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Missão da Pascom é gerar comunhão e interatividade, indica bispo

No contexto do Jubileu do Mundo das Comunicações, que começa nesta sexta-feira, 24, saiba como surgiu a Pastoral da Comunicação e de que forma ela é articulada no Brasil

Julia Beck
Da redação

Foto: Diocese de São José dos Campos

Escrita no espírito do Decreto Conciliar “Inter Mirifica” (1963) e da Instrução Pastoral “Communio et Progressio” (1971), a “Aetatis Novae”, publicada em 1992, foi o primeiro documento a consolidar a expressão “Pastoral da Comunicação” (Pascom). Quem afirma é o presidente da Comissão para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Valdir José de Castro.

Dom Valdir José de Castro /Foto: Padre Rodrigo Antonio da Silva – Diocese de Campo Limpo

O bispo sublinha que o texto do pontificado de São João Paulo II buscava refletir sobre as consequências pastorais decorrentes do desenvolvimento dos meios de comunicação social, num tempo em que o ambiente digital ainda não estava desenvolvido. “Naquela época, já se tinha claro que a experiência humana havia se tornado uma experiência vivida também através do mass media”, comenta. Foi então que a Igreja passou a utilizar diversas linguagens da comunicação para o anúncio do Evangelho.  

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Não basta difundir a mensagem cristã e o magistério da Igreja através dos meios de comunicação, é preciso integrar a mensagem na “nova cultura” criada pela comunicação moderna, considera o presidente da Comissão para a Comunicação da CNBB. Nessa perspectiva, a Instrução Pastoral Aetatis Novae insiste na necessidade da elaboração de planos pastorais e oferece linhas de orientação para a elaboração de tais planos.

“Podemos dizer que esta instrução foi, sim, um passo importante para a presença mais incisiva da Pastoral da Comunicação na Igreja, nas suas diversas instâncias”, aponta.

Pascom Nacional

A Pascom é parte da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB. Os assessores da comissão são: padre Tiago Síbula e Osnilda Lima. Na coordenação, além de Dom Valdir, estão Dom Edilson Nobre e Dom Amilton Silva. Já a Pascom é formado por um trio de coordenação: Janaína Gonçalves (coordenadora-geral), Antônio Kayser (vice coordenador-geral) e Alex Ferreira (secretário-geral).

“Temos uma equipe enorme de coordenadores regionais da Pascom, pois a equipe toda é formada pelos coordenadores de Pascom em cada um dos 19 regionais da CNBB, junto aos seus assessores pastorais e bispos referenciais para a comunicação. É, ao todo, uma estrutura gigantesca, mas que tem funcionado muito bem”, conta Janaína.

“É preciso que o agente de Pastoral da Comunicação compreenda a comunicação do ponto de vista humano e cristão, e se veja como um verdadeiro ‘articulador de comunhão’, a partir da comunicação.
Dom Valdir José de Castro

Periodicamente o organismo conta com eventos e reuniões on-line. Seu principal evento é o Encontro Nacional da Pascom, que acontece em Aparecida (SP), a cada 2 anos. Outro grande evento que tem a participação ativa da Pascom é o Mutirão de Comunicação (Muticom), que reúne todas as instâncias da comunicação católica do Brasil. Ele é realizado a cada dois anos, porém cada edição em uma região diferente do país.

Diretório de Comunicação no Brasil

Atualmente, no Brasil, há também o Diretório de Comunicação. Além de entender a Pastoral da Comunicação como um processo dinâmico, dialógico, interativo e multidirecional, Dom Valdir conta que o documento incentiva a realização de planos pastorais.

Outro dado importante é que o Diretório concebe a comunicação não só do ponto de vista dos “instrumentos técnicos”, ou da “comunicação instrumental” ou “digital”, mas valorizando a comunicação como “proximidade”, como caminho para a construção da “cultura do encontro”, a partir de uma melhor qualidade das relações humanas e da busca pela comunhão.

Desafios

Dom Valdir e Janaína afirmam que são muitos os desafios enfrentados pela Pascom. O bispo recorda a missão do organismo de gerar comunhão e interatividade, alicerçada em quatro eixos: espiritualidade, formação, articulação e produção. “Um grande desafio, porém, é não reduzir a Pastoral da Comunicação aos meios técnicos de comunicação, mesmo esses sendo de suma importância”.

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“É preciso que o agente de Pastoral da Comunicação compreenda a comunicação do ponto de vista humano e cristão, e se veja como um verdadeiro ‘articulador de comunhão’, a partir da comunicação. Daí a necessidade de utilizar os meios de comunicação digitais e analógicos para esse fim”, opina o presidente da Comissão para a Comunicação da CNBB.

Novidades na área tecnológica, entre aplicativos, dinâmicas e estratégias de comunicação são desafios elencados por Janaína. Outro apontamento feito pela coordenadora nacional é a alta rotatividade dentro da Pastoral. Manter a equipe ativa, sem tanta defasagem, é um dos desejos da equipe da Pascom Nacional.

Atuação na pandemia e no Ano Jubilar

“Podemos afirmar que existe uma Pascom antes e depois da pandemia”, sublinha Janaína. Nesse tempo de “caos”, ela assinala que as equipes de comunicação da Pastoral ficaram à frente de grandes necessidades da Igreja no processo evangelizador.

“Infelizmente foi preciso chegar a uma época devastadora como foi a pandemia para enxergarmos que a comunicação não é apenas um meio, mas uma cultura, uma forma de dialogar, seja onde for, sem restrições geográficas e estruturais”
Janaína Gonçalves

Dom Valdir lembra que foi um período trágico para a humanidade, que provocou, dentre outras situações, os períodos de “isolamento”. “Foi nesse contexto que a Igreja começou a valorizar ainda mais o ambiente digital para os contatos e para o serviço à evangelização”.

“Alcançamos um protagonismo nunca visto antes. Infelizmente foi preciso chegar a uma época devastadora como foi a pandemia para enxergarmos que a comunicação não é apenas um meio, mas uma cultura, uma forma de dialogar, seja onde for, sem restrições geográficas e estruturais”, frisa Janaína.

Transmissões de missas, reuniões on-line, lives. Segundo a coordenadora nacional, a Pascom nunca trabalhou tanto como nesse período. E isso fez com que o organismo alcançasse um lugar importante no meio digital, reforçando sua presença.

Neste contexto, ela explica que a atuação da Pascom neste Ano Jubilar será ainda mais intensa. Em todas as Dioceses e Arquidioceses do Brasil, está sendo dada visibilidade ao que acontece no Jubileu. “Nossas equipes estão todas cientes de que falar deste Ano Jubilar é uma tarefa quase diária”, completa.

Formação de agentes

A formação dos agentes da Pascom é pensada em parceria com a CNBB, com as equipes da Pascom nos Regionais da CNBB e proporcionados pela Coordenação Nacional. Para que essa dinâmica formativa tenha sucesso e seja executável, Janaína explica que foram criados os “Grupos de Trabalho” (GTs) para cada eixo.

“O GT de Formação é o grande responsável por sugerir e propor as ações formativas para todos os agentes da Pascom no Brasil. Não precisa ser unicamente apenas esse GT, os outros também podem propor, principalmente o GT de Produção (que é nosso carro-chefe), mas o eixo formativo se torna o grande responsável por tornar possível que os agentes se formem para melhor atuarem na área”, comenta.

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