Finanças

Especialistas dão orientações financeiras neste tempo de pandemia

Seguro e Auxílio Emergencial devem ser utilizados de forma prudente e cautelosa

Denise Claro
Da redação

A pandemia do coronavírus, que se instalou no Brasil desde o mês de março, levou o país a uma crise econômica e a uma queda de renda dos brasileiros, devido principalmente ao desemprego no mercado formal. As consequências puderam ser sentidas na queda do poder aquisitivo e na capacidade de consumo das famílias.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que os brasileiros possam chegar até 8% mais pobres em 2021, na comparação com 2019. A situação é difícil para empresas e famílias.  Apesar de quedas recentes, as taxas cobradas pelos bancos estão bem acima do que o Banco Central estabelece para a Selic (3% ao ano). Entre março e abril, a taxa de juros total do rotativo do cartão de crédito desceu de 327,1% em março para 313,4% em abril. No cheque especial, a redução dos juros foi de 130% para 119,3%.

Organizar as finanças

Rogério Nakata, planejador financeiro pessoal e familiar/ Foto: Arquivo Pessoal

O planejador financeiro pessoal e familiar, Rogério Nakata, avalia que a pandemia deixará cicatrizes na vida de milhares de pessoas no mundo e também no Brasil, já que é sinônimo de uma crise financeira não esperada, não só pelo mercado financeiro mas por milhares de famílias.

“Cada lar já tinha um orçamento pré-estabelecido, um estilo de gastos mensal, que de uma hora pra outra foi interrompido e precisou ser adequado à nova realidade.”, diz Nakata.

O especialista alerta que, tanto para quem hoje está empregado quanto para quem infelizmente perdeu o emprego, será necessário um exercício de organização das despesas.

“É o momento propício para as pessoas reverem os gastos, fazer os cortes e ajustes necessários para passar por essa pandemia um pouco mais tranquilas, resilientes.”

Nakata afirma que, pelo fato da maioria das pessoas estarem em casa, podem parar com tempo e organizar o orçamento doméstico, em planilhas, de forma que fique claro para onde o dinheiro vai, e fazer cortes.

“Sempre há um meio de enxugar despesas, e agora é o momento ideal pra fazer isso. É hora de cortar gastos como tv por assinatura, diminuir valores de aluguel, tarifas bancárias que eram pagas, e não se dava conta, taxas de anuidade de cartão.”

Sabedoria no uso do dinheiro

O economista Humberto Felipe/ Foto: Julia Beck – Canção Nova

O economista Humberto Felipe da Silva lembra que quem perdeu o emprego neste tempo de pandemia, precisa ter muito cuidado e planejamento com o seguro e os auxílios recebidos, como o emergencial liberado pelo Governo.

“Quem está desempregado ou teve seu rendimento prejudicado neste período, precisa muito de planejamento, bem mais do que quem tem seus rendimentos garantidos. A primeira coisa a fazer é avaliar os gastos obrigatórios da família. O seguro e os auxílios devem ser utilizados prioritariamente na manutenção da família.”

O especialista ressalta que, se houver sobra, após este período de crise, o ideal é quitar as dívidas existentes, sendo esta uma prioridade. Silva ainda dá dicas de como aplicar o dinheiro. 

“Primeiro, deve-se quitar aquelas em que o credor tem mais facilidade de tomar os bens do devedor, bancos por exemplo. É preciso também eliminar ou reduzir dívidas que tem custos altos, como dívidas com cartão e cheque especial. Quando as dívidas são muito altas o ideal é procurar um especialista. Em geral quem tem dívidas altas perde a capacidade emocional de avaliar as melhores opções e corre o risco de perder mais dinheiro. É preciso ter muito cuidado com esses recursos. A pessoa perde a noção do dinheiro, principalmente se não fez o planejamento.”

Nakata concorda, e lembra que quem está desempregado, deve destinar, se possível, uma parte do dinheiro para cursos (ou buscá-los de forma gratuita e online), que possam agregar ao seu currículo profissional. “Após a pandemia, vai se recolocar quem estiver mais bem preparado, atualizado, e que não ficou parado nesse tempo. Quem buscar este investimento, conseguirá melhores oportunidades.”

Prudência

Nakata ressalta que a economia do país deve levar meses para se normalizar: “Teremos períodos turbulentos a serem atravessados e que precisam de uma constante atenção na vida financeira e pessoal e familiar.”

Silva faz um alerta para que o dinheiro recebido hoje não seja utilizado para compras desnecessárias: “A última coisa que se deve fazer com seguros e auxílios são novas despesas, como por exemplo aquele celular novo muito desejado. A palavra-chave é prudência.”

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