Maria Isabel Guatura integrou a equipe vocacional no início da Canção Nova e explica a importância do discernimento do carisma nestes 40 anos da comunidade
Julia Beck
Da redação
“Deus que chama a pessoa a ser membro Canção Nova. É uma vocação”. A frase é de Maria Isabel Guatura, há 36 anos missionária da comunidade Canção Nova e formadora local na cidade de Cachoeira Paulista (SP). Maria Isabel fez parte da equipe vocacional da Canção Nova no início da comunidade, e relembra como eram admitidos os novos membros: “No começo, era o próprio padre Jonas que nos abordava e então nós, os primeiros a entrar nesta comunidade, as vezes conhecíamos alguém que tinha traços do carisma, e aí desafiávamos a pessoa a viver em comunidade também”.
A missionária, que foi chamada duas vezes por Monsenhor Jonas a pertencer à comunidade, conta que teve certeza do chamado ao sentir um incômodo, uma vontade de ajudar ainda mais na evangelização. “Quando Deus quer algo de você Ele te incomoda uma, duas, três vezes e assim foi comigo”, recorda. Ao aceitar o segundo convite do fundador da Canção Nova, Maria Isabel afirma; “Eu sabia que era a vontade de Deus”.
Leia mais
.: Mês vocacional: padre em missão na África conta sua experiência
.: “Seguir Jesus à luz da fé” é tema do mês vocacional 2018
.: Agosto, mês vocacional
Com 22 equipes vocacionais instaladas em 18 cidades do Brasil, e também no exterior — Jerusalém, Nazaré, França, Portugal e Itália —, o discernimento vocacional obedece hoje um processo que permite avaliar, além do interesse e da inclinação para aquela determinada vocação, se a pessoa possui também as condições e as virtudes exigidas para vivê-las. De acordo com a missionária, documentos internos deram mais clareza a este processo de “chamado”. “Com o tempo tudo foi ficando mais claro, o quanto precisávamos estar atentos às pessoas que vinham para a comunidade”, comentou.
Leia também
.: O chamado vocacional transcende as fronteiras do país
Maria Isabel relata que o primeiro desafio que um membro da equipe vocacional encontra é quanto às características de uma pessoa que diz pertencer ao carisma Canção Nova. “Nós fizemos ao padre Jonas este desafio. Nós o perguntamos acerca destas características, e assim surgiu o documento que traz para nós todo este conceito de uma pessoa Canção Nova. Existe um documento nosso e a partir disso nós passamos a ficar ainda mais atentos”, recorda.
Para fazer uma experiência vocacional na comunidade Canção Nova, a missionária afirma que a pessoa precisa discernir se traz realmente consigo este carisma. Maria Isabel reclembra que a comunidade propõe duas formas de viver o carisma, o primeiro é integrando o Núcleo da Canção Nova, que requer uma entrega total à missão, e a segunda forma é pertencer ao Segundo Elo da comunidade. “No Segundo Elo, a pessoa é chamada a viver o mesmo carisma, mas de uma forma mais externa. Monsenhor Jonas costuma dizer que o Segundo Elo é o nosso braço mais estendido”.
Veja também
.: Nos 40 anos da Canção Nova, conheça o “Santuário do Carisma”
Segundo a missionária o que mais a deixava feliz era ajudar outra pessoa a descobrir a sua vocação. “Uma das coisas que mais me deixava feliz era quando eu sentia que uma pessoa tinha o carisma, e ela também chegava a esta conclusão. Mas às vezes no caminho de discernimento você percebia que algumas pessoas não traziam traços do nosso carisma, mas era chamada por Deus. Então é esse auxílio que a gente dá e dava de ajudar nos discernimentos do carisma, porque se a pessoa é chamada por Deus e não tem o nosso carisma, ela precisa encontrar o lugar dela. Quando a gente pode ajudar o outro a descobrir o seu lugar, é muito legal. A pessoa encontrando o seu lugar, ela será mais feliz”, concluiu.