Em catequese dedicada aos 60 anos da Nostra aetate, Papa convidou a encontrar os seguidores de outras religiões não como estranhos, mas como companheiros no caminho da verdade
Da Redação, com Vatican News

Papa na catequese desta quarta-feira, 29 / Foto: Andreas Solaro/ AFP
A catequese do Papa Leão XIV nesta quarta-feira, 29, foi dedicada à Declaração Nostra aetate, que inaugurou uma nova etapa de respeito e colaboração entre as religiões. Leão XIV destacou que o documento, que completou 60 anos ontem, “ensina que os fiéis de outras religiões são companheiros de viagem no caminho da verdade”.
Inspirando-se no diálogo de Jesus com a samaritana, o Pontífice afirmou que o Evangelho revela a essência do autêntico diálogo religioso. Trata-se de uma troca que ocorre quando as pessoas se abrem umas às outras com sinceridade, escuta atenta e enriquecimento mútuo. O Papa explicou que esse encontro nasce da sede — a sede de Deus pelo coração humano e a sede humana de Deus — e convida a uma nova compreensão do culto, que não se limita a um lugar específico, mas se realiza em espírito e verdade.
Raízes hebraicas e condenação do antissemitismo
Ao recordar o contexto histórico da Nostra aetate, Leão XIV destacou sua orientação inicial para o mundo judaico e reafirmou com clareza: “A Igreja não tolera o antissemitismo e o combate, por causa do próprio Evangelho.”
O Papa ressaltou que o documento representou um ponto de não retorno na consciência eclesial: “A Igreja reconhece que os primórdios da sua fé e eleição já se encontram nos patriarcas, em Moisés e nos profetas.”
Leão XIV afirmou que o espírito da Nostra aetate continua a iluminar o caminho da Igreja. “Todas as religiões podem refletir um raio da verdade que ilumina todos os homens.” Por isso, disse o Papa, o diálogo não deve ser apenas intelectual, mas profundamente espiritual, tendo suas raízes no amor. A exortação do Pontífice é para que todos os católicos valorizem tudo o que há de bom, verdadeiro e santo nas outras tradições religiosas, rejeitando qualquer forma de discriminação.
Espírito de unidade e colaboração
O Papa convidou os representantes de diferentes tradições a unir esforços diante dos desafios do nosso tempo. “Mais do que nunca, o mundo precisa da nossa unidade, da nossa amizade e da nossa colaboração.”
Leão XIV destacou a responsabilidade comum de promover o bem e proteger a dignidade humana, inclusive no uso das novas tecnologias. “As nossas tradições têm um imenso contributo a dar para a humanização da técnica e para inspirar a sua regulamentação.”
Encerrando a catequese, o Papa lembrou que “a paz começa no coração dos homens” e convidou todos a restaurar a esperança nas famílias, nas comunidades e nas nações. “Trabalhemos juntos, porque se estivermos unidos, tudo é possível. Garantamos que nada nos divide.”
Por fim, Leão XIV convidou a uma breve oração silenciosa, recordando que “a oração tem o poder de transformar as nossas atitudes, os nossos pensamentos, as nossas palavras e as nossas ações”.




