Reunimos todas as mensagens do Papa Francisco proferidas no Domingo de Páscoa ao longo destes 10 anos de pontificado; Confira os principais enfoques e reflexões
Julia Beck
Da redação
Paz, esperança, amor, fé. Esses são alguns enfoques dados pelo Papa Francisco nas mensagens que proferiu em solenidades de Páscoa ao longo de seu pontificado. Tradicionalmente, desde 2013, o Pontífice não realiza a homilia da Santa Missa de Páscoa e profere a mensagem Urbi et Orbi (à cidade de Roma e a todo o mundo).
Neste ano, com a celebração dos 10 anos do magistério do Santo Padre – mais precisamente comemorado em 13 de março passado, relembre com detalhes as suas principais reflexões pascais:
Cristo é a nossa paz
Em sua primeira mensagem, em 2013, Francisco afirmou: “Cristo é a nossa paz e, por Seu intermédio, imploramos a paz para o mundo inteiro”.
Na ocasião, o Santo Padre explicou que a Ressurreição de Jesus significa que o amor de Deus é mais forte que o mal e a própria morte, podendo transformar a vida e fazer florir o deserto que ainda existe no coração do homem.
Embora Cristo tenha ressuscitado para sempre e para todos, o Pontífice ressaltou que a força da Ressurreição, esta passagem da escravidão do mal à liberdade do bem, deve acontecer todos os dias.
O amor triunfou o ódio
O Papa ressaltou, em 2014, que a mensagem que os cristãos levam ao mundo é: “Jesus, o Amor encarnado, morreu na cruz pelos nossos pecados, mas Deus Pai ressuscitou-O e fê-Lo Senhor da vida e da morte. Em Jesus, o Amor triunfou sobre o ódio, a misericórdia sobre o pecado, o bem sobre o mal, a verdade sobre a mentira, a vida sobre a morte”.
Diante de cada situação humana, marcada pela fragilidade, pelo pecado e pela morte, o Pontífice frisou que esta Boa Nova é um testemunho de amor gratuito e fiel.
“É sair de si mesmo para ir ao encontro do outro, é permanecer junto de quem a vida feriu, é partilhar com quem não tem o necessário, é ficar ao lado de quem está doente, é idoso ou excluído”.
Paz antes de tudo
A paz foi tema central da reflexão feita pelo Santo Padre após conceder a Bênção Urbi Et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo) em 2015. Naquele ano, Francisco recordou as vítimas das guerras, do terrorismo e das perseguições religiosas em vários países.
“Pedimos paz, antes de tudo, para a Síria e o Iraque, para que cesse o fragor das armas e se restabeleça a boa convivência entre os diferentes grupos que compõem estes amados países”. O Pontífice pediu que a comunidade internacional não permanecesse “passiva” perante a “imensa tragédia humana” nesses países e “o drama dos numerosos refugiados”.
O Papa reforçou as suas preocupações em relação aos cristãos perseguidos por causa da sua fé, lembrando ainda todos os “que sofrem injustamente as consequências de conflitos”.
“Quem traz dentro de si a força de Deus, o seu amor e a sua justiça, não precisa usar de violência, mas fala e age com a força da verdade, da beleza e do amor” e com “a coragem humilde do perdão e da paz”, declarou.
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Jesus: a certeza de que a morte foi vencida
Jesus Cristo, encarnação da misericórdia de Deus, por amor morreu na cruz e por amor ressuscitou, recordou o Santo Padre em 2016. “Por isso, proclamamos hoje: Jesus é o Senhor! A sua Ressurreição realizou plenamente a profecia do Salmo: a misericórdia de Deus é eterna, o seu amor é para sempre, não morre jamais. Podemos confiar completamente n’Ele, e damos-Lhe graças porque por nós Ele baixou até o fundo do abismo”, disse.
Segundo Francisco, diante dos abismos espirituais e morais da humanidade, diante dos vazios que se abrem nos corações e que provocam ódio e morte, somente uma infinita misericórdia pode dar a salvação:
“Só Deus pode preencher com o seu amor esses vazios, esses abismos, e evitar-nos de afundar, permitindo-nos continuar caminhando juntos em direção à Terra da liberdade e da vida”. O Pontífice sublinhou que, com as armas do amor, Deus derrotou o egoísmo e a morte. Seu Filho Jesus é a porta aberta da misericórdia de par em par para todos.
Em meio aos problemas: Cristo ressuscitou
Na Páscoa de 2017, o Pontífice exortou os fiéis a repetirem: “Cristo ressuscitou, mesmo diante dos problemas da vida”. Na época, o Santo Padre recordou a cena de Pedro, João e as mulheres diante do sepulcro vazio. Ele observou que os mesmos foram com o coração fechado pela tristeza de uma derrota: o seu Mestre, aquele que tanto amavam, havia sido “derrotado”.
“Mas o Anjo disse a eles: ‘não está aqui, ressuscitou!’. É o primeiro anúncio, ressuscitou! E depois a confusão, o coração fechado, as aparições”, completou Francisco, dizendo ainda que, diante das derrotas, dos corações amedrontados, fechados, a Igreja não cessa em repetir: “Pare! O Senhor ressuscitou!”.
Pressa em anunciar a ressurreição
Há cinco anos, no Domingo de Páscoa, na Praça de São Pedro, o Papa sublinhou que a ressurreição é uma surpresa que coloca todos a caminho.
“O Senhor ressuscitou. Esse anúncio de que desde os primeiros tempos dos cristãos ia de boca em boca; foi a saudação: o Senhor ressuscitou. E as mulheres, que foram ungir no corpo do Senhor, se surpreenderam. A surpresa … os anúncios de Deus são sempre surpresas, porque o nosso Deus é o Deus das surpresas”, disse.
Francisco lembrou que se corre quando algo extraordinário acontece, para ver o que aconteceu. “As surpresas, as boas novas, são sempre assim: com pressa”.
“Deixemo-nos renovar por Cristo”
“Jesus ressuscitou!”. Foi como o Pontífice iniciou sua mensagem de Páscoa em 2019. O Santo Padre aproveitou o momento para recordar a Exortação Apostólica dedicada particularmente aos jovens, Chistus vivit, que, na época, havia acabado de publicar: “Cristo vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida”.
A Ressurreição de Cristo, esclareceu o Papa, é princípio de vida nova para todo o homem e toda a mulher, porque a verdadeira renovação parte sempre do coração, da consciência.
“Queridos irmãos e irmãs, Cristo vive! Ele é esperança e juventude para cada um de nós e para o mundo inteiro. Deixemo-nos renovar por Ele! Feliz Páscoa!”, enfatizou.
“Cristo, minha esperança, ressuscitou!”
Na Páscoa do ano seguinte, em que o mundo vivia a pandemia da covid-19, Francisco ressaltou que ecoava a voz da Igreja: “Cristo, minha esperança, ressuscitou!”.
Segundo o Pontífice, a Boa Nova era um “contágio” diferente, que se transmitia, de coração a coração, porque todo o coração humano aguardava a Ressurreição. “É o contágio da esperança”, afirmou.
A Páscoa de Jesus, disse o Santo Padre, não se trata de uma fórmula mágica, que faz desaparecer os problemas, mas é a vitória do amor sobre a raiz do mal, que transforma o mal em bem: “marca exclusiva do poder de Deus”.
O Ressuscitado é a esperança
A esperança voltou a ser tema da mensagem do Papa no Domingo de Páscoa em 2021. Na ocasião, o Pontífice, além da pandemia da covid-19, também falou sobre as guerras que o mundo vivia. “O Ressuscitado é a esperança”, sinalizou.
O Santo Padre garantiu que o anúncio de Páscoa encerra, em poucas palavras, um acontecimento que dá a esperança. “O crucificado ressuscitou. E as chagas de Jesus são a chancela perene do seu amor por nós.”
Ao citar as guerras, Francisco clamou: “No mundo, há ainda demasiadas guerras, demasiada violência! O Senhor, que é a nossa paz, nos ajude a vencer a mentalidade da guerra”.
“Sejamos conquistados pela paz de Cristo!”
No ano passado, o Santo Padre anunciou a alegre mensagem da Páscoa e recordou as vítimas da guerra, todos os que sofrem em todo o mundo, e apelou ardentemente para que a paz de Cristo entre na vida de todos.
O Papa recordou que cada guerra traz consigo consequências que envolvem toda a humanidade: do luto ao drama dos refugiados, até a crise econômica e alimentar de que já se veem os primeiros sintomas.
Cristo, todavia, exorta todos a não se renderem ao mal e à violência. “Deixemo-nos vencer pela paz de Cristo! A paz é possível, a paz é um dever, a paz é responsabilidade primária de todos!”, pediu ao final de sua reflexão.