4 de outubro

Santuário Nacional receberá restos mortais de Dom Aloísio Lorscheider

Cardeal Lorscheider foi arcebispo de Aparecida; translado será no dia de São Francisco de Assis, já que o bispo era franciscano

Julia Beck
Enviada à Aparecida

Cardeal e frade franciscano Aloísio Lorscheide/ Foto: Arquivo CNBB

No dia 4 de outubro, dia em que a Igreja celebra São Francisco de Assis, serão transladados para o Santuário Nacional de Aparecida os restos mortais do cardeal e frade franciscano Aloísio Lorscheider. A decisão e o processo de translado, que ocorrerá entre os dias 4 e 8 de outubro, foram esclarecidos na manhã desta terça-feira, 3, durante uma coletiva de imprensa no Santuário Nacional.

O cardeal, lembrado por sua simplicidade e popularidade, repousará na Capela da Ressurreição até o dia 8 de outubro, data em que faria 94 anos. Posteriormente, será transferido para outro local, ainda não definido, no Santuário Nacional. Nos dias 5 e 6 de outubro haverá celebrações eucarísticas presididas, respectivamente, pelos cardeais Raymundo Damasceno e Cláudio Hummes.

Há mais de 10 anos enterrado em sua terra natal, Daltron Filho, distrito de Imigrante (RS), Dom Aloísio tem um histórico pastoral em duas grandes arquidioceses do país, a Arquidiocese de Fortaleza (CE) e de Aparecida (SP), sendo a última responsável pelo pedido de translado. A carta de autoria do cardeal e arcebispo emérito de Aparecida, Dom Damasceno, foi o pontapé para a abertura do pedido.

“No finalzinho da vida não buscou glórias”, contou o bispo da diocese de Lorena, Dom Frei João Inácio Müller. Ministro provincial na época do falecimento de Dom Aloísio, Dom João conta que em seu primeiro contato com Dom Aloísio o cardeal já apresentava saúde frágil e, mais tarde, próximo à morte, confidenciou seu desejo de ser enterrado na sua cidade natal. “Ele disse: Daltron Filho é um bom lugar para um frade menor”, lembrou Dom Müller, que continuou: “Achamos de fato que era nosso compromisso enterrá-lo lá”, afirmou.

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Dois, três anos depois da morte de Dom Aloísio voltou à tona o assunto sobre o translado. Segundo Dom João, a ordem religiosa constatou que, de acordo com a orientação da Igreja, o lugar de Dom Aloísio era no Santuário Nacional. “Hoje é um entendimento natural e unânime que ele de fato venha para cá. Fico feliz que ele venha para cá. Estando aqui no Vale [do Paraíba] percebo quantos peregrinos vêm até aqui, cerca de 15 milhões, enquanto que em Imigrante são alguns mil (…). As pessoas de Aparecida e do Nordeste que gostam dele terão maior facilidade de vir ao Santuário, onde também é o lugar dele”, declarou.

Da esquerda para a direita: padre João Batista, Dom João Inácio Müller e frei Inácio Dellazari/ Foto: Victor Hugo Barros/ Santuário Nacional

Ministro provincial entre 2003 e 2013, frei Inácio Dellazari acompanhou o processo de pedido do translado e reafirmou como boa a decisão de aprovação do mesmo. “Entendemos que Dom Aloísio, por ser um dom de Deus para a Igreja Universal, ele não nos pertence”, revelou. Sobre o cardeal falecido, o frei recorda: “ Tinha um amor de pastor pelos pequenos e um espírito humanitário muito forte”.

“Quem conheceu Dom Aloísio sabe da humildade e se pode até dizer santidade daquele homem. Ele foi um dos grandes homens que Aparecida conheceu”, afirmou padre João Batista de Almeida, reitor do Santuário Nacional. Segundo o sacerdote, o cardeal, que marcou a Arquidiocese de Aparecida, é considerado um divisor de águas para a história do Santuário Nacional. “Ele foi um ganho pastoral, quem vive aqui sabe o quanto ele significou”, comentou.

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O terceiro arcebispo de Aparecida, foi, de acordo com padre Batista, o responsável pela construção do centro de apoio do Santuário Nacional, pelo nascimento da Campanha dos Devotos, além de implementar a TV Aparecida e a volta dos redentorista para a administração do Santuário. Outro forte traço pastoral elencado pelo sacerdote foi a criação de uma identidade para a Arquidiocese de Aparecida: “Era tudo junto, Santuário e Arquidiocese. Ele conseguiu não só uma divisão física, mas também pastoral”.

Com o translado agendado, Dom Orlando Brandes , atual arcebispo de Aparecida, agradeceu ao povo da cidade de Daltron Filho pela colaboração, a Dom João Inácio por ter auxiliado no caminho de abertura do diálogo, ao frei Dellazari e frei Albano pelo apoio durante o processo. “Que Dom Aloísio interceda por todos nós”, concluiu.

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