Missa

Papa encoraja a vida consagrada: mover-se pelo Espírito Santo

Papa Francisco presidiu hoje a Missa por ocasião do Dia da Vida Consagrada: palavras de encorajamento e o convite à renovação entusiasmada da consagração

Jéssica Marçal
Da Redação

Papa Francisco diz “não” à inércia, pede uma vida consagrada renovada, movida pelo Espírito Santo e acolhedora de Cristo e dos irmãos / Foto: REUTERS/Remo Casilli

Uma ação direcionada pelo Espírito Santo, uma visão renovada da vida consagrada e o acolhimento a Cristo e aos irmãos. Essas são três mensagens enfáticas do Papa Francisco a religiosos e religiosas neste Dia da Vida Consagrada. O Pontífice presidiu a Missa na Basílica de São Pedro com uma reflexão voltada a uma revisão de vida e encorajamento na missão dos religiosos e religiosas.

Mover-se, ver e acolher foram três verbos de destaque na homilia de Francisco, que levaram a três perguntas para quem vive a vida consagrada. As três ações surgiram a partir da observação da atitude de Simeão e Ana, que aparecem na liturgia dessa que é a Festa da Apresentação do Senhor. A festividade recorda a apresentação do Menino Jesus no templo e sua consagração. Segundo o relato bíblico, Simeão foi movido pelo Espírito Santo, depois viu no Menino a salvação e O acolheu nos braços.

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O que move os consagrados?

Francisco lembrou que Simeão vai ao templo movido pelo Espírito Santo. A partir disso, questionou aos consagrados: “Deixamo-nos mover principalmente pelo Espírito Santo ou pelo espírito do mundo?”. O Papa destacou que o Espírito Santo leva a reconhecer Deus na pequenez. Em vez disso, há o risco dos religiosos se moverem à procura de visibilidade e números. “O Espírito não pede isto; deseja que cultivemos a fidelidade diária, dóceis às pequenas coisas que nos foram confiadas”.

O Pontífice frisou o exemplo da fidelidade de Simeão e Ana, que vão ao templo diariamente, esperam, sem desânimo nem lamentação. Eles alimentam a chama da esperança que o Espírito acendeu em seus corações. E, mais uma vez, o Papa propôs a reflexão sobre o que move o cotidiano do consagrado.

“Como nos movemos na Igreja e na sociedade? Às vezes, mesmo por trás da aparência de boas obras, podem ocultar-se a traça do narcisismo ou o frenesi do protagonismo. Noutros casos, embora realizando muitas coisas, as nossas comunidades religiosas parecem ser movidas mais pela repetição mecânica – fazer as coisas por hábito, apenas para fazê-las – do que pelo entusiasmo de aderir ao Espírito Santo”.

O que os consagrados veem?

O segundo ponto foi uma reflexão sobre o que os consagrados veem. Francisco pontuou que Simeão, movido pelo Espírito, viu e reconheceu Cristo. Embora seus olhos estivessem cansados pelos anos, viram o Senhor e a salvação.
“E nós? Que veem os nossos olhos? Que visão temos da vida consagrada? Muitas vezes, o mundo vê-a como um «desperdício», uma realidade do passado, qualquer coisa de inútil; mas nós, comunidade cristã, religiosas e religiosos, que vemos?”, questionou.

O Papa falou de sua alegria de ver consagrados e consagradas idosos, que continuam a sorrir com os olhos luminosos, dando esperança aos jovens. E pontuou que Deus não cessa de dar sinais para cultivar uma visão renovada da vida consagrada.

“Não podemos fingir que não os vemos e continuar como se não importassem, repetindo as coisas de sempre, arrastando-nos por inércia nas formas do passado, paralisados pelo medo de mudar. Abramos os olhos: através das crises, dos números que faltam, das forças que esmorecem, o Espírito convida-nos a renovar a nossa vida e as nossas comunidades.”

O que a vida consagrada acolhe?

Simeão acolheu Jesus nos braços, lembrou o Papa, uma cena única nos Evangelhos e rica de significado. E ao tomá-Lo nos braços, pronunciou palavras de bênção, louvor e maravilha. Palavras estas que não podem faltar aos consagrados.

“Se aos consagrados faltam palavras que bendizem Deus e os outros, se falta a alegria, se esmorece o entusiasmo, se a vida fraterna é apenas fadiga, se falta a maravilha, isso não acontece porque somos vítimas de alguém ou dalguma coisa, mas porque os nossos braços já não estreitam Jesus.”

Em contraposição à amargura e lamentação por aquilo que não funciona e ao rigor e pretensão de superioridade, o Papa frisou o acolhimento a Cristo e aos outros. Exortou, então, os consagrados a este movimento: abrir os braços para Cristo e para os irmãos.

“Caríssimos, renovemos hoje, com entusiasmo, a nossa consagração! (…) Mesmo que experimentemos fadiga e cansaço, façamos como Simeão e Ana que esperam com paciência na fidelidade do Senhor e não se deixam roubar a alegria do encontro com Ele”, concluiu.

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