Serviço voluntário

Papa: pequenas peças do cotidiano podem construir fraternidade

O valor da fraternidade foi a tônica do Papa em discurso à Federação dos Organismos Cristãos de Serviço Internacional e Voluntário que completa 50 anos

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco / Foto de Arquivo: IPA/Sipa USA via Reuters

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira, 14, os membros da Federação dos Organismos Cristãos de Serviço Internacional e Voluntário por ocasião dos 50 anos da sua fundação. A federação representa mais de 90 organizações que trabalham em mais de 80 países do mundo.

Francisco optou por dirigir algumas palavras espontâneas aos presentes, mas entregou a eles o discurso preparado. No texto, o Pontífice destacou a contribuição da federação na luta contra toda forma de pobreza e marginalização. Também exaltou o trabalho realizado em prol da dignidade humana, sempre em coerência com o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja.

“Obrigado pelo que fazem e pelo modo como o fazem! (…) O seu testemunho é uma resposta concreta para aqueles que não acreditam mais em uma possível paz. De fato, com o seu compromisso, vocês demonstram que cada pequena peça do cotidiano pode formar o grande mosaico da fraternidade”.

O Papa ressaltou o desejo de um mundo solidário, em que cada um seja acolhido e não obrigado a renunciar aos próprios sonhos. Aqui, Francisco lembrou que a sombra de uma terceira guerra mundial paira sobre o destino de nações inteiras, com consequências terríveis para as pessoas. Em especial, citou o sofrimento de idosos, mulheres e crianças. “Que futuro estamos construindo para as novas gerações? Esta é uma questão que deve sempre acompanhar as decisões a nível internacional.”

O “ser” voluntário

O discurso de Francisco também pontuou três objetivos que dizem respeito a todos. O primeiro deles é relacionado ao ser voluntário no mundo. Este é, segundo o Papa, um sinal decisivo e corajoso de abertura e disponibilidade para com o próximo, seja perto ou longe.

“O voluntariado é baseado em uma profunda atitude de solidariedade e todos sabemos o quanto a pobreza, a injustiça, a violência estão presentes em todos os continentes”. Neste sentido, situou o trabalho da federação, que demonstra como é possível ser ‘irmãos e irmãs’ abraçando cada ser humano que Deus coloca no caminho da vida.

Promoção da paz

O segundo objetivo interessa à paz, ferida e pisoteada na Ucrânia e em muitos lugares do planeta. “Quando falta paz, quando prevalecem as ‘razões’ da força, as pessoas sofrem, as famílias são separadas, os mais frágeis são deixados sozinhos.”

Francisco recordou as imagens de destruição e morte que o mundo assiste nos últimos meses. Defendeu que a paz na justiça é condição necessária para uma vida digna, para a construção de um futuro melhor.

“Vocês, voluntários da Federação, são chamados a alimentar a paz em seus corações e a compartilhá-la com todos aqueles que encontram em seu serviço. É o presente mais importante que vocês podem levar consigo para todos os lugares, porque ‘o mundo não precisa de palavras vazias, mas de testemunhas convictas, artesãos da paz abertos ao diálogo sem exclusões ou manipulações”, frisou o Papa recordando a mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2020.

Trabalhar pelo desenvolvimento

O terceiro e último objetivo destacado pelo Papa foi o desenvolvimento. O Santo Padre lembrou que cada pessoa precisa de condições básicas para uma vida digna: junto com a paz, a moradia, a assistência médica, a educação, o trabalho, o diálogo e o respeito mútuo entre culturas e credos.

“A promoção humana continua sendo um compromisso ao qual devemos nos dedicar com disponibilidade, vigor, criatividade e instrumentos adequados. Somente um desenvolvimento integral – da pessoa e do contexto em que ela vive – permite o desenvolvimento de uma boa vida, tanto pessoal quanto social, serena e aberta ao futuro”.

Francisco concluiu seu discurso com palavras de encorajamento: exortou a federação a seguir adiante em seu trabalho cuidando dos irmãos como fez o Bom Samaritano. “Não desanimem pelas dificuldades ou decepções, mas confiem no Senhor, que é rocha e ao mesmo tempo é ternura.”

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