Conhecer e amar

Mundo precisa buscar, no Coração de Jesus, a cura das feridas, diz padre

Sacerdote dehoniano destaca que a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus recorda o mistério do amor de Deus pela humanidade, que ainda precisa ser amado e conhecido

Kelen Galvan
Da redação

“Do coração de Cristo aberto na cruz nasce um homem novo”, destaca padre Alex Baptista / Foto: Jonathan Dick, OSFS na Unsplash

“Mesmo 350 anos depois das aparições do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Alacoque, o mundo ainda não conhece totalmente o Coração de Jesus”, afirma o padre Alex Simão Baptista, scj, diretor do Seminário Padre Dingler, na cidade de Lucas do Rio Verde (MT).

O sacerdote dehoniano destaca que a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebrada nesta sexta-feira, 27, é uma das festas mais ricas da vida da Igreja. Primeiramente porque ela recorda o mistério do amor de Deus pela humanidade, que é manifestado na história da salvação. E, ao mesmo tempo, ela nos coloca diante da imagem de Jesus, que é totalmente Deus e totalmente homem.

Padre Alex Simão Baptista, scj / Foto: Arquivo Pessoal

Padre Alex explica que o homem ama a partir do seu limite, da sua frieza e indiferença, mas o Coração de Jesus ama a partir de sua entrega e oblação na cruz.

“’Do coração de Cristo aberto na cruz nasce um homem novo’, como disse o fundador da nossa congregação, porque esse coração de Jesus nos ensina a amar como se deve, a amar como Deus nos ama”, destaca. Os Dehonianos são os Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, uma congregação religiosa fundada por Padre Leão Dehon em 1878.

Devoção para os tempos de hoje

Em outubro do ano passado, o Papa Francisco publicou o mais recente documento da Igreja que fala sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus: a Encíclica “Dilexit nos” (“Amou-nos”). No documento, o Papa aprofunda sobre o amor humano e divino do Coração de Cristo e propõe novamente esta devoção para os tempos de hoje. “Da ferida do lado de Cristo continua a correr aquele rio que nunca se esgota, que não passa, que se oferece sempre de novo a quem quer amar. Só o seu amor tornará possível uma nova humanidade”, destaca a encíclica (cf. n. 219).

Padre Alex explica que o documento é uma atualização do carisma e da profundidade da devoção ao Coração de Jesus. “O amor de Deus ainda precisa ser amado, o amor de Deus ainda precisa ser conhecido. Então, a grande contribuição também vem numa imagem, que nós precisamos reumanizar o mundo, precisamos trazer este amor divino para a vida do povo, anunciar este amor pelo mundo. Não é só uma atualização, mas é demonstrar que mesmo 350 anos depois, o mundo ainda não conhece totalmente o coração de Jesus e ainda precisa buscar no coração de Jesus a cura para os corações feridos humanos”, afirma.

Reparação ao Coração de Jesus

Na Encíclica Dilexit nos, o Papa Francisco destacou também o sentido que se deve dar à “reparação” oferecida ao Coração de Cristo. Ele afirma que João Paulo II ofereceu uma resposta clara aos cristãos de hoje, a fim de guiá-los para um espírito de reparação mais em sintonia com o Evangelho. 

“São João Paulo II explicou que, entregando-nos em conjunto ao Coração de Cristo, ‘sobre as ruínas acumuladas pelo ódio e pela violência, poderá ser construída a civilização do amor tão desejada, o Reino do Coração de Cristo’; isto implica certamente que sejamos capazes de ‘unir o amor filial para com Deus ao amor do próximo’ (…) No meio do desastre deixado pelo mal, o Coração de Cristo quis precisar da nossa colaboração para reconstruir a bondade e a beleza”, destaca o trecho da encíclica (cf. n.181-182).

Padre Alex Baptista explica que esta devoção está ligada à necessidade de crescer no amor fraterno. “Pensar na espiritualidade do Coração de Jesus é pensar na espiritualidade de um coração entregue. O Coração de Jesus é transpassado pela lança no alto da cruz. Ou seja, Deus nos ama de modo ainda mais completo e nos ama no seu último estágio, quando dá a vida do Seu filho para a salvação do mundo. Olhar para isso e não entender que o amor de Deus se transforma numa caridade prática, num respeito pela dignidade humana, num compromisso de vivermos uma sociedade mais fraterna, mais justa, é olhar uma devoção que se afasta da realidade”, enfatiza.

O sacerdote dehoniano afirma que a devoção ao Coração de Jesus não é e nunca será uma “mera devoção piegas” ou que se fundamenta num “devocionismo emocional”, pelo contrário, é preciso aprender a “amar como Deus nos ama” e, partir disso, aprender a “agir como Deus age”.

“Isso faz com que a devoção ao Coração de Jesus chegue não só ao nosso coração, mas também na nossa razão e nos leve a tomar ações que sejam cada vez mais próprias do Coração de Deus”, indicou.

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