Papa Francisco: Determinação de seguir em frente, revela força interior

Na oração do Ângelus deste Domingo, o Papa trouxe, em sua reflexão, que a determinada decisão que tomou Jesus, é também mesma que devemos tomar, se quisermos ser seus discípulos de Jesus. 

Mauriceia Silva,

Da Redação

Papa Francisco conduz oração do Angelus de sua janela no Vaticano / Foto: REUTERS

 

Neste XIII Domingo do Tempo Comum, o Papa Francisco dirigiu-se aos milhares de fiéis e turistas vindos de várias partes do mundo, reunidos na Praça São Pedro. O Ângelus foi o último momento da programação do X Encontro Mundial das Famílias.

A passagem do Evangelho do dia, onde Lucas fala da decisão de Jesus de partir para Jerusalém, naquela que seria sua última viagem, foi a inspiração da reflexão do Santo Padre. Motivo pelo qual era necessária uma decisão firme, determinada, e assim esta foi a última mensagem do Santo Padre com a qual o encontro teve a sua conclusão. 

Seguir Jesus requer uma firme decisão

“A liturgia deste Domingo fala-nos de uma reviravolta, diz assim: ‘Enquanto terminava os dias em que devia ser levado ao alto Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém’ (Luc, 9,51). Inicia assim a grande viagem para a Cidade Santa, que exige uma especial decisão por ser a última.”

“Os discípulos, cheios de entusiasmo ainda demasiado mundano, sonham que o mestre irá encontrar o triunfo. Jesus, por outro lado, sabe que a rejeição e a morte é que o esperam em Jerusalém, ele sabe que terá que sofrer muito.” E por isso, afirma o Papa, requer uma firme decisão.

O Papa afirmou que é a mesma decisão que devemos tomar também nós, se quisermos ser discípulos de Jesus. 

E continuou: “Em que consiste essa decisão? Porque devemos ser discípulos de Jesus seriamente, com uma decisão verdadeira, não como dizia uma senhora de idade que conheci: ‘cristãos em água de rosas’. Não! Cristãos decididos, determinados…” 

O “fogo” que Jesus veio trazer à terra

 O Santo Padre explicou que um povoado de samaritanos, ao saber que Jesus se dirigia para Jerusalém, que era a cidade adversária, não o acolheu. Os apóstolos Tiago e João ficaram indignados e sugeriram que Jesus castigasse aquelas pessoas, fazendo descer fogo do céu:

“Jesus não só não aceita a proposta, como repreende os dois irmãos. Eles querem envolvê-lo em seu desejo de vingança, e ele não está de acordo. O ‘fogo’ que ele veio trazer à terra é o amor misericordioso do Pai. E para fazer crescer esse fogo é preciso paciência, é preciso constância, é preciso espírito penitencial.”

Francisco ressalta que, diante daquela situação, os dois apóstolos reagem com ira. Isso acontece também conosco quando, fazendo o bem, talvez com sacrifício, em vez de acolhida encontramos uma porta fechada. 

“Então vem a raiva: tentamos, até mesmo, envolver o próprio Deus, ameaçando com castigos celestiais.”

Determinação de seguir em frente, revela força interior

 Segundo o Papa, a reação de Jesus é bem diferente. Ele, ao contrário, segue outro caminho, não o caminho da raiva, mas aquele da firme decisão de seguir em frente.

Esse caminho está longe de se traduzir em dureza, implica calma, paciência, longanimidade, sem afrouxar minimamente o compromisso de fazer o bem. 

“Este modo de ser não denota fraqueza, mas, ao contrário, uma grande força interior. Ficar com raiva na contrariedade é fácil, é instintivo, recorda o Papa. O que é difícil, é conseguir controlar as reações instintivas e fazer como Jesus, que partiu a caminho de outro povoado.”

Para o Papa, isso significa que, quando encontramos fechamentos, devemos nos voltar para fazer o bem em outro lugar, sem recriminações. Assim, Jesus nos ajuda a ser pessoas serenas, felizes com o bem realizado, e que não buscam as aprovações humanas.

Servir no silêncio

“E nós, em que ponto estamos? Diante das contrariedades, das incompreensões, nos dirigimos ao Senhor, pedimos a Ele sua firmeza em fazer o bem?” pergunta Francisco:

Ou buscamos confirmação nos aplausos, acabando por ser ásperos e rancorosos quando não os ouvimos? Quantas vezes, consciente ou inconscientemente, buscamos os aplausos, a aprovação dos outros?

Com isso, o Pontífice introduz os presentes a refletir se o bem que fazemos é pelo próprio bem ou pelos aplausos. E continua: “Não, isso não está certo. Devemos fazer o bem pelo serviço, e não buscar os aplausos”.

O Papa acrescentou que, às vezes, pensamos que nosso fervor se deve ao senso de justiça por uma boa causa, mas, na realidade, na maioria das vezes, não passa de orgulho, aliado à fraqueza, suscetibilidade e impaciência.

Por fim, o Pontífice incentivou todos os presentes a pedirem a Jesus a força de ser como Ele, de segui-lo com firme decisão neste caminho de serviço. 

Para ele, viver este caminho requer não ser vingativo, não ser intolerante quando surgem dificuldades, quando nos gastamos pelo bem e os outros não entendem isso, antes ainda quando nos desqualificam. 

“Silêncio e em frente. Que a Virgem Maria nos ajude a tomar a firme decisão de Jesus de permanecer no amor até o fim.”

Oração do Envio Missionário

Após o Angelus deste Domingo, foi entregue aos participantes a oração do Envio Missionário que os compromete a serem portadores do anúncio do Evangelho no mundo. A mesma oração foi distribuída no final da Missa celebrada na Praça de São Pedro, no âmbito do X Encontro Mundial das Famílias.

Foram impressos cerca de 60.000 exemplares. Eis as palavras do mandato pronunciado pelo Papa Francisco:

Queridas famílias,

convido vocês a continuarem o caminho

escutando o Pai que chama vocês:

tornem-se missionários nos caminhos do mundo!

Não caminhem sozinhos!

Vocês, jovens famílias, busquem ser guiadas por quem conhece o caminho.

Vocês que estão mais à frente, tornem-se companheiras de viagem para os outros.

Vocês que estão perdidos por causa das dificuldades,

não se deixem vencer pela tristeza,

confiem no amor que Deus colocou em vocês,

supliquem ao Espírito, todos os dias, para reavivá-lo.

Anunciem, com alegria, a beleza de ser família!

Anunciem às crianças e aos jovens a graça do matrimônio cristão.

Deem esperança a quem não a tem.

Ajam como se tudo dependesse de vocês,

sabendo que tudo deve ser confiado a Deus.

São vocês a “costurar” o tecido da sociedade e de uma Igreja

sinodal, que cria relações, multiplicando o amor e a vida.

Sejam sinal do Cristo vivo,

não tenham medo do que o Senhor pede a vocês,

nem de serem generosos com Ele.

Abram-se a Cristo, ouçam-no no silêncio da oração.

Acompanhem os mais frágeis

cuidem dos solitários, refugiados, abandonados.

Sejam a semente de um mundo mais fraterno!

Sejam famílias com um coração grande!

Sejam o rosto acolhedor da Igreja!

E por favor, rezem, rezem sempre!

Que Maria, nossa Mãe, socorra vocês quando não houver mais vinho,

seja um companheira no tempo do silêncio e da provação,

ajude vocês a caminhar junto com seu Filho Ressuscitado.

 

Resumo do Encontro

O X Encontro Mundial das Famílias começou na quarta-feira, 22, e encerrou neste Domingo com atividades centrais em Roma, e com ações em dioceses em todo o mundo, à luz do tema “O amor em família: vocação e caminho de santidade”. 

O Encontro foi organizado pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.

Em Roma, estiveram cerca de 2 mil delegados de 120 países.

O Festival das Famílias, na Sala Paulo VI, abriu o evento durante o qual houve a apresentação dos temas que serão aprofundados no Congresso Teológico Pastoral. 

Mais do que discursos e teorias, o festival que tem como tema “A beleza da família”, foi um momento de ouvir as histórias e testemunhos das famílias.

Cinco conferências ocorreram no Congresso Teológico, sendo que cada temática se articula com os subtemas dos dez painéis, em formato de mesa redonda.

Questões pastorais prioritárias relativas à família, foram discutidas nos painéis. Quase a totalidade dos palestrantes foram casais provenientes de 17 países.

Os atos conclusivos do encontro foram a missa com o Papa Francisco, no sábado, 26, e a participação na oração mariana do Ângelus, no domingo, 26.

 

 

 

 

 

 

 

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