Sacerdotes e leigo fazem um retrospecto do Encontro das Famílias com a perspectiva de partilha nas realidades locais da Igreja no Brasil
Huanna Cruz
Da Redação
Um momento para partilhar experiências de trabalhos com famílias no âmbito da Igreja. Assim foi a décima edição do Encontro Mundial das Famílias que, de Roma para o mundo, colocou em evidência o amor familiar como vocação e caminho de santidade. O evento terminou, mas a caminhada continua: a expectativa agora é pelo enriquecimento dos trabalhos com as famílias em cada realidade local.
Segundo o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Crispim Guimarães dos Santos, o acolhimento é um ponto chave para implementar essas reflexões na Igreja no Brasil.
“Nós não temos outro interesse como igreja a não ser que as pessoas conheçam a beleza do Cristianismo, que possam se encontrar com Jesus Cristo como tantos se encontraram, especialmente como o bonito caminho de São Paulo a Damasco, porém não basta se encontrar é preciso caminhar com Jesus se tornar discípulo do mestre”.
O brasileiro André Parreira participou do evento em Roma e, inclusive, conduziu um dos painéis junto com sua esposa, Karina Parreira. Provenientes da Diocese de São João del-Rei, eles são casados desde 1998 e pais de 7 filhos. Há mais de 20 anos eles atuam na preparação para o Matrimônio e na formação de agentes de Pastoral Familiar. Acompanham casais e palestram em retiros no Brasil e no exterior. André publicou diversos livros, artigos e palestras sobre matrimônio e família e é colaborador da seção brasileira do Pontifício Instituto João Paulo II. Para ele, participar do Encontro foi uma experiência inesquecível, além de uma grande responsabilidade. Esse foi, segundo ele, o maior desafio pastoral da sua vida.
“A partir deste encontro, minha meta é continuar o meu apostolado de acompanhamento e formação de casais para que as famílias sejam edificadas sobre a rocha”, afirma. Ele relata ainda que, após o encontro, retorna ao Brasil edificado e com um renovado ardor, também com uma visão mais ampla da realidade de pastoral familiar em todo o mundo.
Valorização das experiências locais
Uma peculiaridade desta edição foi a descentralização desejada pelo Papa Francisco. Dessa forma, o evento aconteceu em Roma, mas a proposta foi a de que, simultaneamente, as dioceses em todo o mundo se unissem em atividades locais com a mesma temática.
Fazendo um balanço do evento, o secretário do órgão vaticano para os Leigos, a Família e a Vida, padre Alexandre Awi Mello, destaca que existem iniciativas próprias que procuram formar famílias e incentivar a santidade da vida familiar.
“Não existe um projeto em si do Vaticano que pretenda direcionar para as igrejas locais a partir do X Encontro Mundial das Famílias, mas sim valorizar as experiências locais, cada realidade é muito diferente uma da outra e é impossível ter programas ou projetos que sejam validos para todos”, explica.
Catecumenato matrimonial
Um dos temas de destaque no encontro foi o documento lançado em 15 de junho: Itinerário Catecumenal para a Vida Matrimonial. A temática apareceu na palestra da subsecretária do departamento Vaticano para os Leigos, a Família e a Vida, Gabriella Gambino.
O documento quer dar uma resposta ao apelo do Papa sobre a importância de preparar bem os casais e acompanhá-los não só imediatamente antes do casamento, mas desde a infância. A proposta é incutir a ideia da importância da vocação familiar, da vocação matrimonial e depois nos primeiros anos da vida matrimonial.
Segundo o padre Alexandre, o documento é uma proposta que deve ser adaptada à realidade de cada país, de cada pastoral, no caso das novas comunidades que querem também colaborar com as igrejas locais, com as dioceses.
Esse documento tem uma série de elementos que podem ser aproveitados para aqueles que querem iniciar o trabalho com as famílias. E de fato é um dos principais impulsos do ponto de vista prático deste X Encontro Mundial das Famílias que muito em breve será traduzido em português para o Brasil.