Após o encontro com a Comunidade Muçulmana de Camarões, nesta manhã, o Papa Bento XVI deixou a Nunciatura Apostólica de Iaundé, e se dirigiu, de papamóvel, ao estádio Amadou Ahidjo, a 8 km de distância da capital.
Depois de dar uma volta de papamóvel entre os milhares de fiéis presentes, o Sumo Pontífice presidiu a celebração da Santa Missa para a entrega do Instrumento de Trabalho da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, objetivo principal de sua viagem ao continente africano.
Logo a seguir, após a saudação do arcebispo de Iaundé, Dom Simon-Victor, Tonyé Bakot, em nome dos representantes das Conferências Episcopais da África, que estavam presentes para a publicação oficial do “Instrumentum laboris” da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, o Santo Padre pronunciou sua homilia.
“Jesus Cristo, disse, reúne-nos neste dia em que a Igreja, aqui em Camarões como em toda a terra, celebra a festa de São José, esposo da Virgem Maria. Por isso, “desejo uma festa feliz a todos aqueles que, como eu, receberam a graça de ter este belo nome. Peço a São José que nos conceda sua proteção especial e defenda sempre as famílias, com a sua proteção, como o fez com a sua. A África em geral e Camarões, em particular, correm perigo se não reconhecerem o verdadeiro Autor da Vida! Não se deixem arrastar por falsas glórias e falsos ideais! Cristo é o único Caminho, Verdade e Vida.”
“Aqui neste país, como no resto da África e nos outros continentes, a família passa efetivamente por um período difícil, que será superado com sua fidelidade a Deus. Alguns valores da vida tradicional foram perturbados. As relações entre as gerações alteraram-se de tal maneira que já não favorecem, como antes, a transmissão dos conhecimentos antigos e da sabedoria herdada dos antepassados”.
A qualidade dos vínculos familiares, explicou o Pontífice, está profundamente afetada. Desenraizados e fragilizados os membros das jovens gerações, muitas vezes sem um verdadeiro trabalho, procuram remédio para a sua vida infeliz refugiando-se em paraísos efêmeros e artificiais importados, que nunca chegam a assegurar ao homem uma felicidade profunda e duradoura.
Às vezes, continuou Bento XVI, o homem africano é obrigado a fugir e a abandonar tudo o que constituía a sua riqueza interior. Confrontado com o fenômeno de uma urbanização galopante, ele abandona a sua terra, física e moralmente, em uma espécie de exílio interior, que o afasta do seu ser, dos seus irmãos e do próprio Deus.
“Quero aqui prestar homenagem, com admiração e reconhecimento, ao notável trabalho das inúmeras associações que encorajam a uma vida de fé e à prática da caridade. Deus as cumule de graças! Encontrem na Palavra de Deus um renovado vigor para levar a bom termo todos os seus projetos a serviço de um desenvolvimento integral da pessoa humana na África, especialmente em Camarões”.
A primeira prioridade, ressaltou o Santo Padre, consiste em dar novamente sentido ao acolhimento da vida como dom de Deus. A morte não deve prevalecer sobre a vida! A morte não terá jamais a última palavra!
“Filhos e filhas da África, não tenham medo de crer, de esperar e de amar; não tenham medo de dizer que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, e que só através d’Ele podemos salvar-nos”.
A África é chamada à esperança! Com Cristo, que passou pelo solo africano, deve tornar-se o continente da esperança! Amados irmãos e irmãs, concluiu Bento XVI, de todo o coração lhes repito: como José, não tenham medo de viver como Maria, não temam de amar a Igreja.
Queria ainda dirigir uma exortação particular aos pais de família, uma vez que São José é seu modelo. Este santo revela o mistério da paternidade de Deus sobre Cristo e sobre cada um de nós. São José pode ensinar-nos o segredo da sua paternidade.
Como São José, queridos pais de família, respeitem e amem suas esposas, e guiem seus filhos. Por fim, aos jovens presentes, o Papa dirigiu uma palavra amiga e encorajadora: diante das dificuldades da vida, não percam a coragem! Sigam a Cristo e ofereçam-lhe seu amor.
Às crianças órfãs ou que vivem abandonadas na miséria da estrada; àquelas que foram violentamente separadas dos seus pais, maltratadas e abusadas, e incorporadas à força em grupos militares, que imperam em alguns países, digo: Deus as ama e São José as protege. Invoquem-nos com confiança!
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