Na Catequese, Francisco afirmou que a perseguição no início da história da Igreja impulsionou a evangelização ao invés de reprimi-la
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade na Audiência Geral desta quarta-feira, 2, ao ciclo de catequeses sobre o Livro dos Atos dos Apóstolos. “No Livro dos Atos dos Apóstolos, a perseguição aparece como um estado permanente da vida dos discípulos, de acordo com o que disse Jesus: ‘Se perseguiram a mim, vão perseguir vocês também’. Mas a perseguição, ao invés de apagar o fogo da evangelização, o alimenta ainda mais”, constata o Santo Padre.
O Pontífice recordou que o diácono Filipe começou a evangelizar as cidades da Samaria e recebeu vários sinais de libertação e cura que acompanharam o anúncio da Palavra. “Nesse ponto, o Espírito Santo marca uma nova etapa da viagem do Evangelho: impele Filipe a ir ao encontro de um estrangeiro do coração aberto a Deus”, apontou.
“Filipe se levanta, parte com ímpeto e em uma estrada deserta e perigosa encontra um alto funcionário da rainha da Etiópia, administrador geral do tesouro dela”, sublinhou o Papa. Esse homem, um eunuco, depois de passar por Jerusalém para o culto, está retornando ao seu país. Era um judeu prosélito da Etiópia. Sentado em seu carro, lê o quarto canto do “Servo do Senhor” do Livro do Profeta Isaías. Filipe se aproxima dele e lhe pergunta: ‘Você entende o que está lendo?’.
Leia mais
.: Papa: evangelizar com testemunho, sem proselitismo
.: Papa Francisco: a evangelização é obra de todo Povo de Deus
.: Papa diz que nova evangelização se faz com testemunho de vida
O etíope responde: ‘Como posso entender, se ninguém me explica?’. Aquele homem poderoso, observa Francisco, reconhece que precisa ser ajudado para entender a Palavra de Deus. Era o grande banqueiro, era o ministro da economia, tinha todo o poder do dinheiro, mas sabia que sem explicação ele não conseguia entender, era humilde. Segundo o Santo Padre, o diálogo entre Filipe e o etíope leva a refletir sobre o fato de que não é suficiente ler a Escritura, mas é preciso entender o seu sentido, encontrar a essência, indo além da superfície.
Em seguida, o Pontífice recordou as palavras do Papa Bento XVI no início do Sínodo sobre “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”: “A exegese, a verdadeira leitura da Sagrada Escritura, não é somente um fenômeno literário (…). É o movimento da minha existência. Entrar na Palavra de Deus é estar dispostos a sair dos próprios limites para encontrar Deus e conformar-se a Cristo que é a Palavra viva do Pai”.
Filipe dá ao seu interlocutor a chave da leitura, apontou o Papa: é aquele servo sofredor manso, que não reage ao mal com o mal. Mesmo que seja considerado um fracassado e estéril, e depois é eliminado, liberta o povo da iniquidade e dá fruto para Deus. “É o Cristo a quem Filipe e toda a Igreja anunciam, que com a Páscoa nos redimiu”, destacou Francisco.
Por fim, o etíope reconhece Cristo, pede o Batismo e professa a fé no Senhor Jesus. “Mas quem impeliu Filipe a ir ao deserto para encontrar esse homem? Quem impulsionou Filipe a se aproximar do seu carro? O Espírito Santo. O Espírito Santo é o protagonista da evangelização”, respondeu o Santo Padre.
Leia também
.: Papa: evangelizar não é se exibir, é dar testemunho de vida
.: Papa Francisco pede uma evangelização aberta e ousada
O Papa prosseguiu: “’Padre, vou evangelizar. Anuncio o Evangelho e digo quem é Jesus. Procuro convencer as pessoas que Jesus é Deus’. Isso não é evangelização. Se não há o Espírito Santo não há evangelização. Isso pode ser proselitismo, publicidade. Evangelizar significa confiar-se ao Espírito Santo que é quem leva você a anunciar, a anunciar com testemunho, com o martírio e a palavra”.
Depois que o etíope encontra Jesus ressuscitado, Filipe desaparece e o Espírito Santo o envia para pregar o Evangelho em outro lugar, recordou o Pontífice. “Disse que o protagonista da evangelização é o Espírito Santo. Qual é o sinal de que você cristã, você cristão é um evangelizador? A alegria, até mesmo no martírio”, ressaltou.
Francisco concluiu sua catequese, pedindo ao Espírito Santo para fazer dos “batizados homens e mulheres que anunciam o Evangelho a fim de atrair os outros não para si, mas para Cristo, que saibam dar espaço à ação de Deus, que saibam tornar os outros livres e responsáveis diante do Senhor”.