Carta

Fraternidade pode derrotar o vírus do individualismo, frisa Papa

Francisco enviou uma carta à presidente da Conferência Mundial dos Institutos Seculares por ocasião do Dia da Vida Consagrada

Da redação, com Vatican News

Foto: Imagem de Shutterbug75 por Pixabay

No Dia da Vida Consagrada – celebrado nesta quarta-feira, 2, o Papa Francisco enviou uma carta à Jolanta Szpilarewicz presidente da Conferência Mundial dos Institutos Seculares. O Pontífice recordou o 75° aniversário da Constituição Apostólica Provida Mater Eclesia. 

Na Constituição Provida Mater Ecclesia, escreveu Francisco, Pio XII “reconheceu a forma de testemunho que, especialmente desde as primeiras décadas do século passado, estava se espalhando entre católicos leigos particularmente comprometidos”.

E um ano depois, em 12 de março de 1948 com o Motu próprio Primo feliciter, “o mesmo Pontífice acrescentou uma importante chave interpretativa: em comparação com Provida Mater, que indicava vocês simplesmente como “Institutos”, o motu proprio acrescentava que a identidade específica de seu carisma provinha da secularidade, definida como a “razão de ser” dos próprios Institutos (Primo feliciter, 5). Isto deu plena legitimidade a esta forma vocacional de consagração no século.

Caminho de santificação do homem

Depois da recordação histórica o Papa fez um convite: “Sejam animados, caros membros dos Institutos Seculares, pelo desejo de viver uma ‘santa secularidade’, porque vocês são uma instituição leiga. São um dos carismas mais antigos e a Igreja precisará sempre de vocês”.

Mas a sua consagração, recordou o Santo Padre, não deve ser confundida com a vida religiosa. “É o batismo que constitui a primeira e mais radical forma de consagração, (…) o batismo é a fonte de toda a forma de consagração”.

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“Por outro lado – continuou Francisco – os votos são o selo do seu compromisso com o Reino. E é precisamente esta dedicação indivisível ao Reino que lhes permite revelar a vocação original do mundo, o seu estar a serviço do caminho de santificação do homem. A natureza específica do carisma dos Institutos Seculares os chama a serem radicais e, ao mesmo tempo, livres e criativos para receber do Espírito Santo a forma mais apropriada de viver seu testemunho cristão. Vocês são institutos, mas nunca se institucionalizem!”.

Semente e fermento

O Papa continuou sua carta afirmando ainda: “A secularidade, seu traço distintivo, indica uma forma evangélica precisa de estar presente na Igreja e no mundo: como uma semente, um fermento”.

Segundo o Pontífice, a semente é a premissa da vida, o fermento é o ingrediente essencial para que o pão seja perfumado. “Convido, portanto, a aprofundar o significado e o modo de sua presença no mundo e a renovar em sua consagração a beleza e o desejo de participar da transfiguração da realidade”.

Passo sucessivo

Neste ponto o Santo Padre convidou: “Há um novo passo a ser dado. Originariamente, vocês escolheram “sair das sacristias” para levar Jesus ao mundo. Hoje, o movimento de sair deve ser completado por um compromisso de tornar o mundo presente (não a mundanização!) na Igreja”.

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“Vocês viveram muitas mudanças com antecedência. Mas sua experiência ainda não enriqueceu suficientemente a Igreja. O movimento de profecia que vocês hoje são chamados é o próximo passo depois daquele que os viu nascer. Isto não significa voltar à sacristia, mas ser ‘antenas receptivas, que transmitem mensagens’”.

É tempo de testemunhar

Francisco escreveu ainda que na encíclica Fratelli tutti, “lembrei que a degradação social e ecológica em que o mundo se encontra hoje é também uma consequência de uma forma inadequada de viver a religiosidade”.

 “Penso em vocês como um antídoto para isto. A secularidade consagrada é um sinal profético que exorta a revelar com a vida mais do que as palavras o amor do Pai, para mostrá-lo diariamente nas estradas do mundo. Hoje não é tempo de discursos persuasivos e convincentes; é sobretudo tempo de testemunhar porque, enquanto a apologia divide, a beleza da vida atrai. Sejam testemunhas que atraem!”.

Sejam o fermento e o sal da vida

Por fim, o Papa destacou ainda: “A secularidade consagrada é chamada a colocar em prática as imagens evangélicas do fermento e do sal. Sejam um fermento de verdade, bondade e beleza, fermentando comunhão com os irmãos e irmãs ao seu redor, pois somente através da fraternidade o vírus do individualismo pode ser derrotado. E sejam o sal que dá sabor, porque sem sabor, desejo e maravilha, a vida permanece insípida e as iniciativas permanecem estéreis”.

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