Nesta quinta-feira, 26, Dia Internacional de Combate às Drogas, Papa recebeu cerca de três mil pessoas em audiência no Vaticano
Da Redação, com Vatican News

Papa durante audiência desta quinta-feira, 26, no Pátio São Dâmaso, no Vaticano /Foto: VATICAN MEDIAIPA/Sipa USA via Reuters
No Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas, instituído há 38 anos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar a população global sobre os problemas sociais criados pelo fenômeno, o Papa Leão XIV recebeu cerca de 3500 pessoas no Pátio São Dâmaso. “A presença de vocês aqui é um testemunho de liberdade”, disse o Pontífice.
O Santo Padre enfatizou que a droga e as dependências são uma prisão invisível. “Vocês, de diferentes maneiras, conheceram e combateram, mas todos nós somos chamados à liberdade. Ao encontrá-los, penso no abismo do meu coração e de cada coração humano”, falou o Papa aos presentes.
Combater o mal juntos
Segundo Leão XIV, o Ano Santo do Jubileu leva esperança a todos, especialmente a quem tem “a dignidade tantas vezes diminuída ou negada”. Uma esperança que é “a luz reencontrada através de um grande trabalho”, como a imagem proposta pelo Santo Padre, de Jesus ao encontrar os discípulos no cenáculo na noite da Páscoa:
“Traz a paz, recria-os com o perdão, sopra sobre eles: infunde-lhes o Espírito Santo, que é o sopro de Deus em nós. Quando falta o ar, quando falta o horizonte, a nossa dignidade murcha. Não esqueçamos que Jesus ressuscitado vem novamente e traz o seu sopro! Ele faz isso frequentemente através das pessoas que vão além das nossas portas fechadas e que, apesar de tudo o que possa ter acontecido, veem a dignidade que esquecemos ou que nos foi negada.”
O Pontífice afirmou que para vencer o mal, combater a injustiça e encontrar a alegria, é preciso olhar ao redor. Neste Dia Internacional de Combate às Drogas, Leão XIV pediu aos católicos que se comprometam em uma luta que não pode ser abandonada enquanto alguém ainda estiver aprisionado nas diversas formas de dependência.
“O nosso combate é contra quem faz das drogas e de qualquer outra dependência – pensemos no álcool ou no jogo de azar – seu imenso negócio. Existem enormes concentrações de interesses e organizações criminosas ramificadas que os Estados têm o dever de desmantelar. É mais fácil combater as suas vítimas. Com demasiada frequência, em nome da segurança, travou-se e continua-se a travar a guerra contra os pobres, enchendo as prisões com aqueles que são apenas o último elo de uma cadeia de morte. Quem segura a cadeia nas suas mãos, por outro lado, consegue ter influência e impunidade. As nossas cidades não devem ser libertadas dos marginalizados, mas da marginalização; não devem ser limpas dos desesperados, mas do desespero.”
Ao invés da dependência, a dignidade
O Jubileu, afirmou o Papa, indica “a cultura do encontro como caminho para a segurança, nos pede a restituição e a redistribuição das riquezas injustamente acumuladas, como caminho para a reconciliação pessoal e civil”. Assim, Leão XIV frisou: “vamos seguir juntos, então, multiplicando os lugares de cura, de encontro e de educação: percursos pastorais e políticas sociais que comecem na rua e nunca deem ninguém por perdido”. O Pontífice convocou os jovens a serem os protagonistas da renovação de que a Terra tanto precisa, porque “Deus faz grandes coisas com aqueles que liberta do mal”.
“Se vocês se sentiram rejeitados e acabados, agora não são mais. Os erros, os sofrimentos, mas sobretudo o desejo de vida que vocês carregam, fazem de vocês testemunhas de que é possível mudar. A Igreja precisa de vocês. A humanidade precisa de vocês. A educação e a política precisam de vocês. Juntos, sobre cada dependência que degrada, faremos prevalecer a dignidade infinita impressa em cada um.”
Dados do fenômeno no Brasil e no mundo
Atualmente, o uso e abuso de álcool e outras drogas constituem um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo, por isso a jornada desta quinta-feira, 26, enfatiza a necessidade de planejar ações de combate à dependência química e ao tráfico de drogas.
Segundo o Relatório Mundial do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) divulgado nesta quarta-feira, 25, com a análise mais recente das estimativas e tendências da procura e oferta de drogas, em 2023 quase 316 milhões de pessoas usaram alguma forma de droga (excluindo álcool e tabaco), ou seja, 6% da população mundial entre os 15 e 65 anos (em comparação com 5,2% em 2013). A cannabis continua sendo a droga mais usada.
No Brasil, a 3ª edição do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), divulgada no início de junho, revelou que o número de pessoas que fizeram uso recente de cocaína e crack no país permaneceu estável na última década. Mesmo assim, o Brasil é a segunda nação no mundo, atrás apenas dos EUA, com maior consumo dessas duas drogas.