Engajamento

Qual o papel do leigo na Igreja? Bispo explica

Muito se discute sobre como a Igreja pode ajudar a solucionar problemas do mundo atual. Mas em várias questões, como em casos polêmicos de aborto ou eutanásia, os leigos também têm um forte papel a ser desempenhado. Nesta quarta-feira, 25, a Comissão para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentou, durante a 50ª Assembleia Geral dos bispos, os trabalhos que vem sendo desenvolvidos para estimular cada vez mais a atuação desses fiéis na Igreja.

Para o presidente dessa Comissão, Dom Severino Clasen, bispo de Araçuaí (MG), os leigos são evangelizados e, ao mesmo tempo, evangelizadores. Ele informou que a Comissão vem trabalhando para ajudar os leigos a, cada vez mais, serem evangelizadores, poderem anunciar o Evangelho, e não só recebê-lo.

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“Fazer com que esses leigos que atuam na sociedade atuem do jeito como aprendem dentro da Igreja. Que haja uma extensão, uma coerência de vida. Que não fique dentro da Igreja uma postura e fora da Igreja outra. A Comissão vai estar muito atenta para criar canais desta mudança, desta conversão junto dos leigos”, explicou.

Sobre a atual participação dos leigos nos assuntos relacionados à Igreja, Dom Clasen disse que ainda há muito a ser feito. Ele acredita que há muitos problemas na sociedade de hoje e que os leigos precisam ser mais atuantes.

O bispo de Araçuari explicou que há muitos leigos bem preparados, que estudam Teologia, a Bíblia e fazem cursos de preparação. Nesse sentido, o grande desafio é aproveitar essas pessoas bem atuantes para estimular as demais.

“Fazer com que esse volume de leigos preparados também atuem nas camadas onde quer que estejam. Por exemplo, o leigo que é político. Que ele convença o político para que seja correto, ético e defenda a população e não a preocupação de ser reeleito na eleição seguinte. Essa questão tem que ser mais digerida, assumida e assimilada na sociedade”, enfatizou.

Atuação à luz do Vaticano II

O Concílio Vaticano II pode ser muito valioso para auxiliar os leigos a exercerem um papel mais atuante. Segundo Dom Clasen, estes documentos estão à frente. Ele exemplificou com duas correntes de documentos que se tem hoje: o Apostolicam Actuositatem, que se refere ao apostulado dos leigos no mundo de hoje, e o Lumen Gentium, luz para os povos.

“Eles (os documentos) nos dão o caráter e a necessidade de nós fazermos com que o leigo não seja “bipolar”, que uma hora ele é correto e em outra não tem nada a ver com a verdade e justiça. Ele (o leigo) tem que ter uma postura de vida e esses documentos nos colocam isso. Como atuar e ser luz de esperança na família, no trabalho, na Igreja”.

Questões polêmicas

Os leigos podem ter ainda uma função muito importante no trabalho de conscientização, em especial no que diz respeito a temas polêmicos como aborto e eutanásia. Para o arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, a participação dos leigos nesses diálogos é fundamental.

“Os católicos, leigos e leigas, são chamados sim a exercer sua cidadania dentro da sua área de competência. É muito importante, por exemplo, que juristas, pedagogos, médicos e outros especialistas estejam ali nas discussões levando suas contribuições e, sobretudo, uma visão de pessoa que não é baseada apenas nos mandamentos, na lei de Deus ou da Igreja, mas numa lei chamada lei natural que é acessível à própria racionalidade e que a boa ciência ajuda a consolidar. Então quanto mais nós estivermos presentes nesses ambientes de discussão, tanto melhor”, ressaltou.

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