Região amazônica tem sido afetada por incêndios florestais; repercussão, em nível internacional, fez chefe de Estado e bispos brasileiros se posicionarem
Da redação, com Vatican News e Agência Brasil
O aumento no número de focos de incêndio em florestas tem sido um dos assuntos mais repercutidos, inclusive nas mídias sociais, com a #PrayForAmazonia (em tradução livre, “Reze pela Amazônia”). A repercussão dos internautas, e também de chefes de Estado, faz referência às imagens e aos dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que mostram um aumento de 82% no número de focos de incêndio florestal entre janeiro e agosto de 2019, em comparação com o mesmo período de 2018. O Mato Grosso é o estado com mais ocorrências. A relação, segundo especialistas, é com o desmatamento e não com uma seca mais forte.
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“Esse círculo vicioso de poluição ambiental, que o Papa Francisco denunciava na Laudato si’, convocando todos a uma verdadeira cruzada contra a poluição e em defesa da nossa Casa Comum, infelizmente é uma consciência que está longe ainda de chacoalhar, de sacudir a consciência mesmo dos cristãos e católicos”, afirmou Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Campo Grande/MS. O bispo relata a situação vivida localmente, como a atuação constante dos bombeiros para apagar focos de incêndio. A consciência para o alerta desse “círculo vicioso de poluição ambiental”, comenta Dom Dimas, precisa partir dos cristãos para uma “verdadeira cruzada em defesa da Casa Comum”:
“É com tristeza que a sociedade brasileira e internacional constatam esse permanente e crescente índice da utilização de queimadas como alternativa para limpeza, fins agrários, e isso em todos os campos do Brasil. Aqui em Campo Grande não é diferente. No nosso Estado, os bombeiros já tiveram, nos últimos meses, que apagar focos de incêndio em quase 300 lugares – mas certamente são ações localizadas. Quando essa mentalidade se espalha para o Brasil todo, a gente acaba ficando insensível diante, por exemplo, do que acontece na Amazônia. Afinal de contas, a Amazônia não é um patrimônio privado, nem é só do governo, ela é um patrimônio de todos os brasileiros. E esse círculo vicioso de poluição ambiental, que o Papa Francisco denunciava na Laudato si’, convocando todos a uma verdadeira cruzada contra a poluição e em defesa da nossa Casa Comum, infelizmente é uma consciência que está longe ainda de chacoalhar, de sacudir a consciência mesmo dos cristãos e católicos”.
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Dom Dimas alertou: “Precisamos de novo resgatar a Laudato si’ e a história mesmo da Igreja no Brasil, que já promoveu várias Campanhas da Fraternidade em torno do tema ecológico. Eu me lembro que já em 1979 houve uma Campanha com o título ‘Preserve o que é de todos’. Então, a consciência ecológica é por uma ‘ecologia integral’ que precisa ser assimilada pelo nosso bom povo brasileiro e, particularmente, por aqueles que têm o ofício de cuidar do que é de todos”.
CNBB pede fiscalização séria
As queimadas fora de controle na Amazônia também “chamam a atenção e preocupam” a CNBB. O vice-presidente, Dom Jaime Spengler, afirma que é necessária uma fiscalização séria. “Segundo especialistas, o fator que melhor explica o aumento no número de focos de calor naquela região é o desmatamento. Provavelmente há também outras situações que caracterizam crimes ambientais e que merecem atenção. Esses elementos apontam para a sempre necessária fiscalização séria”.
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O bispo pediu que o desenvolvimento da região seja orientado por uma ética ecológica e por uma responsabilidade socioeconômica e ambiental. “Não se pode esquecer a dignidade e a nobreza dos ecossistemas da região. Me recordo que o Papa Francisco, na Encíclica Laudato si’, fala do perverso sistema de propriedade e consumo atual. É impressionante essa expressão. Por isso a necessidade de encontrar novos caminhos para a promoção da ‘ecologia integral’, no respeito ao ambiente, aos povos nativos e à própria terra”, frisou.
Posição do Governo Brasileiro
O presidente Jair Bolsonaro, durante live semanal no facebook, se posicionou sobre os incêndios ocorridos na Amazônia. Bolsonaro destacou que o governo trabalha para mitigar o problema e pediu que as pessoas ajudem a denunciar práticas criminosas na área. O presidente também criticou manifestações estrangeiras sobre o assunto e admitiu que tem havido incêndios criminosos e que, segundo ele, isso pode significar uma tentativa de afetar a soberania brasileira sobre a Amazônia.
Bolsonaro comparou os incêndios no Brasil a outros que acontecem anualmente em regiões como a Califórnia, nos Estados Unidos. O presidente também criticou parte da imprensa na cobertura sobre o assunto e reforçou que os problemas decorrentes dos incêndios podem prejudicar a todos no país.
Por fim, o presidente fez um apelo aos fazendeiros da região que estejam ateando fogo em áreas florestais. “Há suspeita que tem produtor rural que está agora aproveitando e tacando fogo geral. Aí as consequências vêm para todo mundo. Se vocês querem ampliar as áreas de produção, tudo bem, mas não é dessa forma que a gente vai conseguir atingir nosso objetivo”. Bolsonaro ainda revelou ter recebido oferta de aeronaves para combater os incêndios por parte do presidente do Chile, Sebástian Piñera, e do Equador, Lenín Moreno.