Expectativa para 2019

Cardeal Hummes indica três possíveis eixos do Sínodo Pan-amazônia

O cardeal ressaltou pedido missionário proposto pelo Papa ao Sínodo Pan-amazônia 

Da redação, com Rádio Vaticano

Cardeal Dom Cláudio Hummes, dias após a notícia do futuro Sínodo Pan-amazônia / Foto: Arquivo – Reprodução

O presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica (Repam), Cardeal Cláudio Hummes, indicou quais pode ser os três eixos principais do Sínodo de 2019, dedicado à região Pan-Amazônia: necessidade de um clero autóctone, o desafio da evangelização de uma forma nova e com um novo entusiasmo missionário, e a problemática socioambiental.

Em entrevista, o cardeal ressaltou o pedido missionário proposto pelo Papa Francisco e questionou sobre como aplicá-lo na Amazônia de forma evangelizadora, no sentido próprio, estrito e religioso. “Devemos anunciar explicitamente Jesus Cristo, sua morte e sua ressurreição para aqueles povos”, afirmou.

“Dentro deste contexto de evangelização, temos a questão dos indígenas, que é uma questão que realmente está muito necessitada, já que foi muito fragilizada através dos tempos. Houve muitas discussões sobre que tipo de pregação missionária fazer aos indígenas (…). Sobre isso, houve retrocessos, pessoas que desanimaram, abandonaram a evangelização, entregaram a outras entidades (…). Mas a questão de como fazer uma evangelização explícita se tornou de fato algo que ainda hoje se discute muito, como fazer isso e o que significa?”, questionou Dom Cláudio.

O cardeal explicou a importância de um clero autóctone e o que ele significaria para os povos. “Isso se traduz também em um clero indígena, porque se as próprias comunidades tivessem em seus membros um padre por exemplo que vivesse com eles, essa enculturação seria (…) algo normalmente progressivo, mais autêntico, porque ele é daquela tribo, faz parte daquela história, tem aquelas convicções, aqueles valores”, afirmou.

Segundo Dom Claúdio, um padre indígena significaria um homem que se tornou pastor de Jesus Cristo e que portanto poderia ajudar os indígenas a viverem à sua forma, sem deixarem de ser índios. “Para ser cristão não é necessário deixar de ser índio, isso seria uma barbaridade, destruir uma cultura, uma identidade, para ser cristão”, ressaltou.

Papa Francisco, em 15 de outubro passado, no Vaticano, frisou o discernimento de novos caminhos para evangelização como o objetivo principal, entre os eixos temáticos do Sínodo. “O objetivo principal será discernir novos caminhos para a evangelização desta porção do povo de Deus, os índios, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, bem como as causas da crise da floresta amazônica, pulmão da maior importância para o nosso planeta”, afirmou.

Depois de algum tempo afastado dos compromissos públicos, Dom Cláudio se revela muito feliz por ter recebido a notícia da convocação do Sínodo diretamente do Papa, na Praça São Pedro. “Uma graça recebida dos médicos e de todos os que rezaram e continuam orando”, finalizou o cardeal.

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