Na mensagem para a Quaresma, Papa convida a viver intensamente a relação com a Palavra e com o outro
Lizia Costa
Correspondente da Canção Nova em Roma
Uma quaresma de encontros
Desde o início do pontificado, Francisco apresentou aos fiéis a ‘Cultura do encontro’. Uma resposta ao crescente individualismo e à cultura do descartável, em que não se considera a pessoa, mas sim seu valor produtivo. Num dos últimos encontros do Papa com pessoas envolvidas no trabalho de acolhimento de imigrantes e refugiados, Francisco afirmou que è preciso hoje “passar de uma relação de medo, desinteresse e marginalização, que corresponde à cultura do descarte, para uma relação que tenha como base a cultura do encontro, única capaz de construir um mundo mais justo e fraterno, um mundo melhor.
E Francisco, que segue ensinando esse valorizar o outro, escreveu uma mensagem para iluminar a vivência desta Quaresma. Com o título “A Palavra é um dom, o outro é um dom, o Papa, em um texto simples e claro, explica a importância de conjugar neste tempo o encontro com a Palavra e com o próximo.
Para conduzir a reflexão, o Papa escreveu sobre a parábola de Lázaro e o Rico. Antes de explicar a relação deste texto bíblico com o tempo que iniciaremos a viver na Igreja, Francisco afirmou que as nossas práticas quaresmais, como o jejum e a esmola, devem ser sempre orientadas pelo encontro com a Palavra: “somos convidados a ouvir e a meditar mais assiduamente neste tempo”.
Sobre a parábola, o Papa destacou que Lázaro foi chamado sempre pelo nome. Embora pobre, doente e abandonado, tinha uma identidade, uma história. E ele, escreveu Francisco, nos ensina que o outro é um dom, seja ele nosso vizinho ou um pobre desconhecido. “A Quaresma é um tempo propício para abrir a porta a cada necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo. Cada um de nós encontra-o no próprio caminho”.
Sobre a presença um pouco anônima do rico na parábola, Francisco destaca que seu pincipal problema foi não ter dado ouvidos à Palavra de Deus, transmitida pelos profetas.
“A Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a conversão no coração dos homens e orientar de novo a pessoa para Deus. Fechar o coração ao dom de Deus que fala tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão”. Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, sermos purificados do pecado que nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados. Encorajo todos os fiéis a expressar esta renovação espiritual, inclusive participando nas Campanhas de Quaresma que muitos organismos eclesiais, em várias partes do mundo, promovem para fazer crescer a cultura do encontro na única família humana. Rezemos uns pelos outros para que, participando na vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas ao frágil e ao pobre. Então poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa.
No final da mensagem do Papa para a Quaresma ele afirma que as diversas campanhas de quaresma realizadas nas comunidades do mundo inteiro são boas oportunidades de fazer crescer a cultura do encontro, e de abrir as nossas portas aos frágeis e aos pobres.
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