expressão de gratidão a Deus por ter encorajado tantos irmãos e leigos irmãs, religiosos e religiosas, sacerdotes e bispos. “Para entrar nas diversidades desta Amazônia com a missão de anunciar e testemunhar Nosso Senhor Jesus Cristo e sua obra missionária.”
O arcebispo de Cuiabá, Dom Mario Antonio da Silva, pediu que a Igreja continue “encarnada na realidade e na evangelização libertadora”, em um caminho em rede, atitude presente no REPAM. Ele pediu união na defesa da vida humana e de toda a Criação, e junto com ela “proclamar ao mundo a Boa Nova da ecologia integral”.
O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, enviou mensagem em vídeo ao encontro. Ele destacou que Santarém foi um momento importante para toda a Igreja brasileira, e comemorar suas Bodas de Ouro “ajuda a reviver com mais força em todos nós o compromisso assumido por nossa Igreja há 50 anos ”. Ele destacou a importância do Concílio Vaticano II e da Conferência de Medellín, vendo no Documento de Santarém um instrumento para uma evangelização da Amazônia.
Novos passos missionários
O encontro de Santarém comemora 50 anos em um momento difícil, segundo Dom Walmor, que denunciou o desmatamento e pediu uma reação missionária da Igreja na Amazônia a partir do Sínodo para a Amazônia.
Um tempo de desafios, mas também de esperança. O arcebispo de Manaus (AM), Dom Leonardo Steiner, definiu o IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal como “uma pequena assembleia sinodal”. Ele agradeceu à equipe de preparação de um encontro que quer comemorar uma memória que acontece depois do Sínodo, “fruto do caminho iniciado em Santarém”.
Ele pediu, a partir do Documento, para “novamente buscar os elementos que possam ajudar nossas Igrejas particulares neste caminho de profunda encarnação”.
Igreja com rosto amazônico
O Encontro de Santarém destacou uma Igreja com rosto amazônico, segundo Dom Erwin Kräutler, que interveio virtualmente. O bispo emérito da Prelazia do Xingu lembrou as principais contribuições de Santarém.
Essas contribuições inspiraram as linhas prioritárias da pastoral na Amazônia: encarnação na realidade, pelo conhecimento e contato com o povo, na simplicidade que se aprende com o povo. Também destacou o papel fundamental dos leigos comprometidos, o que levou a insistir na formação de lideranças locais.
Análise da realidade
Na análise da situação eclesial, Dom Leonardo Steiner partiu do Documento de Santarém e Querida Amazônia. “Como estamos hoje como Igreja na Amazônia?”, questionou. Também desafiou os participantes do encontro a tentar se posicionar como os irmãos bispos se posicionaram há 50 anos.
Seguindo o Documento de Santarém, analisou os passos a seguir para pôr em prática as suas linhas prioritárias: encarnação na realidade e evangelização libertadora.
Em relação à Querida Amazônia, insistiu que os sonhos são dimensões de uma única realidade, de um todo, um chamado à Igreja para estar presente em cada uma das realidades, para inculturá-las.
O dia terminou com a celebração dos 50 anos do Documento de Santarém, com a presença do povo da Arquidiocese na Igreja de São Francisco.
Foi um momento para recordar um Documento que fez da Igreja uma rede de comunidades e uma das maiores defensoras da vida dos povos originários, do direito à terra, dom de Deus a todos os seus filhos e filhas.
Na ocasião, por fim, Dom Leonardo Steiner, presidente da celebração, chamou a ser cada vez mais sal da terra e luz do mundo, o que ajuda a saborear a vida e a maravilhar-se com um mundo cheio de vida.