Artigo

Para 2017, homens e mulheres de esperança

Em meio a crises e conflitos, o convite para 2017 é para se abrir à esperança que, segundo o Papa Francisco, é inseparável da alegria

Por Osvaldo Luiz

osvaldo luiz

Osvaldo Luiz é jornalista e autor dos livros “Ternura de Deus” e “A Vida é Caminhar”

Fim de ano, tempo de festas e de se desejar felicidades, prosperidade, sucesso. Mas como desejar tudo isso com o tamanho da crise que enfrentamos? Para onde se olha os indicativos não são positivos: política, economia, sociedade. A tão esperada retomada do crescimento só vai sendo adiada. Até o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já descartou melhoras para o primeiro trimestre de 2017 e a expectativa do PIB foi reduzida para 0,8%.

Uma espiral: crise política alimentando a econômica e vice e versa. A pergunta continua: o que veio antes? O “ovo ou a galinha”? Qual das crises? Então, como entrar o ano novo sem um indisfarçável “sorriso amarelo”? A resposta está na ESPERANÇA.

O Papa Francisco fez, nas audiências últimas públicas das quartas-feiras, um ciclo sobre o tema. Olha o que ele disse no início deste mês:

“Temos tanta necessidade, nesses tempos que parecem obscuros, em que tantas vezes nos sentimos perdidos diante do mal e da violência que nos circundam, diante da dor de tantos nossos irmãos. É necessária a esperança! Sentimo-nos perdidos e também um pouco desencorajados, porque nos encontramos impotentes e nos parece que esta escuridão nunca terá fim”.

Não parece que o Papa está falando da gente? Falando dos 12 milhões de brasileiros sem emprego? Do nosso sentimento de temor frente ao aumento da criminalidade? Da sensação de que esta crise não passa nunca? Sem falar de tantos outros problemas mundiais, até bem piores que o nosso: a interminável guerra da Síria, o imenso êxodo dos refugiados, os atentados covardes, a fome que persiste em muitos lugares e as tragédias naturais. Tudo isso, certamente povoou a mente do Santo Padre ao falar da necessidade da esperança, porque “o otimismo desilude, a esperança não!”

Rubem Alves – com beleza característica – delimitou os dois sentimentos: “Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto do otimismo. Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração… Otimismo é alegria ‘por causa de’: coisa humana, natural. Esperança é alegria ‘a despeito de’: coisa divina. O otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas, ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce…” (Concerto para corpo e alma).

O convite, então, é para se abrir à esperança que, segundo o Papa Francisco, é inseparável da alegria. O Natal que acabamos de celebrar é justamente a renovação desta esperança: o nascimento “de Cristo, inaugurando a redenção, nos fala de uma esperança diferente, uma esperança confiável, visível e compreensível, porque está fundada em Deus. Ele entra no mundo e nos dá a força de caminhar com Ele: Deus caminha conosco em Jesus e caminhar com Ele rumo à plenitude da vida nos dará a força de estar de modo novo no presente, apesar de cansativo”.

Renovemos, portanto, nosso ânimo, nossa disposição. Ao virarmos a folhinha de 2016 para 2017, os problemas continuarão mas, com fé, solidariedade e, junto de quem amamos, encontraremos as forças necessárias para uma verdadeira virada.

Em uma das canções de Monsenhor Jonas Abib, uma trilha sonora sugestiva para os primeiros momentos do ano novo:

“A vida é caminhar.
Sou peregrino do amor,
Vou semear a esperança
Deste mundo que há de vir…
Hoje é dia de plantar,
Muita gente em breve vai colher.
Eu não me canso de cantar”.

Feliz 2017!

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